domingo, 12 de setembro de 2021

Moisés na escola da oração

 

Moises na escola da oração

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Em 2010, depois de participar da conferência Livres, estava dirigindo de volta pra casa, levando minha esposa e o Luan… mas naquele tempo eu não sabia andar de carro em SP. Me perdia sempre.

Acabei pegando o Rodoanel, que tinha sido inaugurado recentemente.

Dirige por uns 30 minutos… naquela estrada, escura, sem sinalização e sem retorno. Que sufoco!

Hoje em dia, o Waze tem uma narradora que se chama Alessandra. Em 2010 eu não tinha o waze mas já tinha a Alessandra… só que a minha Alessandra é mil vezes mais brava que a Ale do Waze.

Lembro-me que na ocasião, por dentro eu gritava a Deus: “Por que você não me dá um sinal, uma luz no céu para que eu saiba o que fazer?”

Gente, não seria incrível se recebêssemos um sinal no céu, toda vez que nos precisássemos tomar com uma decisão?

É interessante, porém, que nós, humanos, não pedimos a um sinal de Deus em todas as nossas decisões.

Tenho a impressão que a gente só quer um sinal de Deus no céu em certas decisões. (Geralmente nas grandes decisões)

Deus, qual universidade eu devo ir?
Com quem devo me casar?
Ou devo mudar de emprego?
Em cada caso, queremos que Deus nos mostre um sinal. Qualquer sinal serve.

Com Moisés, o grande líder dos Hebreus do Antigo Testamento, não foi diferente.

Ele queria que Deus lhe mostrasse um sinal também.

Em certa ocasião, Moisés ficou sozinho com Deus, na Tenda do Encontro, longe do resto dos hebreus, para buscar direção.

Ele queria outro sinal divino, um palpite ou uma premonição celestial.

Afinal, ao longo da sua jornada, ele testemunhou algumas demonstrações visuais bastante notáveis.

Ele viu uma sarça arder.
Um cajado que se tornou uma cobra.
Mar se abrindo ao meio.
Coluna de fogo guiando a multidão à noite.
Nuvens conduzindo de dia.
Maná, caindo do céu todas as manhãs.

Impressionante né?

Mas agora Moisés quer mais esclarecimentos.

Então ele vai pro quartinho da oração e ora, não muito diferente de nós,

“Olha, Senhor…. você me disse: ‘conduza este povo’, mas você não me disse que Coré também viria com a gente.

Olha Senhor, você me disse: ‘que me conhece pelo nome, e que se agrada de mim’.

Se realmente isso é verdade, por favor Senhor,
revela-me os teus propósitos.

por favor, Senhor ensine-me Seus caminhos,
e eu Te conhecerei e e continuarei sendo aceito por Ti.

E não se esqueça Senhor: esta nação é o Seu povo” (Ex. 33:12-13).

A oração de Moisés é muita parecida com a nossa, não é mesmo?

Desde os tempos mais antigos, somos um povo faminto por orientação. Ansiamos por direção.

Somos como os caminhantes do deserto clamando a Deus: “Mostre-me o caminho! Dê-me um sinal!
Apenas um sinalzinho, para que eu possa vê-lo.”

Então Deus oferece algo melhor do que um sinal

Esta foi a melhor coisa que Deus poderia oferecer a Moisés. Deus prometeu a Moisés sua presença.

Deus respondeu à oração de Moisés dizendo: “o sinal que eu te dou é que a Minha Presença irá com você, e eu lhe darei descanso” (Ex. 33:14).

Deus liderou pessoal e providencialmente Moisés e a nação de Israel.

Deus ofereceu algo melhor do que um sinal; ele prometeu ser o Guia deles. Ele prometeu acompanhá-los, estar com eles.

Ele não é um Deus que só vive na poltrona celestial, mas sim um Deus que escolheu descer e viver entre seu povo.

Deus não forneceria um sinal no céu; mas ofereceria sua mão a Moisés e seu povo e caminharia com eles, lado a lado, amigo com amigo.

Em nossa caminhada, podemos buscar um sinal, mas Deus fornece algo melhor – ele mesmo. Ele

O melhor sinal para um cristão vem do nosso relacionamento contínuo com Deus. Ele quer que o conheçamos.

Ser guiado por ele faz parte desse relacionamento.

Os sinais são temporários; mas o relacionamento é permanente.

Os sinais podem ser mal interpretados, ou nem serem vistos.

Mas Deus, presente em nosso coração através do Espírito Santo, quer nos guiar a cada passo da nossa jornada, não apenas nas grandes decisões.

E ele faz isso andando conosco, estando em relacionamento conosco.

Foi essa presença, esse relacionamento que Moisés experimentou.

Um dos indicadores mais reveladores da vida de Moisés é encontrado em Êxodo 33:11. ” O Senhor falava com Moisés face a face, como quem fala com seu amigo.” (Ex. 33:11a).

Este versículo fala da realidade e profundidade da comunhão entre Moisés e Deus. Moisés era amigo de Deus, não porque ele fosse perfeito, talentoso ou poderoso.

Eles eram amigos porque os amigos confiam uns nos outros, conversam uns com os outros e compartilham interesses comuns.

Moisés nunca soube para onde estava indo com Deus,

Deus nem sempre forneceu uma sinalização para orientá-lo, mas não importava.

Mas Moisés sabia com quem estava indo, e isso era tudo o que importava.

Moisés era uma pessoa real que tinha encontros reais com um Deus real.

Esse relacionamento lhe proporcionou a direção e a orientação que ele desejava

Se quisermos conhecer a vontade de Deus, devemos conhecer Deus.

Nossa orientação depende do nosso relacionamento com Deus.

Se procurarmos o Guia mais do que orientação, poderemos ver o sinal que estamos procurando.

Além disso, receberemos alguns benefícios maravilhosos. E quem aqui não gosta de um benefício.

  1. Teremos um companheiro! (Vs. 14) Êxodo 33: 14. “Eu mesmo te acompanharei”.

Independentemente da nossa condição ou circunstância, Deus está conosco.

Nossas situações não mudam Deus. É Deus que muda nossas situações!

O Deus do universo caminha conosco. Ele é nosso companheiro, nosso amigo. O mundo inteiro pode nos abandonar. Mas Deus nunca vai. Temos a palavra dele sobre isso.

  1. Vamos experimentar descanso (vs. 14)

“… e lhe darei descanso” (Ex. 33:14).

O descanso que o texto refere aqui, não é como um dia de feriados ou férias remuneradas.

Mas é uma calma e uma segurança que só vêm através da caminhada com Deus.

Lembra daquele desastre do ônibus espacial Challenger?

os principais funcionários da NASA tomaram uma péssima decisão de prosseguir com o lançamento da nave, depois de trabalhar vinte horas seguidas e dormir apenas duas a três horas na noite anterior.

A falta de descanso causou um erro que custou a vida de sete astronautas e quase anulou o programa espacial dos EUA.

O acidente industrial em Chernobyl, ummais notórios de todos os tempos – ocorreu no meio da noite com operadores estressados por fadiga.

O descanso nos dá a resistência física e emocional para fazer os julgamentos corretos.

Quando descansamos, ficamos em solitude.
É a solitude que nos dá sabedoria.
A sabedoria nos dá as ferramentas necessárias para encontrar o caminho de Deus.

O descanso é um testemunho de confiança.

Vou contar uma história:

Havia dois pássaros empoleirados no mais alto prédio de uma cidade movimentada. Lá de cima, eles observavam as pessoas ocupadas correndo de lá pra cá.

O jovem pardal perguntou ao experiente Pardal: “Por que esses humanos corram tanto de um lado para o outro?”

O Pardal mais velho respondeu, “talvez eles ainda não perceberam que têm um Pai celestial como o nosso, que se importa com eles

Um grande benefício de viver na presença de Deus é que podemos nos aconchegar perto de nosso Pai Celestial, sabendo que podemos descansar confiantes, seguros e vitoriosos.

  1. Seremos distinguíveis (vv. 15-16)

Por causa da presença de Deus, somos pessoas santas e distinguíveis.

Não somos diferentes por causa do que fazemos, mas sim por causa do que Deus faz em e através de nós.

Quando Estamos conscientes da presença de Deus; isso afeta nossa conversa, nosso comportamento e nossos pensamentos.

É pior do que ter o pastor jogando bola com você. Ninguém briga, ninguém xinga. É maravilhoso!

A presença de Deus nos faz pensar diferente, agir de forma diferente, falar diferente, amar de forma diferente e servir de maneira diferente.

Pedro apóstolo vai dizer o seguinte:

“Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês. – Bíblia” (I Pedro 1:17, HCSB).

A presença de Deus que nos acompanha nos chama a nos destacar na multidão, a sermos distintos, separados e incomuns. Ele nos chama para sermos diferentes.

  1. Seremos conhecidos (vs. 17)

“O Senhor disse a Moisés: “Farei o que me pede, porque tenho me agradado de você e o conheço pelo nome”. – Bíblia’ (Ex. 33:17).

Você consegue imaginar ser conhecido por Deus? O encontro com Deus é uma experiência íntima.

Nós o conhecemos e ele vem nos conhecer. Você consegue imaginar o significado que isso nos dá? O Criador do universo nos chamando pelo nome.

Vendo os sinais no espelho retrovisor

Talvez, você esteja triste por achar que Deus não nos fornece sinais.

Calma! Na verdade, Deus fornece sinais para nós. Mas eles não são como sinais de trânsito, sinais direcionais, ou sinais em outdoors

Eles estão lá, mas às vezes não os vemos. Quando estamos andando com Deus, quando sua presença nos acompanha, seus sinais estão ao nosso redor.

A. O sinal de sua glória (v. 18)

“Então Moisés disse: ‘Por favor, deixe-me ver sua glória'” (Ex. 33:18).

A glória de Deus é o sinal brilhante, majestoso e pesado da presença de Deus.

Michelangelo orou: “Senhor, faça-me ver sua glória em todos os lugares.”

Os Céus declaram isso. A criação testemunha isso.

A igreja incorpora isso. Os cristãos refletem isso. A glória de Deus está ao nosso redor.

Moisés veio a entender, sentir e ver a glória de Deus. Mas Moisés não viu a totalidade da glória de Deus e nem nós veremos.

B. O sinal de sua bondade (v. 19)

E o Senhor disse: “‘Farei passar toda a Minha bondade na sua frente…” (Ex. 33:19).

A palavra bondade se refere à manifestação ou essência dos atributos gloriosos de Deus, na maioria das vezes pensados como as obras de suas mãos.

A bondade de Deus é a experiência concreta do que Deus fez e está fazendo na vida do seu povo.

Moisés experimentou a bondade de Deus várias vezes, mas não testemunhou toda a bondade de Deus.

C. O sinal de sua graça (v. 19)

E o Senhor disse: “… ‘Serei gracioso com quem serei gracioso, e terei compaixão de quem tiver compaixão'” (Ex. 33:19).

A graça de Deus é seu favor imerecido, uma expressão de seu coração.

O coração de Deus é de amor e compaixão.

Muitas vezes em nossa jornada, pecamos e podemos merecer juízo, mas Deus nos concede o favor, a personificação de sua graça.

Quando Deus está nos guiando, na maioria das vezes, só veremos esses sinais depois.

É como olhar nos espelhos retrovisores de nossas vidas,

Olhamos para trás, vendo como Deus fez com que uma situação ruim cooperasse para o nosso bem.

Moisés queria ver a glória de Deus – ele queria um sinal e ele teve.

Deus disse que podemos ver os sinais o tempo todo

O Senhor diz: – minha bondade, minha graça – estão ao seu redor.

Mas se você quiser uma aparência visível – uma teofania – faça o seguinte: “Aqui está um lugar perto de Mim.

Você deve ficar na rocha, e quando a Minha glória passar, eu o colocarei na fenda da rocha e te cobrirei com a Minha mão até que eu tenha passado. Então tirarei minha mão, e você verá minhas costas, mas meu rosto não será visto” (Ex. 33:21-23).

Moisés fez o que foi instruído. Ele ficou na fenda da rocha e Deus passou. Uma aparência visível, desta vez em forma humana. Moisés o viu, não o rosto, mas as costas.

Conclusão
Nós também, quando guiados por Deus, não vemos o rosto de Deus, mas as costas dele. Por que isso? Não podemos ver o rosto dele, porque não podemos vê-lo chegando. Vemos as costas de Deus, porque vemos onde ele esteve e o que ele fez no passado.

Não antecipamos, ou adivinhamos Deus. É somente após uma longa reflexão que finalmente ficamos impressionados com o que Deus tem feito o tempo todo.

Tem sido minha experiência que Deus nem sempre aponta o caminho, mas ele lidera o caminho. Quando olho para trás, vejo essas lideranças. Espero que você também.

ORAÇÃO


Senhor, agradecemos pela verdade que acabamos de analisar. Confessamos que muitas vezes nos sentimos como Moisés. Sentimos que nossos problemas são muito grandes para nós, nossa vida é muito exigente, nossas pressões são muito grandes, nossas circunstâncias são muito complexas para resolvermos e nos ressentimos de sermos solicitados a fazê-lo. Perdoe-nos, Senhor. Conceda-nos que, a partir desta oração de Moisés e das experiências de nossas próprias vidas, também aprenderemos que você é um Deus de recursos infinitos, de incrível sabedoria, de infinita paciência e compreensão, e que você trabalha esses assuntos se apenas confiarmos. Ajude a nossa incredulidade. Oramos em nome de Jesus, Amém.


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