domingo, 15 de agosto de 2021

A fé que precisamos ter em Jesus! (Marcos 5)

Nossas histórias estão todas conectadas. Mais do que você imagina. Além disso, as nossas histórias estão inseridas na grande história de Deus. 

Quando Jesus tinha 18 anos, a filha do chefe da sinagoga, acabava de nascer. E uma outra mulher, anônima, recebia o diagnóstico médico nada positivo. 12 anos depois, Jesus está com mais ou menos 30 anos de idade e começa seu ministério. A filha de Jairo está com 12 anos e muito doente e a mulher anônima, ainda continua sofrendo com uma hemorragia uterina.

É sobre isso que vamos meditar nessa manhã.

Quem é esse, Jesus?

Hoje, eu quero tentar transformar esta pregação em oração. Vamos tentar ver o que acontece quando o medo da lugar a fé, a vergonha da lugar para a ousadia, a indignidade dar lugar para a dignidade e a desesperança para a esperança. 

Imagina que você esteja na multidão assistindo tudo isso acontecer. Você ouve ali os discípulos ainda comentando:

– Estávamos atravessando o Mar da Galiléia, e de repente, um grande temporal nos afligiu. Mesmo sendo, alguns de nós, pescadores e especialistas em navegação, não damos conta daquela situação.

– E o mestre lá dormindo, tranquilo, descansando sob as Asas do Altíssimo.  Mas nós não tínhamos a mesma paz e tranquilidade. Na verdade, desconfiávamos que morreríamos ali.

Nós o acordamos e dissemos-lhe: Mestre, não te importa que pereçamos?
Então vimos com os nossos próprios olhos, o Mestre se levantar, abrir os seus braços e pronunciar as Palavras:


- Mar, Mar…. se acalme! Vento, Vento silêncio!


Na mesma hora, o mar e o vento obedeceram a voz dele. Foi incrível. Nunca vimos algo assim! E seguimos a viagem tranquila novamente.

Ali, naquela ocasião, o mestre falou algo que nos marcou profundamente: Ele disse:

- "Porque sois assim tão tímidos? Porque vocês não tem fé? "

Essas palavras ainda agora estão ecoando em nossos ouvidos! De repente, ali no meio daquela multidão, mais uma interrupção:

- Você já sabe o que aconteceu lá em Gadara?

Quando chegamos lá na outra margem do mar da Galiléia, um homem possuído por uma legião de demônios veio correndo dos sepulcros. Aquele homem tinha sido preso por várias vezes, mas toda vez que ele estava preso ele arrebentava as cadeias, quebrava as correntes e despedaçava os grilhões e ninguém podia o conter. Ele andava de noite e de dia, atormentado pelos espíritos malignos, gritando e uivando pelos sepulcros das montanhas. Mas quando ele viu Jesus sair do barco e pisar naquela terra, desceu correndo lá de cima da montanha, de trás dos sepulcros, desesperadamente correndo ao encontro de Jesus até se jogar diante dos pés do Mestre.

No mesmo instante, Jesus o libertou. Ele agora é um homem livre. Livre para adorar, livre para amar, livre para viver, livre pra ser livre. 

- Mas o povo de Gadara não gostou muito da nossa estadia lá. 

Comentou um dos discípulos. 

- Jesus permitiu que aquela legião de demônios entrasse em uma manada de porcos selvagens, talvez Javalis, que eram criados por aquele povo gentio de Gadara.


- Você sabe que nós, Judeus, não comemos carne de porco né? Exclamou um ouvinte na multidão!

- Sei sim. 
- Respondeu um dos discípulos e continuou:
Então… aquela manada, possuída por uma legião, se jogou de um abismo e caíram no mar… Não sobrou um sequer… Por isso, precisamos voltar às pressas.

E aquele homem endemoninhado?
- Ele queria vir com a gente. Te juro!
- Ele aceitou Jesus e entregou a sua vida totalmente para Jesus. E Jesus dele um missionário em Decápolis.
Logo em Decápolis? 
- Ei! Decápolis não é a cidade do pecado?
- É sim… Foi pra lá que Deus enviou. Aquele que o chamou, o sustentará!

Então, outra conversa surgia no meio da multidão:

- Fiquei sabendo que ele curou um paralítico? Me disseram que até removeram o telhado da casa para que o pobre enfermo chegasse até Jesus.


- Sim… ele também fez isso! 
Foi incrível… estávamos ouvindo o mestre pregar, de repente, começa um barulho no telhado… pensávamos que ia desmoronar… mas quando vimos, haviam uns rapazes descendo seu amigo lá de do alto, através das cordas… Jesus orou por ele e ele saiu andando! Carregando a sua maca!

- Quem é esse que até o mar, o vento, os demônios e a doença o obedecem? Questionavam os discípulos!

Esse era o falatório que se contava no meio daquela multidão! Indagavam curiosamente sobre quem era Aquele que operara tantos milagres!

A mulher anônima!

Hoje sabemos: Esse é o nosso Senhor e nós servimos a Ele! Ele cura os doentes, ressuscita os mortos. E mais do que isso, ele dignifica as pessoas. Ele não devolve apenas a saude, os bens, e a vida. Ele devolve a dignidade da pessoa humana!

Foi isso o que Ele fez com o cego Bartimeu! Aquele que ficava na sarjeta gritando e ninguém dava atenção. Até que um dia ele se encontrou com Jesus! E Jesus, deu-lhe mais mais do que a visão. Jesus também lhe deu a dignidade de ser ouvido.
De ser tocado. De ser perdoado!

Jesus, de fato, resgata nossa dignidade humana. Ele nos livra do jugo da discriminação! E foi isso que Ele fez com a mulher anônima que vivia de cabeça baixa, encurvada, “sem poder olhar para cima”. Podemos afirmar com toda certeza que Jesus fez questão de que essa cura fosse revelada, pois, queria conceder a mulher anônima mais do que a cura física, Jesus queria lhe dar a cura das suas emoções. E ainda que ela lhe tivesse "roubado" a cura, Jesus não deixaria ela lhe "roubasse" o testemunho. 

Jesus fez dessa mulher, um exemplo vivo da simplicidade e da acolhida do novo reino que Jesus estava proclamando. Um reino de amor, de justiça, de respeito com a dignidade, inegociáveis que toda pessoa humana carrega consigo, seja qual for sua situação.

Conheço algumas pessoas que estudam e trabalham na área médica. Eu gostaria de lhes contar um relato.

ILUSTRAÇÃO:

Uma vez ouvi a história de um médico, que amava sua profissão, dizendo que só de puxar as pálpebras para baixo, ele sabe se você está com anemia ou com problemas no fígado… Quando coloca o abaixador de língua, na sua boca e pede pra vc dizer: ahhhhhh! ele não tá com inveja do seu dentista, mas ao ver o estado da sua língua revela muita coisa, como problemas gástricos e até má nutrição.

Quando usa o estetoscópio no torax ou nas costas e pede pra você falar trinta e três, só de você fazer isso, ele já sabe como esta o estado do seu pulmão!

Quando ele aperta o seu abdômen, ele sabe se você tem gases ou não! E ele também ouve o seu coração. E neste exato momento, estou me lembrando do bom cardiologista que Deus colocou em minha vida. Que Deus o continue abençoando. Só de ouvir o coração da gente, um médico sabe como está o funcionamento das válvulas cardíacas.

E essa era a rotina do médico dessa história. Ele fazia isso toda vez que via seu paciente. Certa vez, ele teve que examinar um paciente em particular que estava em seu leito de morte. Mas, infelizmente não havia mais nada que pudesse ser feito. Um exame clínico não era mais necessário. Naquela ocasião, o paciente já estava desenganado e aquele seria seu último dia na terra. Quando o paciente, porém, viu seu médico chegando, mesmo enfermo e debilitado, só de ver o médico se aproximando, imediatamente começou a desabotoar seu pijama, pois queria ser examinado, queria ser visto, ser tocado, ouvido; queria ser lembrado de sua dignidade, mesmo que não pudesse ser curado.

Esse é o poder do toque.

O toque tem o poder de fazer bem. O toque tem o poder de devolver a dignidade das pessoas. E em nossa história há dois tipos de toques: o toque de Jesus e o toque dos homens. Em relação ao toque dos homens há duas variações: há quem toque pelo toque, e há quem toque pela fé. Porque muitos tocaram Jesus. São muitos os que pegam em Jesus. Os discípulos diziam: Mestre! A multidão te aperta, Senhor!

No processo religioso, nós encontramos essa imagem o tempo todo. Milhares orando, tocando, cantando, ajoelhando, pegando, mas são gente que pegam por pegar, que tocam por tocar… que oram sem intenção, que cantam sem adorar, que ouvem sem crer. Mas estão ali em volta! São os curiosos na multidão! Fazem parte do fã clube da adoração! São os que tocam e não alcançam, que andam junto e não recebem, que ouvem e não guardam as palavras; que esbarram, pegam, apalpam e tocam mas fazem tudo isso sem intenção

Entre os milhares de toques, há um toque diferente! É o toque de uma mulher invisível, com vergonha de todo mundo, encurvada, no meio da multidão, que se estica totalmente e toca na orla do manto de Jesus. Mas toca com a intenção da fé sincera e genuína! Essa mulher que andava doente, triste, tímida, abandonada, desprezada, chega sozinha e toca na roupa de Deus…

Mas é bom ressaltar que o poder não estava na roupa, o poder não estava no manto, o poder não está nas coisas! O poder estava na fé! E a fé é uma coisa maravilhosa, porque Jesus sequer precisou liberar uma palavra. 

O texto bíblico nos ensina é que o encontro da genuína necessidade em fé e amor, confiando em si, já carrega a resposta da oração. Quando Jesus liberou o poder, liberou dizendo: Eu senti que de mim saiu virtude. O que Jesus está dizendo é que todo aquele/a que tocar assim, assim receberá!

Quem chega assim diante de Jesus, com essa fé que não é curiosidade, que não é doutrinação, que é confiança visceral, que é questão de vida ou morte, que se entrega com uma disposição interior bem fundada, que enfrenta as adversidades e a vergonha e que se mete no meio da multidão, que encara tudo e encara a todos, porque sabe que no seu coração que vai receber; essa pessoa, antes de receber já recebeu, pois quem quer que chegue assim diante de Deus, já recebeu! Se a causa é justa e o motivo é santo, tudo o que você pedir com fé, com fé vc receberá! Se “tudo” que você pedir estiver relacionado a pedidos coerentes com a Palavra e vontade de Deus, então Deus concederá.

Foi assim com a mulher anônima! Jesus disse: "Quem me tocou?" "Quem me tocou?" No meio dessa multidão de mãos erguidas, temos apenas alguns poucos que tocam com fé! "Quem me tocou?" A pergunta ecoa!

Os discípulos disseram: "Eis que a multidão está aí... te pegando, te apalpando…
Muitos te tocam, Senhor! A multidão te aperta!

Jesus olha ao redor, e vê aquele monte de mãos pegando nele e nenhuma tocando nele! Olhava ao redor pra ver aquela que fizera isso! Então a mulher atemorizada, cônscia do que nela se operara, veio e prostrou-se diante de Jesus e declarou-lhe toda a verdade.

- Fui eu!

E disse: 

- "Eu sai de casa crendo que se eu apenas tocasse na aba das suas vestes eu seria curada. E quando eu te toquei, eu senti que a minha hemorragia parou e sentia que o meu corpo se revitalizar com uma força que eu jamais pensei que teria".

E ela disse isso de joelhos, prostrada diante dele, falando-lhe toda verdade aos pés.

E ele lhe disse: 

- Filha, a Tua fé te salvou! Vai te em paz! Fica livre do teu mal! Vai te em paz, a tua fé te salvou. Fica livre do teu mal

Nós, de fato, não aproveitamos Deus! Não aproveitamos Jesus. A maioria de nós faz parte apenas dessa multidão de curiosos! Somos parte dessa grande multidão do pouco que se reune, que acha legal, que pega como quem diz: 

- Peguei! Ah! Eu sei! Ah! eu conheço Ele! Hoje em dia eu o reconheço até de longe de tanto que eu já andei com ele! Tudo o que ele fala eu ouço! É uma maravilha! Você precisa ver os sermões que ele prega! Você precisa ver as orações que ele faz! Tanta gente sendo curada, é uma coisa linda! Por isso que eu to sempre perto dele! Não falto em nenhuma reunião! Estou sempre pegando nEle! E comigo, uma multidão de gente apalpando-o também!

E nesse espírito da religião, nesse espírito da osmose, que pensa que só de estar perto, vaza pra mim. Porém, sem fazer a entrega radical do coração. Essa entrega radical, frequentemente nos alcança quando tudo na vida saiu do nosso alcance! Em geral, as decisões radicais do nosso coração em relação a Deus! Quando todas as nossas alternativas e soluções humanas nos fugiram ao alcance. Em geral é assim que a alma funciona. Mas, enquanto esse momento de impotência radical não atinge o individuo, a maioria vai se enganando no toque, se achando entre a multidão, se alegrando com a cura dos outros, mas ele mesmo não quer tratar da sua própria cura! Não sabe o que fazer se for curado!

Muitas mãos, nenhum toque! Ninguém que toque realmente! Exceto um toque! Porque a gente desperdiça Jesus o tempo todo! O Evangelho não deveria ser cardápio que a gente apenas vê! O Evangelho é algo para ser provado e desfrutado! O Evangelho é para trazer o beneficio pra dentro de nós. O Evangelho é para tocar, receber e tomar posse! Quando isso acontecer com essa disposição de fé verdadeira, então saiba, o processo é instantâneo! Se instala na mesma hora! No mesmo instante! Não tem oceano e não tem abismo capaz de separar essa graça! Quando essa graça é alcançada, não há espaço para mais nada, só para o agraciado e para Jesus. Porque as coisas espirituais, anulam as multidões e só sobra espaço para a verdade. 

E a verdade é a busca da mulher: conhecer Jesus! Pois a verdade é Jesus!

A filha de Jairo:

Em nossa leitura do evangelho de hoje, 
tem lugar para mais uma história. A história de Jairo e o milagre da ressurreição da sua filha. 

(continua...)

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