domingo, 20 de março de 2022

Os melhores presentes de Deus não são coisas, mas oportunidades.


3º sermão da série “Via Dolorosa: A história da Páscoa cristã” — baseado em Mateus 26. 30–35; 46–47; 49–50; 57–58; 69–75 para a Igreja Daehan | MEP // 20.03.22.

Ouça aqui ou leia abaixo:

Leitura do texto bíblico: Mt 26.30–35; 46–47; 50; 57–58; 69–75.

30 Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. 31 Então Jesus lhes disse: “Ainda esta noite todos vocês me abandonarão. Pois está escrito: “ ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas’. 32 Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. 33 Pedro respondeu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!” 34 Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe que ainda esta noite, antes que o galo cante, três vezes você me negará”. 35 Mas Pedro declarou: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros discípulos disseram o mesmo.

46 Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!” 47 Enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos Doze. Com ele estava uma grande multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo.

49 Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: “Salve, Mestre!”, e o beijou. 50 Jesus perguntou: “Amigo, o que o traz?” Então os homens se aproximaram, agarraram Jesus e o prenderam.

57 Os que prenderam Jesus o levaram a Caifás, o sumo sacerdote, em cuja casa se haviam reunido os mestres da lei e os líderes religiosos. 58 E Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote, entrou e sentou-se com os guardas, para ver o que aconteceria.

69 Pedro estava sentado no pátio, e uma criada, aproximando-se dele, disse: “Você também estava com Jesus, o galileu”. 70 Mas ele o negou diante de todos, dizendo: “Não sei do que você está falando”. 71 Depois, saiu em direção à porta, onde outra criada o viu e disse aos que estavam ali: “Este homem estava com Jesus, o Nazareno”. 72 E ele, jurando, o negou outra vez: “Não conheço esse homem!” 73 Pouco tempo depois, os que estavam por ali chegaram a Pedro e disseram: “Certamente você é um deles! O seu modo de falar o denuncia”. 74 Aí ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço esse homem!” Imediatamente um galo cantou. 75 Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus tinha dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. E, saindo dali, chorou amargamente.

– Nova Versão Internacional (São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional, 2001), Mt 26.30–31; 33–35; 46–47; 50; 57; 69–75.

Ore!

CONTEXTO:

Pra gente entender o texto:

Na semana passada, vimos que Jesus e seus discípulos celebravam o primeiro dia da festa da Páscoa Judaica. Enquanto comiam, Jesus anuncia-lhes que será traído por um deles. Então surge uma pergunta generalizada: Por acaso, sou eu? Passado um tempo, Jesus celebra a Ceia.

(v.30) — Após fazerem isso, eles cantam um hino e saem para o Monte das Oliveiras.

Então no (v.31) a narrativa da Paixão é iluminada por uma profecia de Zacarias que estava a um passo de se cumprir. Diz assim: “Eu ferirei o pastor”.(Zc 13.7).

O que Zacarias tinha profetizado é que o próprio Deus feriria Jesus. Se fizermos uma interpretação mais profunda e da morte de Jesus oferecida na Bíblia é que Deus-Pai fez do Deus-Filho o objeto pessoal de sua própria ira. (At 2.23; cf. Rm 8.32 8). Como bem disse outro profeta: “Foi a vontade de Deus esmagá-lo e fazê-lo sofrer” (Is 53.10a, cf. v. 4). Portanto, não é de admirar que Mateus informa que Jesus estava angustiado (e até apavorado) de terror diante da perspectiva da cruz (26:36–46).

Veja bem. A angústia de Jesus no Getsêmani se dá não pelo fato dele enfrentar seus inimigos, mas em aplacar, sobre si mesmo, toda ira de Deus Pai. Assim, o pastor será ferido e suas ovelhas espalhadas; Seu pequeno rebanho ficará mais vulnerável à opressão. E isso, vai acontecer pela própria mão de Deus (cf. Zc 13:7b). Agora, um detalhe importante é que durante a dispersão das ovelhas, Zacarias profetiza sobre um fogo refinador que virá para purificá-los, tal como se refina o ouro e a prata, e a finalidade dessa purificação será com o intuito de prepará-los para as tarefas que estarão por vir.

Acontece, porém, que já no (v.33) — como tudo indica, o Pedro não gostou nada dessa idéia de Deus ferir o pastor, dispersar as ovelhas e purifica-las no fogo refinador. Destemido como sempre, o representante dos Doze, sendo o maior entre iguais, toma a palavra e diz: “ainda que todos te abandonem, Jesus, eu jamais te abandonarei”.

Mas no (v.34) Jesus lhe responde com uma profecia ainda mais pertubadora: Ele diz: “Pedro, antes que amanheça o dia, você terá me negado por três vezes”. Se Pedro fosse mais humilde, poderia ter respondido algo do tipo: “Me ajuda, Senhor. Já que é assim, então me ajuda!” Mas não é nada é disso que vemos no texto.

O que vemos no (v.35) é o Pedro, se exaltando, se orgulhando por sua possível lealdade eterna. Só que o Pedro não sabe é que quanto mais ele se orgulha, mais ele se torna vulnerável ao ataque de Satanás.

Agora, se a gente voltar alguns versículos, vemos no (v.32) algo sobre a confiança de Jesus. O Senhor sabendo de todas as coisas que sucederiam, de antemão, já lhes avisa: “Depois que eu for ressuscitado, encontrarei vocês na Galiléia.” Isso mostra pra gente que Jesus sempre viu além da Cruz. Ele estava tão certo da glória quanto do sofrimento.

Mesmo sabendo que seus discípulos fugiriam e que o abandonariam quando ele mais precisasse; pacientemente, Jesus entende a fraqueza dos seus discípulos. E nós podemos deduzir assim, porque em nenhum momento vemos Jesus condenando-os ou repreende-los. Longe disso, Jesus diz a eles que, quando esse tempo terrível passar, vai encontra-los novamente. Repara bem nisso daqui. Ainda que os discípulos estivessem no pior momento da vida deles, ainda sim, Jesus os amava.

E tal como fez com os discípulos, Jesus continua a fazer pela sua igreja —nem mesmo nossos maiores defeitos, nossos erros e falhas desleais podem transformar o amor de Jesus em amargura ou em desprezo por nós.

Continuando o texto… Depois de orar no Getsêmani (v. 36–45), acompanhado de seus três discípulos mais próximos, vemos no (v.46) que Jesus já estava ciente do sofrimento que o aguardava na cruz.

Assim, no (v.47) Judas Iscariotes entra em cena acompanhado de grande multidão. Em um dos comentários que li, estima-se que 600 pessoas vieram para capturar Jesus. No meio de toda essa gente, uma última conversa, muito rápida por sinal, aconteceu entre Jesus e Judas. No (v.49), Judas vai até a Jesus e cumprimenta-o com um beijo. Então, no (v.50) Jesus faz a pergunta crucial a Judas: “Amigo, o que o traz?”(NAA) traduziu essa pergunta como: “Amigo, o que você veio fazer?” e a (NVT) traduziu não como pergunta, mas como exclamação: “Amigo, faça de uma vez o que você veio fazer!” Então, os capangas que vieram com Judas, agarraram Jesus e o prenderam.

No (vs. 69) Mateus inicia o relato da última etapa de Jesus enfrentando o caminho da cruz, a via dolorosa, neste capítulo 26.Se voltarmos um pouquinho, no (vs. 56), veremos que depois que todos os discípulos abandonaram Jesus, dois deles se recuperaram da traição, e passaram a seguir Jesus de longe, afastados do batalhão que conduzia o Senhor à casa de Caifás (v.58). Segundo o relato no Ev. de João (18.15), João tinha alguns conhecidos naquela casa, por isso entrou sem dificuldades. Mas Pedro ficou do lado de fora. Até que João voltasse e pedisse a criada para liberar a entrada de Pedro (Jo 18.16)

No (v. 69–74) a cena volta para Pedro. Conforme Jesus mesmo lhe tinha dito, Pedro negou Jesus por três vezes, depois de ter sido pressionado fortemente. E imediatamente depois de negar pela terceira vez, Pedro ouviu o galo cantar. (v.75) E esse foi o sinal para que Pedro caísse em si.

Comentário: Tudo indica que Pedro ainda não reconhecia sua fraqueza. Não fazia idéia de quão fraco ele era. Então, quando a ficha caiu e Pedro se deu conta do que havia feito, desabou num choro profundo, com gosto amargo; um verdadeiro choro de arrependimento.

ILUSTRAÇÃO:

Quero começar a aplicação deste sermão citando um texto da psicóloga brasileira chamada Luisa Mascarenhas. O texto chama-se “A arte de recomeçar”. (vou resumir)

“Como todo mundo aqui tá cansado de saber, tudo na vida tem um começo e tudo na vida tem um fim. Mas e o tal do recomeço? Tenho a impressão de que o recomeço é um conceito meio esquisitão, você não acha? Pensa bem. Recomeçar é um começar, só que de novo. Dizem por aí que começar é só se aventurar. Mas recomeçar é bem diferente porque carrega uma emoção exclusiva. Tem uma dor envolvida porque algo se encerrou ou algo se perdeu no caminho. Envolve frustração, tristeza e luto. Por isso, carrega marcas.

Pra começar só basta olhar pra frente. Mas recomeçar é ingressar em uma viagem, segurando em uma mão o futuro e na outra a bagagem. E geralmente, a bagagem é pesada!

Começar é ver novos fatos. Recomeçar é ver uma nova perspectiva. Recomeçar é a reconstrução do olhar. É uma retomada, em outros termos, de uma história que já existiu de alguma maneira.

Todo recomeço tem em seu caminho algum grau de receio, de inquietude, de ansiedade, de angústia. Em todo recomeço há um luto e todo luto é um recomeço. Forçado na maior parte das vezes. E a pessoa se vê ali, à beira do abismo emocional. (…)

O recomeço é das coisas mais lindas que existe. Exige coragem, desejo de viver, de lutar, de reconquistar, de ser feliz. Novamente.Mas sabendo que nunca mais daquele mesmo jeito. Vai ser de outro.

O recomeço implica sempre numa chacoalhada na identidade da pessoa. Quem recomeça teve que refletir muito, repensar, reavaliar, mudar, sofrer. Porque recomeçar sempre envolve transformação e uma imensa esperança.”

COMEÇANDO A APLICAÇÃO DO TEXTO:

Baseado nesse enredo dramático, entitulei essa mensagem assim: “Os melhores presentes de Deus não são coisas, mas oportunidades!”

Acredito que aquilo que chamamos de adversidade, Deus chama de oportunidade. No texto bíblico que lemos, vemos que Pedro perdeu muitos presentes de Deus, isto é, muitas oportunidades importantes. Vejamos:

Primeiro: Pedro se gabou quando deveria ter escutado (32–35). Segundo: Pedro dormiu quando deveria ter orado (36–46). Terceiro: Pedro lutou quando deveria ter se rendido (47–56). Quarto: Pedro o seguiu quando deveria ter fugido por segurança (57–75). Quinto: Mas, quando chegou a oportunidade de se arrepender, ele chorou. (v. 75).

Notamos que Pedro perdeu algumas oportunidades de Deus porque havia se ‘embebedado’ com uma taça de orgulho.

Algumas perguntas surgem enquanto nos deparamos com esse drama!

  • Pedro havia esquecido sua própria fraqueza humana?
  • Ele se esqueceu das armadilhas que a vida pode nos lançar?
  • Por acaso ele esquecido a força das tentações do diabo?
  • Será que ele não prestou atenção no que Cristo avisou? Pedro o diabo pediu sua cabeça? Ele quer te peneirar como trigo!

Parece que Pedro tinha um problema em aplicar os mandamentos de Jesus a si mesmo.

Aplicação: Você por acaso, já se viu nesse dilema? Você já teve algum problema em aplicação os ensinamentos de Jesus em sua vida? Já negou Jesus por não defender o certo e o errado… diante de amigos, em conversas?

VAMOS APROFUNDAR MAIS UM POUQUINHO:

Nos textos bíblicos que lemos inicialmente, encontramos eventos muito significativos não apenas em Pedro, mas na vida de dois discípulos. De um lado Pedro, de outro lado Judas.

  • Vimos que o primeiro negou Jesus com uma falsa promessa,
  • o outro traiu pela mísera bagatela de trinta moedas de prata.

Mas tanto Pedro quanto Judas cometeram pecados igualmente grandes,

A única diferença entre a pecaminosidade dos dois, é esta:

O primeiro se arrependeu. O segundo não se arrependeu.

Um alcançou o perdão de Cristo e a graça de Deus fez a obra perfeita nele; o outro apenas se encheu de remorso e, por isso, a graça de Deus lhe foi rejeitada.

Em consequência disso, o primeiro se tornou um dos maiores pregadores da história; já o segundo nos enche de horror sempre que lembramos da história de seu terrível crime.

Repare numa coisa: Nomes diferentes nos afetam de forma diferente.

Quando pensamos em Pedro, a gente sempre lembra do seu entusiasmo. E ainda que seja impetuoso e teimoso, o Pedro é uma das pessoas mais legais e agradáveis que encontramos no Novo Testamento.

Você lembramos quando Jesus apareceu na vida dele? O pescador matuto, caipira e simples se tornou uma nova pessoa com novos objetivos e novas prioridades.

No entanto, pelo menos nos Evangelhos — ele nunca foi uma pessoa perfeita.

Longe disso! A história de Simão Pedro está recheada de tropeços e repleta de erros -e acho que é por isso que a gente gosta tanto dele-

Entre seus muitos tropeços, houve um erro que quase acabou com a vida dele; um fracasso do qual ele quase não se recuperou.

Pedro, por três vezes, negou a Jesus.

Mas o Pedro, conhecido como uma pedra de Rocha, foi traído pela sua própria arrogância.

Ele negou Jesus porque ainda não conhecia sua fraqueza, não tinha idéia de quão fraco ele era. Faltava-lhe humildade.

Mas Jesus lhe daria um presente! Jesus lhe daria uma grande oportunidade para rever seus conceitos.

Hoje, assim como Pedro, diante de circunstâncias difíceis, tendemos a cometer o mesmo erro? Será que por vezes não estamos tendo a mesma atitude dele?

Continue pensando nisso, enquanto eu exponho outro cidadão aqui!

Seu nome é Judas Iscariotes. Já é o terceiro domingo que ele aparece aqui no MEP.

E sejamos sinceros, quando a gente pensa no Judas a gente até estremece.

E a gente estremece porque há alguma coisa no nome desse homem miserável que prende a nossa atenção.

Há uma espécie de perplexidade em sua maldade que nos atiça.

Nos atiça no sentido de queremos saber que fim vai levar a sua história.

E ao fazermos isso, infelizmente, descobrimos que este homem perdeu a oportunidade de se redimir, perdeu a oportunidade de voltar a ser bom, a oportunidade de voltar a ser grande;

E olha que houveram oportunidades.

Durante a Ceia do Senhor, Jesus lhes anunciou: Um de vocês vai me trair.

Judas, por que você não confessou? Por que não chamou Jesus de canto?

O desgramado disfarçava tão bem que nenhuma suspeita recaiu sobre ele. Não houve nenhum dedo sequer apontando pra ele.

Todos os discípulos perguntaram: Senhor, sou eu? Mas nenhum deles lhe perguntaram: Senhor, é ele? Ou Senhor, quem é então?

A corrupção do coração de Judas era invisível a todos os olhares dos demais discípulos, entretanto, nunca foi invisível aos olhos de Cristo.

O tempo todo Jesus sabia das verdadeiras motivações do Judas.

E uma vez mais, Jesus deu a Judas a oportunidade de se redimir. Lemos no (v.50) as últimas palavras de Cristo ditas ao Iscariotes, logo após receber o beijo traiçoeiro.

As palavras de Cristo parecem ser um último apelo a seu discípulo.

Presta atenção no que Jesus diz:

Amigo! O que é que o traz? Amigo, que viestes fazer? Amigo, o que você tá fazendo?

Se de fato, minha gente, como tudo indica, o versículo 50 for uma pergunta, como traduz a NVI e NAA, então, temos aqui mais um exemplo maravilhoso do amor de Deus.

Qual exemplo? O genuíno exemplo do esforço da paciência divina para reconquistar até mesmo um traidor.

Esse exemplo que salta do texto em direção aos nossos olhos.

O exemplo vivo da luta da misericórdia contra um coração traiçoeiro e pecaminoso.

De um lado do ringue um homem domado pelo poder que seu coração tem de rejeitar o conselho de Deus contra si mesmo.

Do outro lado, o autor da compaixão cujo nenhum traço de raiva pode atingi-lo.

Ele não levanta a sua mão. Não abre sua boca para condenar. Ele apenas abre sua boca para oferecer novas oportunidades.

Por isso que Cristo é Cristo até mesmo quando é traído.

Ainda que o discípulo se esqueça do seu Mestre, Cristo não esquece do antigo vínculo que tem com seu discípulo e, portanto, continua fiel a ele. Continua oferecendo seu olhar amoroso.

E ainda que seu coração esteja ferido, Ele não se exaspera, não maltrata, não despreza não o rejeita.

Pelo contrário, age com doçura, porque ele é bom

Age com gentileza, porque é gentil.

De repente, Pedro, num impulso de coragem, pega uma faca e corta orelha de um soldado.

Jesus, mais uma vez, dá a oportunidade para Pedro, Judas e os demais discípulos verem a história pelas lentes do amor de Deus.

Jesus restaura a orelha ferida do soldado. Jesus manda guardar as armas.

Não por medo. Mas por propósito.

A ira de Deus deve ser aplacada. Jesus é o alvo da ira de Deus.

Essa gentileza de Jesus, ao se entregar voluntariamente por nós, abraça a longanimidade de Deus.

A ternura de Jesus é o retrato do próprio amor de Deus.

E a ternura de Jesus proclama sobre si mesmo: Aquele que me viu, viu o Pai!

Por isso, aquele que conhece a ternura, conhece o amor do Pai.

Minha gente, se porventura, alguma vez nesse mundo, houve alguém que pudesse ter sido excluido do amor de Deus, esse alguém é Judas.

No entanto, nem mesmo ele, o traidor de Jesus, no instante de sua traição, pôde evitar toda aquela ternura imutável que permaneceu ao seu redor.

Nem mesmo Judas, com trama, suas motivações erradas e seus beijos enganosos, pôde evitar a misericórdia divina de estender a sua mão e acenar para ele.

O que aconteceu com Judas, não acontece com a gente também? Por acaso, não é assim com todos nós, minha gente?

Quando pecamos, traímos a Cristo,

e todas as nossas traições a Cristo são pecados contra uma amizade perfeita e uma bondade invariável.

A propósito, tal como Judas, não temos nós também nos sentamos à Sua mesa, não estamos ouvido Sua sabedoria, vendo Seus milagres, tendo um lugar em Seu coração?

Mas quantos de nós pode dizer que não estamos nos afastando Dele para fazer nosso próprio prazer? Quantos de nós pode dizer que não estamos vendendo Seu doce amor por um punhado de prata?

Quem não cometeu esses pecados, que atire suas pedras ao pobre miserável que O entregou àquela cruz.

Quem dera se pudéssemos ver com os olhos espirituais.

Será que veríamos o rosto manso e triste de nosso Salvador entre nós e cada um de nossos pecados?

Será que não veríamos o aviso nos seus olhos piedosos, e ouviríamos Sua voz implorando em nossos ouvidos?

Recordando-nos das doces lembranças de Sua antiga amizade, para nos afastarmos do mal que é traição contra Ele, e fere Seu coração tanto quanto prejudica o nosso?

Agora, minha gente, lembre-se de que, quando Cristo implora e atrai, não fazer nada é se opor, e atrasar é recusar. É muito fácil arruinar sua alma

O apelo do amor de Cristo endurece onde não suaviza.

Essa voz suave levou o traidor para mais perto da beira sobre a qual ele caiu em um abismo de desespero.

Deveria tê-lo atraído para mais perto do Senhor, mas ele se afastou dele e, assim, foi trazido para mais perto da destruição. Toda súplica da graça de Cristo, seja por provérbios, ou por livros, ou por Sua própria palavra, faz algo conosco. Nunca é vão. Ou derrete ou endurece.

E ainda que, no decorrer da história, muita gente tenha se esforçado para amenizar o tamanho de sua culpa, ainda sim, até essas defesas são motivadas pelo mesmo pensamento de que uma traição, tal como a dele, é praticamente inconcebível.

E por mais que tentemos “passar pano” pro Judas, as narrativas dos Evangelhos nos obrigam a pensar em seu crime como traição deliberada.

É possível que o mesmo amor seja acreditado e recebido e se torne vida, e que o mesmo amor reconhecido e rejeitado se torne a morte.

pergunta mais natural que chega a todos aqueles que se propõem a estudar a vida de Judas é esta: “Por que ele foi escolhido?”

Pedro e Judas tiveram suas oportunidades.

a revelação da mesma graça se tornou o céu do céu para aquele que a acolheu,

e se tornou a dor do inferno para aquele que se afastou dela.

Que possamos ouvir o grande amor que nos convida e promete nos perdoar, dizendo:

embora seus pecados sejam como o escarlate, eles serão brancos como a neve; embora sejam vermelhos como o carmesim, eles serão como a lã

APLICAÇÃO FINAL:

PERGUNTA: Você já se sentiu como se precisasse de um recomeço na sua vida espiritual?

Vamos aprofundar mais um pouco….

Houve um tempo em que você entregou seu coração incondicionalmente a Cristo e seguiu nesse caminho, vivendo alegremente.

Você recebe uma boa dose de vitamina espiritual e tudo ia muito bem! Orava, adorava, estudava, evangelizava… E continuou assim por um tempo!

Mas agora, você olha para trás e percebe que você tá preso na rotina. –

Hoje, você está tão ocupado e tão preocupado com outras coisas, que simplesmente não consegue mais encontrar tempo para Deus.

E você pede ajuda do Espírito Santo; E desesperadamente você busca arranjar tempo para Deus. — mas uma vez mais, você é bombardeado com novas responsabilidades.–

Parece que a história de sua vida se tornou um ciclo interminável de gerenciamento de crises!

Você luta com esse estranho e irritante sentimento de que está em uma guerra contra o tempo e as circunstâncias.

Em contrapartida, você percebe que estagnou. Ou seja, parou de crescer espiritualmente.

Você não está onde o Senhor quer que você esteja, e você sabe disso.

Então, quer reviver a lua de mel da sua experiência. Você quer recomeçar, como se pudesse nascer de novo

– Mas não importa o quanto você tente, parece que não consegue fazer isso acontecer — pois está fora de alcance.

Você se vê de má vontade dedicando todo o seu tempo a outros propósitos e preocupações.

Você realmente não quer envolver sua mente com outras coisas, mas simplesmente não consegue se libertar.

Encare isso espiritualmente, e você vai constatar que está afundando.

Nessa hora, então, você começa a ficar assombrado por seus fracassos passados, e começa a se perguntar: será que eu to me afundando?

Como faço pra voltar ao lugar onde Jesus quer que eu esteja?

Será que eu, honestamente, assumi um compromisso total com meu Jesus?

Se sim, em que consiste este compromisso total com meu Jesus?

referências:

https://vejario.abril.com.br/coluna/luisa-mascarenhas/a-arte-de-recomecar/

Itamir Neves e John Vernon McGee, Comentário Bíblico de Mateus: Através da Bíblia, ed. Walkyria Freitas, Segunda edição., Série Através da Bíblia (São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial, 2012), 227.


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