domingo, 25 de abril de 2021

UM NOVO MANDAMENTO

 

UM NOVO MANDAMENTO

O texto sobre o qual queremos meditar nessa manhã,
Se encontra no
Evangelho segundo João, capítulo 13 versículos 34 à 35.

Diz assim:

  1. “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros.
    Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. 35. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.

ORAÇÃO:

Uma das partes mais significativas do nosso texto é sua localização.

Dentro do contexto literário da nossa passagem,
encontramos os seguintes eventos:

  1. Era véspera da crucificação de Jesus. (Quinta-feira santa)
  2. Nesse dia, Jesus celebra a ceia com os seus discípulos.
  3. Em seguida, Ele lava os pés dos Seus discípulos.
  4. Logo depois, Jesus prediz aquele que esta prestes a traí-lo (13.11) “Mergulha o pedaço de pão e da a Judas Iscariotes”

Após esses eventos, a Bíblia relata que satanás entra em Judas. Então ele sai para fazer seu trabalho sujo, e o narrador acrescenta o vs. 30
“e era noite”

Bom, de fato, escureceu em todos os sentidos. As coisas estavam prestes a ficar muito tensas.

Neste momento sombrio da história,

“Quando o Judas Iscariotes saiu, não vemos Jesus dizer:

“Esse Judas é muito mal e terríveis serão as conseqüências do seu pecado”. Não, Jesus não diz isso,

Ao contrário, Jesus se concentra em sua missão e prepara os seus discípulos para o que está por vir.

Então,
A partir desse momento, Jesus começa a falar da sua glorificação
e de glorificação do Pai (João 13:31-32)

———

E eu não posso passar por esse texto sem
configura-lo no contexto geral de João.

Nosso evangelista nos ensina que
a glória sempre foi inerente ao Filho, ou seja,

é algo que ele já tinha na presença de Deus
antes que o mundo fosse feito (17:5)
e que ele trouxe consigo ao mundo (1:14).

Mas, embora a glorificação fosse inerente a ele,
Ela não atingiria sua plenitude até que Jesus
tenha concluido a obra que seu Pai o enviou para fazer (7:39; 17:4)

Em todo o evangelho, a glorificação está ligada à morte,
ressurreição e ascensão de Jesus (17:1). É que somente assim,
Jesus poderia ser glorificado plenamente (12:23; 17:1).

Aqui, vemos que isso glorifica não apenas Jesus, mas também o Pai.
Pois, Deus é glorificado na morte de Jesus.
E a cruz, em vez de trazer vergonha, traz glória a Deus.

Assim, o Pai é glorificado, Porque este a quem
chamamos de Filho, e que se faz um só com Ele,
entrega livremente a sua vida aos que querem tirá-la.

Mas vale dizer que, em João,
essa glorificação do Pai e do Filho não pára com Cristo.

A capacidade de glorificar a Deus se estende aos seguidores de Cristo

(Lemos Jesus dizer em JO 15:8)” o Pai é glorificado pelo fato
de darmos muito fruto; e assim nos tornarmos discípulos de Jesus

(Lemos também em Jo 14.12-13 Jesus dizer que Aquele que nele crê fará também as obras que ele tem realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque ele esta indo para o Pai. 13. E ele fará o que vocês pedirem em seu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho.

Ou seja, O Pai é glorificado no filho,
E ao mesmo tempo é glorificado
também na comunidade de fé.
Porque nossas ações também mostram a glória de Deus.

Portanto, a traição de Judas, ao invés de acabar com Jesus,
faz com que a glória e o poder de Deus se
manifeste em Jesus, glorifique o Pai

Agora, todos verão que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
Jesus é Deus em pessoa que já existia mesmo antes da criação do mundo (Jo 1. 1).

———

Sabendo de tudo o que lhe acontecerá,
Jesus começa a proferir seu discurso de despedida.

Ele diz aos discípulos que ele não ficará muito
tempo com eles,
porque o plani para mata-lo já está consumado;

Então, a conversa continua com Pedro perguntando: “Senhor, aonde você vai?” e Jesus respondendo: “Para onde eu vou, você não pode me seguir agora, mas seguirá depois” (João 13:36).

Jesus sabia que Pedro,
um de seus discípulos mais próximos,
o negaria… Por isso o repreendeu (vs. 38)

No entanto, mesmo em tom de despedida,

Jesus não se concentra na culpa,
ou nos fracassos passados e futuros dos discípulos,
mas sim em prepará-los para o que está por vir,

prometendo que, embora ele não esteja mais
fisicamente presente com eles, eles não serão abandonados.

nos próximos capítulos,
João narra Jesus falando sobre o Parákletos,
(Aquele que defende e protege alguém; mentor; advogado; ajudador;) e este é aquele que os ensinará, aconselhará e consolará.

——————

Bom,
Agora, finalmente, chegamos ao nosso texto.

Jesus acabou de dizer em voz alta o que todos sentem:
“Meus filhinhos, já não estarei convosco por muito tempo”

Ele fala com um senso de ternura e misericórdia.

“ João 13: 34. “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. 35. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.

Este é o testamento de Jesus.

Mas se se é um “mandamento novo”. Onde está a novidade?

O lema de amar o próximo já estava presente na tradição
hebraica. (Lv. 19.17-18)

Também os filósofos gregos falavam de filantropia
e de amor a todos os seres humanos.

Pelo o que se vê,
A novidade desse mandamento está na forma própria
de amar de Jesus: Ele diz:
“Amem-se como eu vos amei”

Somente olhando para Cristo que podemos ver
o que significa amar uns aos outros como Cristo nos amou.

Este “novo mandamento” — “Amem-se como eu vos amei” —
está em paralelo com o que Jesus já disse aos seus discípulos e duas passagens:

A primeira em

“João 13: 13-15. Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. 14. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros.”

O “e a segunda em João 15:12-14:

“12. O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. 13. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. 14. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.”

Esses dois paralelos, somados ao nosso texto,
Nos ajudam a concretizar o significado de “como eu vos amei”.

Se por um lado, amar uns aos outros como Jesus amou
significa servir uns aos outros,
mesmo nas tarefas mais servis.

Por outro lado, esse amor engloba os atos corajosos
Que se estendem até o ponto de dar a sua vida por outro.

Jesus diz aos seus discípulos que é por esse tipo de amor que todos saberão que somos seus discípulos (João 13:35).

E Tudo o que Jesus nos pede é “amar como Ele nos ama”.

Não por obrigação,
Não por imposição
Não por decreto
Não por fingimento

Não com um amor falso
Que usamos para cumprir um antigo “mandamento” de amor,

Tudo isso está fadado ao fracasso.

Afinal,
Jesus não funda um clube cujos membros devem ajustar-se a uns estatutos, mas uma comunidade que experimenta Deus como amor e cada membro n’Ele se inspira, amando como Ele.

Amem-se como Cristo vos ama.

Amem-se descobrindo o Deus que é amor, e que vive dentro de nós.

Na verdade, o evangelho deste domingo está nos dizendo que, para o(a) seguidor(a) de Jesus, a primazia é a experiência de Deus.

Só depois de conhecermos intuitivamente o que Deus é em nós, poderemos descobrir os motivos do verdadeiro amor.

E consecutivamente,
Poderemos descobrir a essência de quem somos e do que fazemos.

E de que Deus sempre nos chamará para amar.

E se amarmos como Cristo,
esse amor será forte, duradouro e fiel; e por isso,
Conseguiremos nos amar como ele nos amou até o fim (13:1).

Por fim,

Você já deve ter ouvido falar de Tertuliano?
Bom, Tertuliano foi um cristão que viveu e ministrou nos primeiros anos do terceiro século d.C.

Ele está entre os grandes pais da igreja primitiva e foi, o primeiro homem a usar a palavra “Trindade” para descrever a natureza de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo.

Tertuliano viveu e escreveu em um momento em que a oposição ao cristianismo e à Igreja estava se intensificando.

Embora Tertuliano fosse um apologista, ou seja,
alguém que se dedica a definir e defender a fé cristã contra seus críticos,

ele percebeu que
não era o argumento teológico ou filosófico particular que
persuadia os não-cristãos a conhecerem a verdade sobre Jesus.

Pelo contrário,

Era o amor,
aparentemente inexplicável,
que os cristãos tinham uns pelo outros que
Que cativava os não-cristãos.

Em uma declaração memorável por volta do ano 200 d.C,
Tertuliano menciona que os ateus falavam as seguintes palavras sobre os cristãos:

“Vejam como eles amam uns aos outros…
vejam como eles estão dispostos até mesmo a morrer uns pelos outros.”

Para Tertuliano, o amor é o principal fator para fazer as pessoas acreditarem em Jesus Cristo. No mundo e na igreja! O amor é o elemento mais importante do cristianismo.

? Será que, Quando olhamos para Tertuliano,
podemos dizer, honestamente, a mesma coisa hoje?

Será que o nosso amor mutuo
Está fazendo efeito no mundo não cristão de hoje,
como nos tempos de Tertuliano e nos tempos dos Apóstolos?

Se não está?
Porque fracassamos tão facilmente naquilo
que é a essência do Evangelho?

João Crisóstomo, que viveu cerca de 150 anos depois de Tertuliano,
reclamava dizendo: “Nada mais faz um ateu tropeçar, do que a falta de amor”.

Hoje em dia, poderíamos acrescentar algo a essa afirmação:

Nada mais faz um ateu e um cristão tropeçarem, do que a falta de amor”.

Sabe,
Quando o nosso amor mútuo não é demonstrado, então, todo a nossa defesa pelo evangelho se perde.

Que o amor de Deus, exposto e experimentado no evangelho, nos mova a amar uns aos outros, para o nosso bem corporativo, para a glória de Deus.

Oração:

Em que circunstância da vida você se revela como pessoa amável?

Jesus nos ajuda a amar!

Se por um lado, a promessa de Jesus em Mateus é mais conhecida – “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou lá no meio deles” (Mateus 18:20),

Por outro lado, em João, a promessa é feita de forma mais rica – “Se alguém me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada. – João 14:23.

——x——-x

Muitas vezes, observamos que o Evangelho de João se concentra no amor mútuo apenas dentro da comunidade de discípulos e não fala de amor por aqueles que estão de fora, ou do “ame os seus inimigos”

É verdade que Jesus ordena que seus discípulos se amem.

No entanto, João também declara o amor de Deus pelo mundo (cf. João 3:16), que certamente inclui aqueles que estão fora da comunidade da fé.

Jesus demonstra a profundidade do amor de Deus por este mundo muitas vezes hostil em sua morte na cruz.

Aqui no capítulo 13, Jesus demonstra seu amor pelos mesmos discípulos que falharão miseravelmente com ele.

Jesus lava os pés e alimenta Judas que o trairá,

Pedro que o negará

Todos os outros discípulos deixarão de ficar ao seu lado na hora de sua maior angústia.

O amor que Jesus, certamente, demonstra que não se baseia no mérito de que o recebe,

Jesus ordena que seus discípulos amem os outros da mesma maneira.

Nós, discípulos de Jesus, temos ficado continuamente aquém do nosso amor uns pelos outros,

bem como do nosso amor por aqueles que estão fora da comunidade de fé.

Argumentos teológicos, éticos e filosóficos muitas vezes, nesta era, descem para ataques pessoais e xingamentos;

interesses pessoais muitas vezes superam o bem comum da comunidade;

aqueles que precisam de compaixão encontram julgamento.

Jesus não poderia ser mais claro:

Não é por nossa correção teológica, nem por nossa pureza moral,

nem por nosso impressionante conhecimento que todos saberão que somos seus discípulos.

É simplesmente por nossos atos amorosos

— atos de serviço e sacrifício,

atos que apontam para o amor de Deus pelo mundo dado a conhecer em Jesus Cristo.


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