sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Davi na Escola da Oração

 

Davi na Escola da Oração

SERMÃO PARA SÉRIE: COM JESUS NA ESCOLA DA ORAÇÃO

escrito em 15 de outubro de 2021

TEXTO BÍBLICO: SALMO 32. 1-5

Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. 2. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. 3. Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. 4. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. 5. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado. (PAUSA)

-SALMO 32. 1-5, ARA

ORAÇÃO: “Senhor, obrigado pela Tua Palavra disponível aqui pra nós. Que teu Espírito Santo Ilumine nosso entendimento e compreensão para para aplicá-la em nossa vida. Amém!”

INTRODUÇÃO:

Calvino estava cheio de razão quando declarou que: “os Salmos são o espelho da alma”. De fato, encontramos nesse livro a nossa radiografia espiritual, pessoal e coletiva. Lendo-os, identificamos nossos estados de ânimo, como: desespero e alegria; medo e confiança; luto e dança; vontade de vingança e  desejo de perdão; interioridade e fascinação pela imensidão do céu estrelado. Essa é uma lista ampla mas ela não para aqui…

João Calvino continua dizendo: “não há um sentimento sequer presente no ser humano que não esteja aqui representado”. Para Ele: “o Espírito Santo colocou (neste livro) todas as dores, todas as tristezas, todos os temores, todas as dúvidas, todas as esperanças, todas as preocupações, todas as perplexidades e até as emoções mais confusas que habitualmente agitam o espírito humano”. Pelo fato de revelarem nossa autobiografia espiritual, os salmos representam a palavra do ser humano a  Deus e, ao mesmo tempo, a palavra de Deus ao ser humano.

ILUSTRAÇÃO: Conta-se a história de um judeu, cercado de filhos, empurrado para as câmaras de gás em Auschwitz. Ele sabia que caminhava para o extermínio. Mesmo assim, ia recitando alto o salmo 23: “O Senhor é meu pastor…Ainda que eu ande pela sombra do vale da morte, nenhum mal temerei, porque Tu estás comigo”.

Como podemos ver, os Salmos sempre serviram como  livro de consolação e fonte secreta de sentido, especialmente quando irrompe na humanidade o desamparo, a perseguição, a injustiça e a ameaça de morte. Essa é uma das maiores características do Salmos: nos lembrar do consolo de Deus até mesmo nos momentos mais angustiantes da nossa história.

Pelos relatos bíblicos, estimamos que levou 700 anos para este livro ficar assim, do jeitinho que a gente conhece. E há muito tempo, milhões e milhões de pessoas, judeus, cristãos e religiosos de todas as tradições, dia a dia, recitam, cantam e proclamam os salmos. Dignos de serem rezados*, cabe dizer que muita gente se apropria dos salmos ao fazerem suas orações ou aprenderem a como orar. Pois, os Salmos constituem uma das formas mais sublimes de oração que a humanidade já produziu. *(De maneira simples, poderíamos dizer que orar é fazer oração de maneira espontânea, e rezar seria recitar alguma oração já existente e oficial.)

Dentre os 150 salmos do Saltério (nome do hinário que se atribui ao Salmos), 73 foram escritos, influenciados ou até patrocinados por Davi. Eles estão classificados em diferentes tipos de categoria, cada um de acordo com a sua característica literária. O Salmo 32, por exemplo, pode ser classificado como um Salmo de Lamento.

Por falar em lamento, é dito na biografia de Agostinho de Hypona que este Salmo 32 está na sua lista de preferidos. Dizem que ele costumava lê-lo com lágrimas nos olhos, e que antes de sua morte, ele o escreveu na parede ao lado de seu leito de enfermidade, para que pudesse se exercitar em oração e encontrar ali, um conforto para sua alma. Logo abaixo do salmo, ele escreveu: “A primeira inteligência que você deve saber é que você é um pecador”.

Agora, Calvino e Agostinho não foram os únicos que desfrutavam do livro do Salmos. Lemos no Novo Testamento que Paulo, o apóstolo, apreciava a leitura dos Salmos e, com frequência, citava-o em seus escritos. Ao perceber isso, Agostinho, que foi um grande estudioso dos escritos paulinos, fez a comparação do Salmo 32 com Romanos 4.7-8. Para ele, a citação de Paulo do Salmo 32: 1-2 nesse trecho de Romanos, concentra-se no dom divino da graça (e do perdão) com base na fé somente.

Agora, uma coisa importante a ressaltar é que Davi, Paulo e St. Agostinho tinham algo em comum: Eles receberem a benção da alegria de serem perdoados. De fato, eles foram alvos da graça de Deus.

DESENVOLVIMENTO:

Agora que introduzimos o assunto, vamos olhar para o nosso texto com mais profundidade.

Em primeiro lugar, nos chama a atenção o fato de Davi usar três termos para a sua pecaminosidade: “iniquidade… pecado … transgressão” (vv. 1-5). Atentamos para as devidas distinções:

O termo “iniquidade” enfoca algo mau, pervertido, desrespeitoso a Deus. Isto também significa “culpa” (v. 5). Já o termo “pecado” implica em errar o alvo; Provoca um desvio do caminho correto de obediência. Agora, o termo “transgressão” enfatiza a rebelião de um indivíduo contra a lei de Deus.

Assim, estes três termos são empregados intencionalmente para enfatizar o conceito de pecaminosidade e culpa. Mas eles não têm a intenção de identificar pecados específicos de cada uma das três categorias diferentes. O salmista parece estar abordando o tema do pecado de forma abrangente. Neste sentido, nenhum pecado, de qualquer natureza, é excluído desta apresentação de confissão.

APLICAÇÃO: Baseado na abordagem do salmista, surge nos uma pergunta: O que você faz com seu pecado?

A. Se arrepende rapidamente
B. Confessa somente para Deus
C. Procura seu líder / pastor
D. Não sente mais nada

OBS: a resposta “A” seguida de “B” são mais satisfatórias que a “C” somente. Entretanto, se você não tem orado muito ultimamente, então, pode ser que sua resposta seja a alternativa “D”.
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ILUSTRAÇÃO: Conta-se a história de um menino que ganhou um estilingue no aniversário dele. Ele gostava muito de brincar e praticava tiro ao alvo todos os dias visando diferentes objetos. Durante as férias, ele e sua irmã foram passar um tempo na casa da avó e, um dia, ele estava no quintal dela, espionando o pato de estimação de sua avó. Por impulso, ele tirou seu estilingue, mirou e bateu no pato com uma pedra. O pato morreu! O menino matou o pato! Então, ele ficou em pânico. O que ele deveria fazer? Este era o pato de estimação da avó. Ela ficaria muito triste e aborrecida.

No calor das emoções, o menino decidiu esconder o pássaro debaixo de uma pilha de madeira. Mas, quando ele olhou para cima, viu que a sua irmã estava na janela vendo tudo o que ele havia feito.

Depois do almoço naquele dia, a vovó chamou a menina para ajudar com os pratos. E a menina disse: “O vó, o João me disse que quer te ajudar na cozinha hoje. –, João? ” -Então ela se inclinou e sussurrou para ele: “Lembre-se do pato!” -João teve de lavar toda a louça daquele dia. Que outra escolha ele poderia ter?

Durante aquelas férias, o João lavou muitos pratos. Mesmo depois de acabarem as férias, a irmã do João, vez em quando, chantageava-o sussurrando: -“Lembre-se do pato!”

APLICAÇÃO:
Você já se sentiu culpado? Você já se encontrou sentado em algum lugar, de pé no chuveiro, deitado na cama, ou dirigindo pela estrada e de repente se lembrou de algo que havia dito que não era pra ter dito? Ou de algo que você fez que não deveria ter feito? Ou algo que você pensou que se alguém soubesse que você tinha pensado lhe traria a maior vergonha?

Você já se sentiu assim? Eu também. Creio que em algum lugar ao longo da linha… todos nós temos a sensação de que “matamos o pato”. E quando nos lembramos daquele incidente que dissemos, pensamos ou fizemos, nos odiamos por isso.

Como você bem sabe – a Bíblia nos diz que Satanás adora usar esses tipos de coisas contra nós. Apocalipse 12:10 nos diz que Satanás é “acusador dos irmãos…” Ele não tem remorso nenhum em nos fazer sentir culpados… até porque, com toda certeza, somos culpados. Como bem diz Romanos 3:23 diz: “… todos pecamos e carecemos da glória de Deus.” Neste sentido, Billy Graham observou uma vez que – onde quer que ele fosse – ele via um sentimento universal de culpa. Entretanto, naquelas pessoas cuja culpa ainda não foi resolvida, notava-se que elas ficavam adoecidas mais facilmente. Aparentemente, há uma alta porcentagem de doenças que as pessoas sofrem como resultado direto da culpa com a qual elas nunca conseguiram lidar.

ILUSTRAÇÃO: Nesse viés, um famoso psiquiatra chamado Karl Menninger (que escreveu o livro “O pecado de nossa época”) disse que, se pudesse convencer seus pacientes internados em hospitais psiquiátricos de que seus pecados seriam perdoados -e consecutivamente, suas culpas removidas-, então, 75% deles poderiam ter alta hospitalar no dia seguinte.

Outrossim, a culpa não resolvida adoece o nosso corpo. Davi descreveu esses sentimentos da seguinte maneira: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. 4. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio; (ou parafraseando: -a minha força foi secada tal como uma planta murcha no calor do verão).” (Salmo 32:3-4). A culpa não resolvida de Davi fazia-o adoecer e sofrer fisicamente. Ele disse que seus ossos estavam envelhecendo, como se um grande peso estivesse sobre ele; como se sua força estivesse desaparecendo totalmente.

Mas por que Davi se sentiria assim? E Por que NÓS nos sentiríamos assim?

ILUSTRAÇÃO: Cientistas comportamentais chamam isso de “dissonância cognitiva”. Dissonância Cognitiva é o conflito dentro da nossa mente quando acreditamos em uma coisa, mas agimos de uma maneira totalmente diferente.

O ser humano entra em conflito quando age de uma maneira que a sua consciência sabe que está errada. Assim, PENSAR de uma forma e AGIR de outra, pode ser um caso de dissonância cognitiva. E de acordo com tais cientistas do comportamento, este distúrbio se manifesta como uma sensação de mal-estar ou falta de paz.

De forma simples, para que alguém possa se livrar desse distúrbio, existem duas coisas que podem ser feitas:

Mudar o que FAZEMOS para que isso se encaixe na forma como PENSAMOS. E mudar a forma como PENSAMOS para que isso se encaixa na forma que FAZEMOS.

O caminho mais lógico para conseguir isso, segundo a Bíblia, é nos arrependermos. Mudando o que FAZEMOS e PENSAMOS no intuito de agradar a Deus. Ocorre porém que, para se arrepender, você precisa enfrentar outro tipo de “dissonância cognitiva”: Você precisa admitir que estava errado. Infelizmente, muita gente não gosta de fazer isso. Pois, a maioria das pessoas tem alguma dificuldade em admitir seus erros. Por isso, ao serem confrontadas com essa escolha, muitas pessoas tentarão QUALQUER COISA para evitar enfrentar sua culpa.

ILUSTRAÇÃO: Os políticos são muito habilidosos nisso. Eles tem muita dificuldade em admitir seus erros. Quando eles fazem coisas erradas, muitas vezes seguem esta linha de pensamento:

  1. Não seja pego.
  2. Mas se você for pego… negue. E continue negando. Então depois disso, você nega outra vez.
  3. Depois você fala assim: “Não tem ninguém neste país mais honesto do que eu”
  4. Se mesmo assim, continuarem te acusando você diz: Aí você assume meia culpa: “Eu errei, mas vejam as outras coisas boas que eu fiz”
  5. Então, por fim, transfira a culpa. “Olha aquele outro que não faz nada. Só rouba”

Essa é uma tática usada pelos políticos. Mas eles não são os únicos. Muita gente por aí, faz a mesma coisa! “Sim, eu errei, mas NÃO A CULPA NÃO É MINHA”

ILUSTRAÇÃO: Na verdade, a mensagem mundana é a seguinte: Você errou! Mas você não deveria se sentir culpado. Isso acontece! Isso é normal! Na verdade, você só sente culpa porque seus pais fizeram você se sentir culpado. Foi porque eles falaram que “você fez uma coisa ruim”. Ou então, “você tem sido um/a menino/a mau”. E se seus pais fizeram isso com você porque os pais deles fizeram isso com eles. E assim por diante, e assim por diante, num ciclo sem fim. Então, se não fosse por seus pais (e avós e bisavós,), você não se sentiria culpado.

Agora, em contraste disso, o pensamento cristão nos diz que culpa é uma COISA BOA.

ILUSTRAÇÃO: “Se você mentir, pegar algo que não é seu ou tratar alguém injustamente, você vai se sentir sentir péssimo/a com isso. Você não vai conseguir nem dormir. Isso é ruim. Mas ainda sim, é bom! Porque na verdade, seria terrível se você fizesse algo horrível com outra pessoa e não tivesse nenhuma reação dolorosa sequer.

Em linhas gerais, a culpa, então, é uma coisa boa. É como a luz do motor do carro que fica piscando pra te avisar que algo precisa de atenção. Inicialmente, você até consegue ignorar, mas se manter assim por muito tempo, sua vida vai quebrar. Agora, se você não ignorar essa luz que está piscando dentro do seu peito, então você pode recuperar a sua humanidade e receber a benção da alegria do perdão.”

Caminhando para o fim, gostaria de dizer que Deus nos criou com uma consciência. Deus nos projetou para perceber quando pecamos/erramos/falhamos/quando ficamos aquém do esperado.

O que Davi descobriu, está decifrado pra nós, hoje aqui: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio”

Você não pode tentar ignorar seus pecados e esperar que eles se resolvam sozinhos. Então… o que você vai fazer? Como você pode se livrar da culpa?

Bom… que tal confessando todos eles a Deus? Provérbios 28:13 nos diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (ARA).

Davi sabia dessa verdade: Ele disse: (Salmo 32:5) “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (ARA)

ILUSTRAÇÃO: Houve um estudo muito interessante feito em 2014 por pesquisadores nos EUA e em Israel que envolveu mais de 4.000 pessoas que confessaram as coisas que as deixavam culpadas / envergonhadas. Os pesquisadores descobriram que aqueles que confessaram apenas uma parte do que haviam feito de errado se sentiram piores do que aqueles que fizeram uma confissão completa de sua culpa.

A Universidade de Harvard resumiu esta pesquisa da seguinte maneira: “A confissão é uma maneira poderosa de aliviar a culpa, mas só funciona se você disser toda a verdade.” Parte do que esse estudo provou foi o seguinte: a confissão completa funciona tanto para cristãos quanto para não cristãos. Funciona porque Deus prometeu que funcionaria.

CONCLUSÃO:

Você se lembra da história do pequeno Joãozinho que contei no início? Bom, eu tenho a segunda parte dela aqui: Vocês querem saber?

Depois de um tempo, sofrendo de culpa, João começou a se desgastar. Ele começou a ficar meio perturbado ao pensar que sua avó poderia descobrir a verdade por outros meios (pela sua irmã). A sua culpa o atormentava dia e noite, por muito tempo.

Então, um ano depois, a primeira coisa que Joãozinho fez em suas novas férias foi confessar a sua avó de ter matado o pato acidentalmente.

Daí, sua avó respondeu: -”Eu sei, Joãozinho”, disse a avó dele. “Naquele dia, eu também estava na janela vendo tudo. Por te amar, eu te perdoei. Mas eu me perguntava todo dia: por quanto tempo você deixaria sua irmã fazer de você um escravo?”

A culpa havia escravizado o Joãozinho. Mas ao confessa-la, isso o libertou. Essa é a promessa que Deus fez aos cristãos. Em 1 João 1:9 Deus nos diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (ARA). Confesse os seus pecados. Traga todos eles aos pés de Jesus. Tenho absoluta certeza que Deus vai lançar todos eles nas profundezas do mar do esquecimento.

Como eu disse antes – a confissão funciona tanto para cristãos quanto para não cristãos. Mas temos uma vantagem adicional. Considerando que o NÃO-cristão pode encontrar alívio temporário de sua culpa pela confissão, obtemos alívio PERMANENTE pelo sangue de Jesus.


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