domingo, 10 de abril de 2022

A cruz de Jesus, o nosso pecado e a santidade de Deus!

 

Sermão: A cruz de Jesus, o nosso pecado e a santidade de Deus!

6º sermão da série “Via Dolorosa: A história da Páscoa cristã” — baseado em Mateus 27. 45-46; 50 para a Igreja Daehan | MEP // 10.04.22. por Diego Gonçalves

TEXTO BÍBLICO:

45 A partir do meio-dia, houve trevas sobre toda a terra até as três horas da tarde. 46 Por volta de três horas da tarde, Jesus clamou em alta voz, dizendo: 

— Eli, Eli, lemá sabactani? — Isso quer dizer: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” 

50 E Jesus, clamando outra vez em alta voz, entregou o espírito. 

-MATEUS 27. 45-46; 50

RESUMO:

Cristo morreu pelos nossos pecados. Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, tomou sobre si uma natureza humana e teve uma morte terrível em nosso lugar, sofrendo o que deveríamos ter sofrido, para pagar a pena pelos nossos pecados. Essa é a razão da cruz. 

CONTEXTO:

Após ser julgado no sinédrio pelos principais judeus (26. 57-68), Jesus é condenado por Pilatos no pretório romano (27. 11-26)! Antes de ir para o Gólgota, local conhecido como Lugar da Caveira (27.33), Jesus foi açoitado pelos soldados romanos de uma forma muito cruel (27.27-31). Não sabemos para onde os discípulos fugiram, exceto João que permanece junto as mulheres que seguiam Jesus Maria Madalena,  Maria mãe de Tiago e José, e Salomé esposa de Zebedeu e mãe de Tiago e João. 

INTRODUÇÃO:

A morte de Jesus Cristo foi o acontecimento mais marcante de toda a história. Séculos antes de ocorrer, ela foi predita em detalhes incríveis por vários profetas do Antigo Testamento. As Escrituras nos dizem que, durante a crucificação, o brilhante sol do meio-dia foi totalmente obscurecido até as 15 horas, mergulhando toda a terra na escuridão. 

No momento da sua morte, a cortina do templo judaico, que tinha 10 centímetros de espessura, que separava o Santo dos Santos, foi rasgada de cima a baixo por uma mão invisível. Um terremoto dividiu pedras e abriu tumbas próximas. Os santos mortos foram ressuscitados e saíram dos sepulcros, aparecendo mais tarde para o povo em Jerusalém. Três dias após sua morte Jesus ressuscitou e, durante um período de 40 dias, apareceu aos seus discípulos em várias ocasiões — em uma delas, para quinhentos de uma só vez. 

POR QUE A CRUZ?

Hoje, cerca de dois mil anos depois, a cruz é o símbolo universalmente conhecido da fé cristã. Elas estão estampadas em peças de roupas, adesivos de carro e até em peças de joalherias. Porém, na maioria dos casos, esses objetos são usados apenas pela beleza, por pessoas que não têm a mínima ideia do seu significado. Na época da morte de Cristo, no entanto, a cruz era um instrumento de incrível horror e vergonha. Era a punição mais miserável e degradante, dada apenas a escravos e pessoas de menor importância.

Se é assim, como foi possível que o Filho eterno de Deus, por quem e para quem foram criadas todas as coisas (cf. Cl 1.15-16), acabasse, em sua natureza humana, morrendo uma das mortes mais cruéis e humilhantes já inventadas pelo homem? Sabemos que a morte de Jesus na cruz não o pegou de surpresa, tanto que ele a predisse continuamente a seus discípulos (veja Lucas 18.31-33 para um exemplo). E, com sua crucificação iminente diante de si, Jesus mesmo disse: “Que direi eu? Pai, me salva desta hora? Não, pois foi precisamente com este propósito que eu vim para esta hora” (João 12.27). Jesus disse que veio para morrer. 

Mas por quê? Por que Jesus veio para morrer? Os apóstolos Paulo e Pedro nos dão a resposta em termos claros e concisos. Paulo escreveu: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras”; e Pedro apontou: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus” (1 Coríntios 15.3; 1 Pedro 3.18). 

Cristo morreu pelos nossos pecados. Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, tomou sobre si uma natureza humana e teve uma morte terrível em nosso lugar, sofrendo o que deveríamos ter sofrido, para pagar a pena pelos nossos pecados. Essa é a razão da cruz. 

O PECADO DE ADÃO

Nunca entenderemos a cruz se não começarmos a compreender algo da natureza e da profundidade do nosso pecado. E, para entender isso, temos de percorrer todo o caminho de volta até o Jardim do Éden. 

Ao colocar Adão e Eva no jardim, Deus impôs uma proibição simples sobre eles: não deveriam comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Não havia nada intrinsicamente mal naquela árvore. Deus poderia ter escolhido qualquer árvore do jardim. Nem a obediência era difícil. 

Muitos tipos de árvores do jardim eram agradáveis aos olhos e boas para comer. É difícil imaginar um teste mais fácil para Adão e Eva. Não comer do fruto proibido não envolvia nenhuma dificuldade, nenhum inconveniente, apenas simples obediência. No entanto, quando a Serpente questionou a bondade e a fidelidade de Deus, Eva cedeu e assim o fez Adão. E imediatamente começaram a pecar: Adão culpando Deus (“A mulher que tu me deste”); e Eva, a Serpente.

A queda de Adão deu origem não só à culpa, mas também à depravação ou corrupção moral. Agora, o homem que era totalmente receptivo à vontade de Deus, passou a se inclinar para o mal. Os teólogos se referem a essa persistente inclinação para o mal como o pecado original. Paulo a chamou de natureza pecaminosa (chamada de carne em algumas traduções da Bíblia). 

As consequências do pecado de Adão e Eva foram muito além do próprio banimento deles do jardim e da presença de Deus. Deus havia designado Adão como o cabeça ou representante legal de toda a raça humana. Consequentemente, sua queda trouxe culpa e depravação a todos os seus descendentes. Ou seja, todas as pessoas — exceto Jesus — nascem com uma natureza pecaminosa após Adão e Eva.

O NOSSO PECADO

A história segue ladeira abaixo a partir de Adão. Agravamos nossa condição com os nossos próprios pecados, uma vez que todos temos uma natureza pecaminosa corrupta. Pecamos todos os dias, consciente e inconscientemente, tanto de maneira voluntária quanto involuntária. Nós, crentes evangélicos, geralmente nos abstemos dos pecados mais grosseiros da sociedade; com efeito, tendemos a julgar aqueles que os praticam. Mas, sob a superfície de nossas próprias vidas, toleramos todos os tipos de pecados “refinados”, tais como o egoísmo, a cobiça, o orgulho, o ressentimento, a inveja, o ciúme, a justiça própria e o espírito crítico em relação aos outros. 

Além disso, raramente pensamos sobre as palavras de Jesus cujo maior mandamento é: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. […] O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.37,39). 

Você alguma vez pensou sobre o que significa amar a Deus com todo o seu coração, alma e entendimento? Eu não acho que qualquer um de nós possa sondar plenamente a profundidade desse mandamento, mas aqui estão alguns aspectos óbvios: 

  • Seu o amor por Deus transcende todos os outros desejos (ver Êxodo 20.3);
  • Como Davi, você anseia contemplar a sua beleza e buscar comunhão com ele (ver Salmo 27.4); 
  • Você se alegra em meditar na sua Palavra e, como Jesus, você se levanta cedo para orar (ver Salmo 119.97; Marcos 1.35); 
  • Você sempre se deleita em fazer a vontade dele, independentemente de quão difícil possa ser (ver Salmo 40.8); 
  • Uma estima pela glória dele governa e motiva tudo o que você faz — seu comer e beber, seu trabalho e lazer, seu comprar e vender, sua leitura e fala — e, ouso mencionar isso, até mesmo a sua forma de dirigir (ver 1 Coríntios 10.31); 
  • Você nunca é desencorajado ou frustrado por circunstâncias adversas, porque está confiante de que Deus está trabalhando em todas as coisas para o seu bem (ver Romanos 8.28); 
  • Você reconhece a soberania de Deus em todos os acontecimentos da sua vida e, consequentemente, recebe tanto sucesso quanto fracasso da mão dele (ver 1 Samuel 2.7; Salmo 75.6-7); 
  • Você está sempre contente, porque sabe que ele nunca o deixará nem desamparará (ver Hebreus 13.5); 
  • A primeira petição na Oração do Senhor, “santificado seja o teu nome”, é a oração mais importante que você faz (ver Mateus 6.9).

Essa descrição do Grande Mandamento está obviamente incompleta, mas é suficiente para mostrar a todos nós quão lamentavelmente ineficazes somos em lhe obedecer.
Agora, veremos o que Jesus chamou de o segundo mandamento: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Entre outras coisas, isso significa: 

  • Você nutre pelo próximo o mesmo amor que tem por si mesmo; 
  • Em seu relacionamento com ele, você nunca de- monstra egoísmo, irritabilidade, mau humor ou indiferença; 
  • Você tem interesse genuíno pelo bem dele e procura promover seus interesses, sua honra e bem-estar; 
  • Você nunca se sente arrogantemente superior a ele, nem fala sobre as falhas dele; 
  • Você nunca se ressente de quaisquer erros que ele cometa contra você, mas, em vez disso, está sempre pronto a perdoar;
  • Você sempre o trata da forma como gostaria que ele o tratasse; 
  • Parafraseando 1 Coríntios 13.4-5, você é sempre paciente e bondoso, nunca é invejoso ou arrogante, nunca orgulhoso ou rude, nunca egoísta. Você não se irrita facilmente e, mesmo em sua mente, não guarda mágoas de injustiças cometidas contra você.

Você consegue compreender algumas das implicações do que significa obedecer a esses dois mandamentos? A maioria de nós sequer pensa sobre eles no decorrer de um dia, muito menos almeja lhes obedecer. Em vez disso, nos contentamos em evitar grandes pecados exteriores e em realizar os deveres cristãos de costume. E, no entanto, Jesus disse que toda a Lei e os Profetas se apoiam nesses dois mandamentos. 

Mesmo com relação aos chamados pecados graves, muitas vezes recorremos a eufemismos para atenuar a sua gravidade. Para investigarmos ainda mais a fundo, precisamos perceber que a nossa natureza pecaminosa afeta e contamina tudo o que fazemos. Nossas melhores obras estão manchadas pelo pecado. Por causa disso, nossos atos de obediência estão tão distantes da perfeição, imundos pelo pecado remanescente, que são como “trapo da imundícia” (Isaías 64.6) quando comparados à justiça que a Lei de Deus requer. 

Se limitarmos nossa atenção aos pecados isolados e negligenciarmos nossa natureza pecaminosa, jamais descobriremos quão profundamente infectados pelo pecado realmente estamos. A esta altura você pode estar pensando:

“Por que dedicar tanta atenção ao pecado? Ele só me faz sentir culpado. 

A minha razão é fazer com que todos percebamos que não temos nenhum lugar para nos esconder. Em nosso relacionamento com Deus, não podemos apelar para os nossos deveres cristãos, não importa quão úteis sejam, nem para a nossa moralidade externa, por mais exemplar que seja. Em vez disso, devemos confessar juntamente com Esdras que “nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus.” (Esdras 9.6). 

Além disso, mesmo um senso penetrante e profundo de nossa pecaminosidade não capta a realidade da nossa difícil situação. Nossa necessidade não deve ser medida pelo nosso próprio senso de necessidade, mas por aquilo que Deus teve que fazer para atendê-la. Nossa situação era tão desesperadora que só a morte de seu próprio Filho, na vergonhosa e cruel cruz, foi suficiente para resolver o problema. 

Muitas pessoas erroneamente pensam que Deus somente pode perdoar nossos pecados porque é um Deus amoroso. Nada poderia estar mais distante da verdade. A cruz não só nos fala sobre o nosso pecado, mas também sobre a santidade de Deus.

A SANTIDADE DE DEUS

Quando refletimos sobre a santidade de Deus, significa, entre outras coisas, que ele é eternamente separado de qualquer grau de pecado. Ele próprio não peca e não é capaz de tolerar ou aceitar o pecado em suas criaturas morais. Ele não é como o conhecido avô complacente que dá uma piscada de olhos ou ignora a desobediência travessa de seu neto. 

Em vez disso, as Escrituras nos ensinam que a santidade de Deus responde ao pecado com ódio imutável e eterno. Falando claramente, Deus odeia o pecado. O salmista disse: “Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade” e “Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias” (Salmo 5.5; 7.11, respectivamente). 

Assim, vemos que Deus sempre odeia o pecado e, inevitavelmente, expressa a sua ira contra ele. A cruz é, então, uma expressão da ira de Deus para com o pecado, bem como de seu amor por nós, tendo enviado seu Filho para sofrer a punição que tão justamente mereceríamos. Ela expressa a santidade de Deus em sua determinação para punir o pecado, mesmo à custa de seu Filho. 

Assim, em resposta à pergunta “Por que a cruz?”, devemos dizer que a santidade de Deus a exigiu como punição por nossos pecados, e o amor de Deus a providenciou para nos salvar deles. Não podemos começar a entender o verdadeiro significado da cruz, se não entendermos, pelo menos, o básico sobre a santidade de Deus e a profundidade do nosso pecado. 

E é a sensação contínua da imperfeição da nossa obediência que, decorrente da constante presença e poder do pecado remanescente, habita em nós e nos impulsiona cada vez mais como crentes a uma absoluta dependência da graça de Deus dada a nós por meio de seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. 

À medida que consideramos a obra de Cristo por nós, precisamos ter em mente que o nosso pecado requereu isso. Pois, é somente contra o pano de fundo sombrio da nossa pecaminosidade que podemos ver a glória da cruz resplandecer em todo seu brilho e esplendor. E, conforme contemplamos a glória da cruz, descobriremos também que Cristo, em sua grande obra por nós, não apenas resolveu o problema do pecado, mas ainda nos garantiu as “insondáveis riquezas” do seu amor.

APLICAÇÃO: 

1. Leia Romanos 5.12-14. Como o pecado de Adão afetou você?
2. Leia Romanos 5.15-19. Como a morte de Cristo pagou pelo seu pecado? 

Deus te abençoe, 

Diego jondo

REFERÊNCIAS:

– O Comentário de Mateus, D.A. Carson

– O Evangelho para a Vida Real, Jerry Bridges


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