domingo, 27 de março de 2022

A terrível ironia dos juízes que serão julgados.

 

4º sermão da série “Via Dolorosa: A história da Páscoa cristã” — baseado em Mateus 26. 67–68; para a Igreja Daehan | MEP // 27.03.22.

67 Então alguns cuspiram no rosto de Jesus e bateram nele. E outros o esbofeteavam, dizendo: 68 — Profetize para nós, ó Cristo! Quem foi que bateu em você? 

 Mateus 26. 67-68, NAA

INTRODUÇÃO

Você já foi tratado injustamente ou acusado de algo que não fez? Tente-se lembrar!

Não há nada mais ofensivo para nós do que sermos maltratados ou acusados injustamente. 

Todos nós queremos ser tratados de forma justa, e quando alguém nos acusa por um erro que não cometemos ficamos muitos frustrados, nos fechamos e nos armamos de respostas ríspidas. Tais como essas:  

“Como você pode me tratar dessa maneira? Como você se atreve a me acusar disso? Como você ousa a pensar que eu faria isso?”. 

Se você já passou por esse tipo de situação, então, você vai concordar comigo que isso é muito desagradável, afinal ninguém gosta de ser injustiçado.

Agora, se por causa dessas coisas você tem carregado mágoas, ou até quem sabe você esteja enfrentando essa situação por esses dias; 

Bom, se é o caso, então, peço que você olhe pra Jesus nesta manhã. Olhe para o Senhor, pois Ele sabe como é ser maltratado e julgado injustamente. 

E sobre isso é o que fala o nosso texto, hoje. 

A passagem diante de nós descreve em detalhes o julgamento de Jesus Cristo perante a Suprema Corte Judaica, conhecida como Sinédrio. 

Mas este não foi o único julgamento de Jesus. Na verdade, este foi o primeiro passo, no que diz respeito aos judeus, para se livrar de Jesus de Nazaré. O segundo julgamento e a efetiva condenação ocorreu diante de Pôncio Pilatos, o governador romano em exercício. 

Hoje vamos nos concentrar apenas no primeiro julgamento. Que por sinal é, de longe, o pior caso de injustiça já ocorrido em um tribunal em toda a história humana. 

Jesus, o perfeito Filho de Deus, foi sentenciado a pena de morte por Caifás, o sumo sacerdote e pelo Sinédrio.

O TEXTO

Para que possamos entender melhor o texto que lemos, vamos analisar os versículos 57 à 68, dividindo-os em três seções: Primeiro vamos analisar como se deu o falso julgamento. Em seguida, vamos olhar como Jesus reage perante o tribunal. Por fim, veremos como o verdadeiro juiz e rei, julgará com justiça.

Então, em primeiro lugar, eu gostaria que víssemos como o Juiz do universo se permitiu ser julgado por Sua própria criação, e o que Seu julgamento perante os líderes judeus tem a nos dizer hoje. 

1. UM JULGAMENTO INADEQUADO (v. 57-61)

Vamos começar falando sobre como se deu este falso julgamento.

   A. UM PROCESSO ILEGAL (v. 57-58)

No primeiro ponto, quando olhamos para os vs. 57-58, vemos que o julgamento de Jesus perante Caifás foi organizado às pressas e cheio de processos ilegais. 

Você se lembra que os líderes religiosos inicialmente planejavam prender Jesus apenas depois que a festa da Páscoa acabasse?

Pois bem, este plano foi mudado de repente, logo que Jesus anunciou sua traição na Última Ceia. 

Judas saiu em disparado para avisar Caifás. Caifás convocou uma sessão noturna do Sinédrio em sua casa, e os guardas do templo saíram para prender Jesus no jardim. Vamos ler os versículos 57-58:

57E os que prenderam Jesus o levaram à casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e os anciãos. 58Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote. E, tendo entrado, assentou-se entre os servos, para ver como aquilo ia terminar. 

— Mateus 26. 57-58, NAA

O Lugar de Sua Acusação – Segundo o relato de João 18.13, depois que Jesus é preso, Ele é levado para a casa de Anás, sogro do Sumo Sacerdote 

Então, Ele foi levado para a casa do Sumo Sacerdote, Caifás. De acordo com a história, as casas desses dois homens estavam conectadas por um pátio. Embora Caifás possa ter sido o sumo Sacerdote, Anás era o verdadeiro “chefe” em Jerusalém. 

Ele superou os negócios do Templo e foi a pessoa que supervisionou as mesas para os cambistas. Ele era um homem que odiava Jesus por razões óbvias, João 2:15-17

Eles providenciaram que o julgamento de Jesus fosse realizado em um ambiente privado para esconder o que estavam fazendo do povo.

Os Participantes de Sua Acusação – Dizem-nos que os “escribas e anciãos” já estavam reunidos. Este processo havia sido planejado com antecedência e todas as pessoas necessárias já estavam presentes quando Jesus chegou. 

O termo “escribas e anciãos” refere-se ao Sinédrio. Era composto por 71 homens, presididos pelo Sumo Sacerdote. Este seria o equivalente judaico da Suprema Corte. Jesus é preso e imediatamente acusado perante a mais alta corte da terra. 

Estes eram homens que deveriam ter feito tudo o que estava ao seu alcance para serem homens de Deus, mas em vez disso, eles estavam fazendo tudo o que estava ao seu alcance para manter os homens longe de Deus! (Isa. 53:3; João 1:11)

Agora, há tanta coisa errada acontecendo aqui que é difícil saber por onde começar. 

  • O Sinédrio foi projetado para salvar e proteger a vida e não tirá-la. No entanto, esses homens se reuniram com o único propósito de matar Jesus.
  • Este julgamento foi realizado à noite. A Lei orientava que qualquer julgamento deveria ser realizado durante o dia.
  • O acusado sempre era autorizado a chamar testemunhas em sua defesa. Jesus não teve o privilégio de chamar uma única testemunha.
  • O Sinédrio deveria apenas julgar o caso, não processá-lo. No julgamento de Jesus, eles assumiram ambos os papéis.
  • Se alguma testemunha trouxesse falso testemunho perante o tribunal, ela deveria receber a mesma punição que estava sendo solicitada para o acusado.
  • Se a pena de morte estivesse sendo solicitada, o Sinédrio era obrigado a observar um período de espera de três dias de oração e jejum antes que o julgamento fosse proferido. Jesus foi julgado, condenado e morto antes que 24 horas se passassem!
  • O Sinédrio não poderia condenar ninguém à morte por unanimidade. Um voto unânime para condenação sugeriu que o elemento de misericórdia estava faltando. No entanto, Jesus foi condenado por todos!
  • Os julgamentos deveriam ser realizados apenas dentro do Templo
  • Era ilegal subornar testemunhas para dar falso testemunho.
  • Era contra a lei forçar um prisioneiro a testemunhar contra si mesmo.
  • Era contra a lei usar a confissão de um prisioneiro.

Em resumo, o Sinédrio estava se encontrando no lugar errado, na hora errada, buscando as acusações erradas contra a pessoa errada. Por isso, o julgamento de Jesus estava cheio de processos ilegais.

Há ainda, um outro assunto que encontramos no versículo 58 

que nos diz que Pedro seguia Jesus de longe. Que ele entrou no pátio do Sinédrio pisando nas pontas dos pés e que ele sentou-se ao lado dos guardas. 

Repare numa coisa. Presta atenção nessas palavras: “Pedro o seguia de longe”

Sabe quando a gente usa a expressão: “fulano não tá num dia bom”? 

Pois é! A sequência de Pedro no capítulo 26 é devastadora. Primeiro ele se orgulha de Jesus quando caminhavam no jardim. 

Em seguida, ele vai pro Getsêmani e não consegue orar e vigiar em oração.

Então, depois, ele começa a seguir Jesus de longe. Senta-se ao lado dos inimigos de Jesus e, a partir daqui, fica a apenas um passo de distância para negar Jesus por três vezes.

Isso nos ensina que nós nunca negamos Jesus de uma só vez. 

Nós negamos Jesus em forma de escadinha.

Um pecado de orgulho não confessado. Outro pecado de não orar. Mais um pecadinho aqui. Outro errinho ali. Outra falha lá… Assim, pecado após pecado, vamos nos afastando mais de Deus. 

APLICAÇÃO: Como está sua caminhada com o Senhor hoje? Você está seguindo Jesus de perto ou está seguindo-o à distância?

Assim como já demonstramos, este não foi um julgamento justo, Jesus já tinha sido condenado antes de entrar na sala. 

Isso não era um tribunal, era uma multidão de linchamento! Esses homens estavam em busca de sangue e conseguiram!

B. FALSAS TESTEMUNHAS 

À medida que o julgamento progredia, os judeus procuraram que as pessoas testemunhassem contra Jesus. 

Eles encontraram pessoas dispostas a dar falso testemunho, mas, evidentemente, conforme lemos nos relatos paralelos, os testemunhos não eram coerentes, o que era exigido pela Lei para uma condenação, conforme indica Deuteronômio 17:6.

ILUSTRAÇÃO: É como a velha piada sobre os quatro estudantes universitários que chegaram atrasados para fazerem uma prova. Eles combinaram de dizer ao professor que o motivo tinha sido um pneu do carro que furou no caminho. O professor disse: -“tudo bem, sem problemas” e os colocou em mesas separadas ao redor da sala e aplicou-lhes um teste especial com apenas uma pergunta. A saber: “Qual pneu estava furado?”

Viu como é difícil conseguir um falso testemunho que seja coerente? É sempre muito mais fácil dizer a verdade.

B. DEPOIMENTO DISTORCIDO (v. 60-61)

Finalmente, apresentaram duas testemunhas que eram coerentes em seus depoimentos contra Jesus. Porém, o testemunho deles foi baseado em boatos. Eles distorceram as palavras reais de Jesus e o acusaram de falar contra o Templo. 

De acordo com a Lei Judaica, isso era blasfêmia e era punível com a morte, conforme Levítico 24:14-16

Ocorre porém que Jesus não estava falando sobre o Templo em Jerusalém, mas sobre Seu próprio corpo que seria pregado em uma cruz e levantado três dias depois, conforme lemos em João 2:19-21

APLICAÇÃO: Como você se sente quando as pessoas distorcem suas palavras e as usam para acusar você? Jesus sabe muito bem como é sentir isso.

APLICAÇÃO +: 

Agora, tem uma coisa aqui que é digno de nota.

Jesus poderia ter encontrado alguém que tivesse testemunhado por Ele? Que tal o homem que Ele curou em Betesda? E aquela mulher que Ele salvou quando foi pega em adultério?

E quanto ao cego que havia sido curado em Jerusalém? O que acha do testemunho de uma pequena família que morava a apenas 2 km da estrada, na qual havia um homem chamado Lázaro que havia sido ressuscitado dos mortos? 

E quanto aos milhares que Ele alimentou no deserto? Sim, milhares poderiam ter sido chamados em Sua defesa naquele dia. 

Ora, minha gente! Há pessoas que trabalham com você, estudam com você, moram com você, e até dividem o mesmo quarto de república que poderiam muito bem testemunhar sobre o poder e a identidade de Jesus. 

Jesus faz toda a diferença na sua vida e você sabe quem Ele é! 

Se isso faz sentido, então, deveria brotar no seu coração uma profunda necessidade de testemunhar o verdadeiro depoimento sobre Jesus às pessoas ao seu redor!

II. UM RÉU SILENCIOSO (v. 62-63)

A. JESUS FICA EM SILÊNCIO DIANTE DE SEUS ACUSADORES

TRANSIÇÃO: Então você deve estar se perguntando, mas Diego jondo, porque eu deveria testemunhar sobre Jesus quando ele mesmo permaneceu em silêncio perante os anciões do Sinédrio? 

Essa é uma boa pergunta: por que Jesus ficou em silêncio diante de seus acusadores? Bom, há várias razões.

Em primeiro lugar, Jesus estava cumprindo as Escrituras. 

Isaías 53. 7 diz o seguinte sobre Jesus:  “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro e, como ovelha muda diante dos seus tosquiadores, ele não abriu a boca. 

—Isaías 53. 7, NAA

E em segundo lugar, Jesus escolheu não se defender, porque estava de olho na cruz. 

Hoje, quando uma pessoa permanece em silêncio no tribunal, geralmente é porque ela não quer se incriminar. 

Eles defendem a Quinta Emenda dizendo: “Eu me recuso a responder com o argumento de que isso pode me incriminar”. 

Mas esse não foi o caso de Jesus. O Filho de Deus sem pecado ficou em silêncio diante de seus acusadores porque morrer na cruz, era a sua missão. 

B. O TESTEMUNHO DO SALVADOR – (v. 62-63) 

Quando pressionado pelo Sumo Sacerdote a responder às alegações, Jesus permaneceu em silêncio, como Isaías havia profetizado que faria, em Isaías 53.7. 

No entanto, quando o Sumo Sacerdote disse: “Eu exijo que nos diga, tendo o Deus vivo por testemunha”, isso colocou Jesus sob juramento e O obrigou a responder. 

Não havia juramento maior no tribunal judaico do que jurar pelo Deus vivo. 

Este é o auge do confronto entre os dois sumos sacerdotes. Caifás coloca Jesus sob juramento, e agora Jesus deve responder com sinceridade à pergunta que lhe foi feita: “Você é o Cristo, o Filho de Deus?”

E que resposta bonita que ele deu! 

III. O grande juiz e rei (64-68)

A partir daqui vemos Jesus revelar seu segredo messiânico aos líderes religiosos.

   A. Jesus confessa sua verdadeira identidade e glória futura (64)

Em resposta à pergunta de Caifás, Jesus confessa sua verdadeira identidade e sua glória futura. Vamos ler o versículo 64:

64— É o senhor mesmo quem está dizendo isso. Mas eu lhes digo que, desde agora, vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu. 

—Mateus 26. 64

Lembra que ao longo dos evangelhos, Jesus manteve sua identidade em segredo, exceto daqueles mais próximos a ele. 

Chegou até dizer, uma e outra vez, avisos rigorosos às pessoas para não dizerem quem ele é. Mas agora o segredo está revelado. 

Chegou a hora de Jesus declarar livremente sua identidade: “Sim, eu sou o Cristo, o Filho de Deus”

Corajosamente Jesus proclama Sua identidade como o Filho de Deus. Além disso, Ele proclamou Sua Própria ressurreição, sua própria exaltação e o seu retorno para governar e reinar na terra.

APLICAÇÃO

Imagine essa cena. Jesus teve um dia longo. Pregou, ensinou, depois ceiou, orou, foi traído, foi preso, caluniado e abandonado. Provavelmente, seu lado humano estava cansado de ficar acordado a noite toda. Violentado emocional e fisicamente, Ele parecia totalmente impotente diante daquele Tribunal. Afinal, Ele mal abria a sua boca. 

No entanto, Quando Ele decide falar, fala sobre estar em um trono! Fala sobre Sua própria glória. Assume sua identidade como o Filho de Deus e afirma que chegará um dia em que Ele governará o mundo! Ual!

Essas alegações devem ter soado ridículas para aqueles que as ouviram, e ainda assim eram 100% verdadeiras! 

Gente, não se enganem! As alegações de Jesus de ser o único caminho para Deus podem parecer tolas para os ouvidos modernos, João 14:6

mas isso não muda o fato de que ele é Quem Ele diz que é e Ele é a única maneira pela qual alguém nesta sala, ou no mundo, verá ou jamais verá Deus.)

   B. Tragicamente, o tribunal acusa Jesus de blasfêmia (65-66)

Quando o Sumo Sacerdote ouviu as palavras de Jesus, ele teve o que queria! 

Ele tinha acabado de ouvir a verdade, mas rejeitou a verdade como blasfêmia! 

Pra falar a verdade, ele fez um show para aqueles que estavam presentes. 

Caifás rasga suas vestes, declara Jesus culpado de blasfêmia e pede um voto! 

A tragédia neste julgamento reside no fato de que a criatura tem a audácia de julgar e condenar seu Criador!

NOTA

O que Caifás faz ao rasgar suas vestes é digno de nota. 

Conforme Levítico 21:10, um Sumo Sacerdote era proibido de rasgar as suas vestes.

Quando um Sumo Sacerdote rasgava Suas vestes ele se desqualificava do seu cargo! 

Repare no que tá acontecendo aqui! 

O inferior estava renunciando o seu posto na presença do Superior!

O pretendente que era apenas um símbolo, uma sombra… se desqualifica do seu ofício diante do VERDADEIRO Sumo Sacerdote! 

Veja, Jesus estava a caminho da cruz para abolir o antigo sistema sacrificial judaico para sempre. 

Caifás não percebeu o ato que estava fazendo, mas ele foi o último Sumo Sacerdote sistema sacrificial, 

o que ele fez, aboliu o papel do sacerdote humano para sempre! 

Uma vez que Jesus morresse e ressuscitasse, Ele se tornaria para sempre o Sumo Sacerdote perfeito e eterno. 

Agora, os homens não precisam acessar Deus através de outros homens. 

Nós podemos ter acesso a DEUS através do nosso Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus, conforme 1 Tm. 2:5

Ele e somente Ele intercede por nós diante do Pai, (Cf. Hb 7:25; Rm. 8:34.)

Não tem outro jeito. Jesus Cristo é o destino final para todo homem e mulher!

NOTA:

Caifás pode ter negado Jesus quando o encontrou pela primeira vez, mas está chegando o dia do reencontro. O dia em que ele não poderá mais fugir da ira do Cordeiro! 

Naquele dia, Caifás estará diante de Jesus e será obrigado a dar conta de toda a Sua vida perante o Juiz de todos os corações. Caifás, juntamente com todos aqueles que negam Jesus, receberão um julgamento justo e uma sentença justa. 

Mas eles não serão os únicos. 

Apocalipse 20.11-15 diz que um dia, todos nós teremos de encarar o Cordeiro de Deus. 

Você está pronto para esse dia?

   C. Jesus é maltratado e abusado (67-68)

A acusação foi feita, o testemunho foi dado e o veredito foi proferido. Jesus foi declarado culpado de blasfêmia. A multidão agora desencadeia sua raiva contra Ele da maneira mais brutal.

Cuspiram Nele. Deram socos Nele. Bateram nele. Deram tapas nele. 

Estes são os religiosos, mas se preferir, pode usar os pregadores, os teólogos, os pastores, os jondores, cantores e crentes, atacando o Filho de Deus! Que cena brutal deve ter sido essa! 

Gosto de um texto do João Crisóstomo sobre esse tema. Ele diz:

“POR QUE fizeram essas coisas, se Jesus já tinha sido condenado a morte? Por que desejaram essa zombaria? Porque precisaram fazer disso um festival? Porque atacaram O inocente com prazer? Seu intuito era mostrar sua disposição assassina?

(…)

Naquela Face que o mar, quando a viu, reverenciou, da qual o sol, quando a contemplou na cruz, desviou seus raios, eles cuspiram, e a golpearam com as palmas de suas mãos, ferindo a sua cabeça;

(…)

De fato, essas coisas devemos ler continuamente, essas coisas devemos ouvir corretamente, essas coisas devemos escrever em nossa mente; pois estas são as nossas honras. 

Destas coisas me orgulho, não apenas dos milhares de mortos que Ele ressuscitou, mas também dos sofrimentos que Ele padeceu das quais Paulo nos apresenta de todas as maneiras, a cruz, a morte, os sofrimentos, os insultos, os insultos, as zombarias. (…)”

Imagine O rosto de Jesus começando a inchar enquanto ele é linchado pela multidão atiçada por aqueles que se diziam juízes da lei! 

Imagine no rosto inchado de Jesus e lembre-se, foi tudo para você! Ele fez isso porque te ama! 

Ele suportou a violência e o ódio deles e foi para a cruz para morrer por nós, para que pudéssemos ser salvos. Que amor!

Conc: Quaisquer que sejam as necessidades, Ele já as atendeu. Quaisquer que sejam os fardos, Ele é a resposta. Chegue até Ele hoje, enquanto há tempo!

APLICAÇÃO FINAL: Deixe-me compartilhar com vocês três aplicações da mensagem de hoje.

   1) Quando Jesus retornar, ele julgará o mundo inteiro com justiça (Daniel 7:9-10; João 5:22-23)

Número um: quando Jesus voltar, ele julgará o mundo inteiro com justiça. O profeta Daniel compartilhou sua visão do fim em Daniel 7:9-10:

“9 Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou. Sua roupa era branca como a neve, e os cabelos da cabeça eram como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, e as rodas do trono eram fogo ardente.10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele. Milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante dele. Foi instalada a sessão do tribunal e foram abertos os livros.”

-Daniel 7. 9-10, NAA

Haverá outro tribunal, outro dia e outro julgamento, mas desta vez o juiz julgará com justiça. Assim, todo erro será corrigido, e todo pecado deverá prestar contas.

Jesus disse em João 5:22-23: 

“22 E o Pai não julga ninguém, mas confiou todo julgamento ao Filho 23 para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” 

-João 5:22-23 

Jesus foi submetido a um julgamento anunciado com falsas testemunhas, testemunho distorcido e um resultado predeterminado. Ele foi maltratado e acusado de blasfêmia, apesar de falar a verdade. 

Jesus foi julgado injustamente, mas quando retornar, julgará o mundo inteiro com justiça.

   2) Quando Jesus nos julgar, ficaremos em silêncio diante dele (Romanos 3:19)

Número dois: quando Jesus nos julgar, ficaremos em silêncio diante dele. Romanos 3:19 diz: 

“Ora, sabemos que tudo o que a lei diz é dito aos que vivem sob a lei, para que toda boca se cale, e todo o mundo seja culpável diante de Deus.” 

-Romanos 3:19

Quando Jesus nos julgar, não haverá mais desculpas, nem autojustificações, nem álibis. 

Nossas bocas serão silenciadas diante dele, porque ele vê tudo, sabe tudo e julga com justiça. 

Jesus ficou em silêncio diante de seus acusadores porque escolheu ficar em silêncio. Quando Jesus nos julgar, ficaremos em silêncio diante dele porque não teremos outra escolha.

   3) Quando você for tratado injustamente, não retalie – confie em Deus (1 Pedro 2:21-23)

Número três: quando você for tratado injustamente, não cause retaliação – confie em Deus. Esta é a lição que a gente aprende em 1 Pedro 2:21-23:

21 Porque para isto mesmo vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando exemplo para que vocês sigam os seus passos.  22 Ele não cometeu pecado, nem foi encontrado engano em sua boca.  23 Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente

-1 Pedro 2:21-23

Quando você for tratado injustamente, tudo em você gritará por vingança. Não faça isso! Você é chamado a seguir o exemplo de Cristo. 

Quando você for tratado injustamente, não busque retaliação – confie em Deus.

Jesus foi julgado injustamente, mas julgará com justiça quando voltar. Toda boca será silenciada diante dele. 

Caifás estará lá. Pilatos estará lá. Herodes estará lá. Você e eu estaremos lá. E se você não conhece a Cristo, pagará a penalidade por seus pecados.

Mas para aqueles de vocês que estão em Cristo, o juiz é o seu amigo que deu a vida por vocês para que vocês fossem salvos no dia do julgamento. 

Amém!

Referências:

Fritz Rienecker, Comentário Esperança, Evangelho de Mateus (Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1998), 425–426.

 João Ferreira de Almeida, trans., Nova Almeida Atualizada, Edição Revista e Atualizada®, 3a edição. (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017).

John Chrysostom, “Homily LXXXV”, in The Homilies of S. John Chrysostom, Archbishop of Constantinople, on the Gospel of St. Matthew, A Library of Fathers of the Holy Catholic Church (Oxford; London: John Henry Parker; F. and J. Rivington, 1851), 1115. (Minha tradução)

domingo, 20 de março de 2022

Os melhores presentes de Deus não são coisas, mas oportunidades.


3º sermão da série “Via Dolorosa: A história da Páscoa cristã” — baseado em Mateus 26. 30–35; 46–47; 49–50; 57–58; 69–75 para a Igreja Daehan | MEP // 20.03.22.

Ouça aqui ou leia abaixo:

Leitura do texto bíblico: Mt 26.30–35; 46–47; 50; 57–58; 69–75.

30 Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. 31 Então Jesus lhes disse: “Ainda esta noite todos vocês me abandonarão. Pois está escrito: “ ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas’. 32 Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. 33 Pedro respondeu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!” 34 Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante, três vezes você me negará”. 35 Mas Pedro declarou: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo.

46 Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!” 47 Enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos Doze. Com ele estava uma grande multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo.

49 Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: “Salve, Mestre!”, e o beijou. 50 Jesus perguntou: “Amigo, o que o traz?” Então os homens se aproximaram, agarraram Jesus e o prenderam.

57 Os que prenderam Jesus o levaram a Caifás, o sumo sacerdote, em cuja casa se haviam reunido os mestres da lei e os líderes religiosos. 58 E Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote, entrou e sentou-se com os guardas, para ver o que aconteceria.

69 Pedro estava sentado no pátio, e uma criada, aproximando-se dele, disse: “Você também estava com Jesus, o galileu”. 70 Mas ele o negou diante de todos, dizendo: “Não sei do que você está falando”. 71 Depois, saiu em direção à porta, onde outra criada o viu e disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno”. 72 E ele, jurando, o negou outra vez: “Não conheço esse homem!” 73 Pouco tempo depois, os que estavam por ali chegaram a Pedro e disseram: “Certamente você é um deles! O seu modo de falar o denuncia”. 74 Aí ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço esse homem!” Imediatamente um galo cantou. 75 Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus tinha dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. E, saindo dali, chorou amargamente.

– Nova Versão Internacional (São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001), Mt 26.30–31; 33–35; 46–47; 50; 57; 69–75.

Ore!

CONTEXTO:

Pra gente entender o texto:

Na semana passada, vimos que Jesus e seus discípulos celebravam o primeiro dia da festa da Páscoa Judaica. Enquanto comiam, Jesus anuncia-lhes que será traído por um deles. Então surge uma pergunta generalizada: Por acaso, sou eu? Passado um tempo, Jesus celebra a Ceia.

(v.30) — Após fazerem isso, eles cantam um hino e saem para o Monte das Oliveiras.

Então no (v.31) a narrativa da Paixão é iluminada por uma profecia de Zacarias que estava a um passo de se cumprir. Diz assim: “Eu ferirei o pastor”.(Zc 13.7).

O que Zacarias tinha profetizado é que o próprio Deus feriria Jesus. Se fizermos uma interpretação mais profunda e da morte de Jesus oferecida na Bíblia é que Deus-Pai fez do Deus-Filho o objeto pessoal de sua própria ira. (At 2.23; cf. Rm 8.32 8). Como bem disse outro profeta: “Foi a vontade de Deus esmagá-lo e fazê-lo sofrer” (Is 53.10a, cf. v. 4). Portanto, não é de admirar que Mateus informa que Jesus estava angustiado (e até apavorado) de terror diante da perspectiva da cruz (26:36–46).

Veja bem. A angústia de Jesus no Getsêmani se dá não pelo fato dele enfrentar seus inimigos, mas em aplacar, sobre si mesmo, toda ira de Deus Pai. Assim, o pastor será ferido e suas ovelhas espalhadas; Seu pequeno rebanho ficará mais vulnerável à opressão. E isso, vai acontecer pela própria mão de Deus (cf. Zc 13:7b). Agora, um detalhe importante é que durante a dispersão das ovelhas, Zacarias profetiza sobre um fogo refinador que virá para purificá-los, tal como se refina o ouro e a prata, e a finalidade dessa purificação será com o intuito de prepará-los para as tarefas que estarão por vir.

Acontece, porém, que já no (v.33) — como tudo indica, o Pedro não gostou nada dessa idéia de Deus ferir o pastor, dispersar as ovelhas e purifica-las no fogo refinador. Destemido como sempre, o representante dos Doze, sendo o maior entre iguais, toma a palavra e diz: “ainda que todos te abandonem, Jesus, eu jamais te abandonarei”.

Mas no (v.34) Jesus lhe responde com uma profecia ainda mais pertubadora: Ele diz: “Pedro, antes que amanheça o dia, você terá me negado por três vezes”. Se Pedro fosse mais humilde, poderia ter respondido algo do tipo: “Me ajuda, Senhor. Já que é assim, então me ajuda!” Mas não é nada é disso que vemos no texto.

O que vemos no (v.35) é o Pedro, se exaltando, se orgulhando por sua possível lealdade eterna. Só que o Pedro não sabe é que quanto mais ele se orgulha, mais ele se torna vulnerável ao ataque de Satanás.

Agora, se a gente voltar alguns versículos, vemos no (v.32) algo sobre a confiança de Jesus. O Senhor sabendo de todas as coisas que sucederiam, de antemão, já lhes avisa: “Depois que eu for ressuscitado, encontrarei vocês na Galiléia.” Isso mostra pra gente que Jesus sempre viu além da Cruz. Ele estava tão certo da glória quanto do sofrimento.

Mesmo sabendo que seus discípulos fugiriam e que o abandonariam quando ele mais precisasse; pacientemente, Jesus entende a fraqueza dos seus discípulos. E nós podemos deduzir assim, porque em nenhum momento vemos Jesus condenando-os ou repreende-los. Longe disso, Jesus diz a eles que, quando esse tempo terrível passar, vai encontra-los novamente. Repara bem nisso daqui. Ainda que os discípulos estivessem no pior momento da vida deles, ainda sim, Jesus os amava.

E tal como fez com os discípulos, Jesus continua a fazer pela sua igreja —nem mesmo nossos maiores defeitos, nossos erros e falhas desleais podem transformar o amor de Jesus em amargura ou em desprezo por nós.

Continuando o texto… Depois de orar no Getsêmani (v. 36–45), acompanhado de seus três discípulos mais próximos, vemos no (v.46) que Jesus já estava ciente do sofrimento que o aguardava na cruz.

Assim, no (v.47) Judas Iscariotes entra em cena acompanhado de grande multidão. Em um dos comentários que li, estima-se que 600 pessoas vieram para capturar Jesus. No meio de toda essa gente, uma última conversa, muito rápida por sinal, aconteceu entre Jesus e Judas. No (v.49), Judas vai até a Jesus e cumprimenta-o com um beijo. Então, no (v.50) Jesus faz a pergunta crucial a Judas: “Amigo, o que o traz?”(NAA) traduziu essa pergunta como: “Amigo, o que você veio fazer?” e a (NVT) traduziu não como pergunta, mas como exclamação: “Amigo, faça de uma vez o que você veio fazer!” Então, os capangas que vieram com Judas, agarraram Jesus e o prenderam.

No (vs. 69) Mateus inicia o relato da última etapa de Jesus enfrentando o caminho da cruz, a via dolorosa, neste capítulo 26.Se voltarmos um pouquinho, no (vs. 56), veremos que depois que todos os discípulos abandonaram Jesus, dois deles se recuperaram da traição, e passaram a seguir Jesus de longe, afastados do batalhão que conduzia o Senhor à casa de Caifás (v.58). Segundo o relato no Ev. de João (18.15), João tinha alguns conhecidos naquela casa, por isso entrou sem dificuldades. Mas Pedro ficou do lado de fora. Até que João voltasse e pedisse a criada para liberar a entrada de Pedro (Jo 18.16)

No (v. 69–74) a cena volta para Pedro. Conforme Jesus mesmo lhe tinha dito, Pedro negou Jesus por três vezes, depois de ter sido pressionado fortemente. E imediatamente depois de negar pela terceira vez, Pedro ouviu o galo cantar. (v.75) E esse foi o sinal para que Pedro caísse em si.

Comentário: Tudo indica que Pedro ainda não reconhecia sua fraqueza. Não fazia idéia de quão fraco ele era. Então, quando a ficha caiu e Pedro se deu conta do que havia feito, desabou num choro profundo, com gosto amargo; um verdadeiro choro de arrependimento.

ILUSTRAÇÃO:

Quero começar a aplicação deste sermão citando um texto da psicóloga brasileira chamada Luisa Mascarenhas. O texto chama-se “A arte de recomeçar”. (vou resumir)

“Como todo mundo aqui tá cansado de saber, tudo na vida tem um começo e tudo na vida tem um fim. Mas e o tal do recomeço? Tenho a impressão de que o recomeço é um conceito meio esquisitão, você não acha? Pensa bem. Recomeçar é um começar, só que de novo. Dizem por aí que começar é só se aventurar. Mas recomeçar é bem diferente porque carrega uma emoção exclusiva. Tem uma dor envolvida porque algo se encerrou ou algo se perdeu no caminho. Envolve frustração, tristeza e luto. Por isso, carrega marcas.

Pra começar só basta olhar pra frente. Mas recomeçar é ingressar em uma viagem, segurando em uma mão o futuro e na outra a bagagem. E geralmente, a bagagem é pesada!

Começar é ver novos fatos. Recomeçar é ver uma nova perspectiva. Recomeçar é a reconstrução do olhar. É uma retomada, em outros termos, de uma história que já existiu de alguma maneira.

Todo recomeço tem em seu caminho algum grau de receio, de inquietude, de ansiedade, de angústia. Em todo recomeço há um luto e todo luto é um recomeço. Forçado na maior parte das vezes. E a pessoa se vê ali, à beira do abismo emocional. (…)

O recomeço é das coisas mais lindas que existe. Exige coragem, desejo de viver, de lutar, de reconquistar, de ser feliz. Novamente.Mas sabendo que nunca mais daquele mesmo jeito. Vai ser de outro.

O recomeço implica sempre numa chacoalhada na identidade da pessoa. Quem recomeça teve que refletir muito, repensar, reavaliar, mudar, sofrer. Porque recomeçar sempre envolve transformação e uma imensa esperança.”

COMEÇANDO A APLICAÇÃO DO TEXTO:

Baseado nesse enredo dramático, entitulei essa mensagem assim: “Os melhores presentes de Deus não são coisas, mas oportunidades!”

Acredito que aquilo que chamamos de adversidade, Deus chama de oportunidade. No texto bíblico que lemos, vemos que Pedro perdeu muitos presentes de Deus, isto é, muitas oportunidades importantes. Vejamos:

Primeiro: Pedro se gabou quando deveria ter escutado (32–35). Segundo: Pedro dormiu quando deveria ter orado (36–46). Terceiro: Pedro lutou quando deveria ter se rendido (47–56). Quarto: Pedro o seguiu quando deveria ter fugido por segurança (57–75). Quinto: Mas, quando chegou a oportunidade de se arrepender, ele chorou. (v. 75).

Notamos que Pedro perdeu algumas oportunidades de Deus porque havia se ‘embebedado’ com uma taça de orgulho.

Algumas perguntas surgem enquanto nos deparamos com esse drama!

  • Pedro havia esquecido sua própria fraqueza humana?
  • Ele se esqueceu das armadilhas que a vida pode nos lançar?
  • Por acaso ele esquecido a força das tentações do diabo?
  • Será que ele não prestou atenção no que Cristo avisou? Pedro o diabo pediu sua cabeça? Ele quer te peneirar como trigo!

Parece que Pedro tinha um problema em aplicar os mandamentos de Jesus a si mesmo.

Aplicação: Você por acaso, já se viu nesse dilema? Você já teve algum problema em aplicação os ensinamentos de Jesus em sua vida? Já negou Jesus por não defender o certo e o errado… diante de amigos, em conversas?

VAMOS APROFUNDAR MAIS UM POUQUINHO:

Nos textos bíblicos que lemos inicialmente, encontramos eventos muito significativos não apenas em Pedro, mas na vida de dois discípulos. De um lado Pedro, de outro lado Judas.

  • Vimos que o primeiro negou Jesus com uma falsa promessa,
  • o outro traiu pela mísera bagatela de trinta moedas de prata.

Mas tanto Pedro quanto Judas cometeram pecados igualmente grandes,

A única diferença entre a pecaminosidade dos dois, é esta:

O primeiro se arrependeu. O segundo não se arrependeu.

Um alcançou o perdão de Cristo e a graça de Deus fez a obra perfeita nele; o outro apenas se encheu de remorso e, por isso, a graça de Deus lhe foi rejeitada.

Em consequência disso, o primeiro se tornou um dos maiores pregadores da história; já o segundo nos enche de horror sempre que lembramos da história de seu terrível crime.

Repare numa coisa: Nomes diferentes nos afetam de forma diferente.

Quando pensamos em Pedro, a gente sempre lembra do seu entusiasmo. E ainda que seja impetuoso e teimoso, o Pedro é uma das pessoas mais legais e agradáveis que encontramos no Novo Testamento.

Você lembramos quando Jesus apareceu na vida dele? O pescador matuto, caipira e simples se tornou uma nova pessoa com novos objetivos e novas prioridades.

No entanto, pelo menos nos Evangelhos — ele nunca foi uma pessoa perfeita.

Longe disso! A história de Simão Pedro está recheada de tropeços e repleta de erros -e acho que é por isso que a gente gosta tanto dele-

Entre seus muitos tropeços, houve um erro que quase acabou com a vida dele; um fracasso do qual ele quase não se recuperou.

Pedro, por três vezes, negou a Jesus.

Mas o Pedro, conhecido como uma pedra de Rocha, foi traído pela sua própria arrogância.

Ele negou Jesus porque ainda não conhecia sua fraqueza, não tinha idéia de quão fraco ele era. Faltava-lhe humildade.

Mas Jesus lhe daria um presente! Jesus lhe daria uma grande oportunidade para rever seus conceitos.

Hoje, assim como Pedro, diante de circunstâncias difíceis, tendemos a cometer o mesmo erro? Será que por vezes não estamos tendo a mesma atitude dele?

Continue pensando nisso, enquanto eu exponho outro cidadão aqui!

Seu nome é Judas Iscariotes. Já é o terceiro domingo que ele aparece aqui no MEP.

E sejamos sinceros, quando a gente pensa no Judas a gente até estremece.

E a gente estremece porque há alguma coisa no nome desse homem miserável que prende a nossa atenção.

Há uma espécie de perplexidade em sua maldade que nos atiça.

Nos atiça no sentido de queremos saber que fim vai levar a sua história.

E ao fazermos isso, infelizmente, descobrimos que este homem perdeu a oportunidade de se redimir, perdeu a oportunidade de voltar a ser bom, a oportunidade de voltar a ser grande;

E olha que houveram oportunidades.

Durante a Ceia do Senhor, Jesus lhes anunciou: Um de vocês vai me trair.

Judas, por que você não confessou? Por que não chamou Jesus de canto?

O desgramado disfarçava tão bem que nenhuma suspeita recaiu sobre ele. Não houve nenhum dedo sequer apontando pra ele.

Todos os discípulos perguntaram: Senhor, sou eu? Mas nenhum deles lhe perguntaram: Senhor, é ele? Ou Senhor, quem é então?

A corrupção do coração de Judas era invisível a todos os olhares dos demais discípulos, entretanto, nunca foi invisível aos olhos de Cristo.

O tempo todo Jesus sabia das verdadeiras motivações do Judas.

E uma vez mais, Jesus deu a Judas a oportunidade de se redimir. Lemos no (v.50) as últimas palavras de Cristo ditas ao Iscariotes, logo após receber o beijo traiçoeiro.

As palavras de Cristo parecem ser um último apelo a seu discípulo.

Presta atenção no que Jesus diz:

Amigo! O que é que o traz? Amigo, que viestes fazer? Amigo, o que você tá fazendo?

Se de fato, minha gente, como tudo indica, o versículo 50 for uma pergunta, como traduz a NVI e NAA, então, temos aqui mais um exemplo maravilhoso do amor de Deus.

Qual exemplo? O genuíno exemplo do esforço da paciência divina para reconquistar até mesmo um traidor.

Esse exemplo que salta do texto em direção aos nossos olhos.

O exemplo vivo da luta da misericórdia contra um coração traiçoeiro e pecaminoso.

De um lado do ringue um homem domado pelo poder que seu coração tem de rejeitar o conselho de Deus contra si mesmo.

Do outro lado, o autor da compaixão cujo nenhum traço de raiva pode atingi-lo.

Ele não levanta a sua mão. Não abre sua boca para condenar. Ele apenas abre sua boca para oferecer novas oportunidades.

Por isso que Cristo é Cristo até mesmo quando é traído.

Ainda que o discípulo se esqueça do seu Mestre, Cristo não esquece do antigo vínculo que tem com seu discípulo e, portanto, continua fiel a ele. Continua oferecendo seu olhar amoroso.

E ainda que seu coração esteja ferido, Ele não se exaspera, não maltrata, não despreza não o rejeita.

Pelo contrário, age com doçura, porque ele é bom

Age com gentileza, porque é gentil.

De repente, Pedro, num impulso de coragem, pega uma faca e corta orelha de um soldado.

Jesus, mais uma vez, dá a oportunidade para Pedro, Judas e os demais discípulos verem a história pelas lentes do amor de Deus.

Jesus restaura a orelha ferida do soldado. Jesus manda guardar as armas.

Não por medo. Mas por propósito.

A ira de Deus deve ser aplacada. Jesus é o alvo da ira de Deus.

Essa gentileza de Jesus, ao se entregar voluntariamente por nós, abraça a longanimidade de Deus.

A ternura de Jesus é o retrato do próprio amor de Deus.

E a ternura de Jesus proclama sobre si mesmo: Aquele que me viu, viu o Pai!

Por isso, aquele que conhece a ternura, conhece o amor do Pai.

Minha gente, se porventura, alguma vez nesse mundo, houve alguém que pudesse ter sido excluido do amor de Deus, esse alguém é Judas.

No entanto, nem mesmo ele, o traidor de Jesus, no instante de sua traição, pôde evitar toda aquela ternura imutável que permaneceu ao seu redor.

Nem mesmo Judas, com trama, suas motivações erradas e seus beijos enganosos, pôde evitar a misericórdia divina de estender a sua mão e acenar para ele.

O que aconteceu com Judas, não acontece com a gente também? Por acaso, não é assim com todos nós, minha gente?

Quando pecamos, traímos a Cristo,

e todas as nossas traições a Cristo são pecados contra uma amizade perfeita e uma bondade invariável.

A propósito, tal como Judas, não temos nós também nos sentamos à Sua mesa, não estamos ouvido Sua sabedoria, vendo Seus milagres, tendo um lugar em Seu coração?

Mas quantos de nós pode dizer que não estamos nos afastando Dele para fazer nosso próprio prazer? Quantos de nós pode dizer que não estamos vendendo Seu doce amor por um punhado de prata?

Quem não cometeu esses pecados, que atire suas pedras ao pobre miserável que O entregou àquela cruz.

Quem dera se pudéssemos ver com os olhos espirituais.

Será que veríamos o rosto manso e triste de nosso Salvador entre nós e cada um de nossos pecados?

Será que não veríamos o aviso nos seus olhos piedosos, e ouviríamos Sua voz implorando em nossos ouvidos?

Recordando-nos das doces lembranças de Sua antiga amizade, para nos afastarmos do mal que é traição contra Ele, e fere Seu coração tanto quanto prejudica o nosso?

Agora, minha gente, lembre-se de que, quando Cristo implora e atrai, não fazer nada é se opor, e atrasar é recusar. É muito fácil arruinar sua alma

O apelo do amor de Cristo endurece onde não suaviza.

Essa voz suave levou o traidor para mais perto da beira sobre a qual ele caiu em um abismo de desespero.

Deveria tê-lo atraído para mais perto do Senhor, mas ele se afastou dele e, assim, foi trazido para mais perto da destruição. Toda súplica da graça de Cristo, seja por provérbios, ou por livros, ou por Sua própria palavra, faz algo conosco. Nunca é vão. Ou derrete ou endurece.

E ainda que, no decorrer da história, muita gente tenha se esforçado para amenizar o tamanho de sua culpa, ainda sim, até essas defesas são motivadas pelo mesmo pensamento de que uma traição, tal como a dele, é praticamente inconcebível.

E por mais que tentemos “passar pano” pro Judas, as narrativas dos Evangelhos nos obrigam a pensar em seu crime como traição deliberada.

É possível que o mesmo amor seja acreditado e recebido e se torne vida, e que o mesmo amor reconhecido e rejeitado se torne a morte.

pergunta mais natural que chega a todos aqueles que se propõem a estudar a vida de Judas é esta: “Por que ele foi escolhido?”

Pedro e Judas tiveram suas oportunidades.

a revelação da mesma graça se tornou o céu do céu para aquele que a acolheu,

e se tornou a dor do inferno para aquele que se afastou dela.

Que possamos ouvir o grande amor que nos convida e promete nos perdoar, dizendo:

embora seus pecados sejam como o escarlate, eles serão brancos como a neve; embora sejam vermelhos como o carmesim, eles serão como a lã

APLICAÇÃO FINAL:

PERGUNTA: Você já se sentiu como se precisasse de um recomeço na sua vida espiritual?

Vamos aprofundar mais um pouco….

Houve um tempo em que você entregou seu coração incondicionalmente a Cristo e seguiu nesse caminho, vivendo alegremente.

Você recebe uma boa dose de vitamina espiritual e tudo ia muito bem! Orava, adorava, estudava, evangelizava… E continuou assim por um tempo!

Mas agora, você olha para trás e percebe que você tá preso na rotina. –

Hoje, você está tão ocupado e tão preocupado com outras coisas, que simplesmente não consegue mais encontrar tempo para Deus.

E você pede ajuda do Espírito Santo; E desesperadamente você busca arranjar tempo para Deus. — mas uma vez mais, você é bombardeado com novas responsabilidades.–

Parece que a história de sua vida se tornou um ciclo interminável de gerenciamento de crises!

Você luta com esse estranho e irritante sentimento de que está em uma guerra contra o tempo e as circunstâncias.

Em contrapartida, você percebe que estagnou. Ou seja, parou de crescer espiritualmente.

Você não está onde o Senhor quer que você esteja, e você sabe disso.

Então, quer reviver a lua de mel da sua experiência. Você quer recomeçar, como se pudesse nascer de novo

– Mas não importa o quanto você tente, parece que não consegue fazer isso acontecer — pois está fora de alcance.

Você se vê de má vontade dedicando todo o seu tempo a outros propósitos e preocupações.

Você realmente não quer envolver sua mente com outras coisas, mas simplesmente não consegue se libertar.

Encare isso espiritualmente, e você vai constatar que está afundando.

Nessa hora, então, você começa a ficar assombrado por seus fracassos passados, e começa a se perguntar: será que eu to me afundando?

Como faço pra voltar ao lugar onde Jesus quer que eu esteja?

Será que eu, honestamente, assumi um compromisso total com meu Jesus?

Se sim, em que consiste este compromisso total com meu Jesus?

referências:

https://vejario.abril.com.br/coluna/luisa-mascarenhas/a-arte-de-recomecar/

Itamir Neves e John Vernon McGee, Comentário Bíblico de Mateus: Através da Bíblia, ed. Walkyria Freitas, Segunda edição., Série Através da Bíblia (São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial, 2012), 227.


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