domingo, 23 de maio de 2021

A Ascensão de Jesus (Atos 1.4-5, 8-9)

 

Sermão da Ascensão

Como vocês já devem ter percebido, a Páscoa é um acontecimento de uma riqueza tão grande que é impossível descreve-la em um só dia.

Ela é a chave, o centro e ponto de partida da fé cristã.

Dentro do tempo pascal, encontramos quatro perspectivas, que embora distintas, são realidades do mesmo Mistério: Paixão, Ressureição (Páscoa), Ascensão e Pentecostes.

Na semana passada, nosso seminarista Samu Choi pregou sobre a narrativa da Ascensão de Jesus em Atos no capítulo 1 versículos 1-11.

Hoje, vamos continuar falar sobre o assunto. Desta vez,
abordando as implicações da Ascensão de Jesus na vida dos seus discípulos.

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O primeiro texto que eu quero ler essa manhã se encontra em
Atos dos Apóstolos capítulo primeiro versículos quatro, cinco, oito e nove.
(Hoje vou ler na versão da NVT).

Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes a seguinte ordem: “Não saiam de Jerusalém até o Pai enviar a promessa, conforme eu lhes disse antes. 5. João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo”. 8. Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra”. 9. Depois de ter dito isso, foi elevado numa nuvem, e os discípulos não conseguiram mais vê-lo.

O segundo texto dessa manhã se encontra em
Efésios capítulo 4 versículos 8 ao 10

Efésios 4: 8. Por isso as Escrituras dizem: “Quando ele subiu às alturas, levou muitos prisioneiros e concedeu dádivas ao povo”. 9. Notem que diz que “ele subiu”. Por certo, isso significa que Cristo também desceu ao mundo inferior. 10. E aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo todas as coisas.

O terceiro texto dessa manhã se encontra em
Efésios capítulo primeiro e versículos dezenove ao vinte e dois.

Efésios 1: 19. Oro para que entendam a grandeza insuperável do poder de Deus para conosco, os que cremos. É o mesmo poder grandioso 20. que ressuscitou Cristo dos mortos e o fez sentar-se no lugar de honra, à direita de Deus, nos domínios celestiais. 21. Agora ele está muito acima de qualquer governante, autoridade, poder, líder ou qualquer outro nome não apenas neste mundo, mas também no futuro. 22. Deus submeteu todas as coisas à autoridade de Cristo e o fez cabeça de tudo, para o bem da igreja.

ORAÇÃO:

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Jesus foi crucificado, morto e sepultado.
No terceiro dia, Ele ressuscitou e num espaço de 40 dias, mostrou aos seus seguidores que ele estava verdadeiramente vivo.

Ele apareceu nas casas, nas reuniões, no estrada, e até no local de trabalho dos discípulos…

Durante esse período de 40 dias, o Senhor deu aos seus discípulos a oportunidade de re-aprender sobre o incrível amor de Deus, e sobre como a cruz e a ressurreição do Senhor faziam parte do grande plano de Deus.

Mas essas aparições físicas de Jesus na terra não podiam continuar para sempre.

O primeiro texto que lemos, narra o dia em que uma nuvem o esconde, enquanto Ele subia ao céu.

Os olhos dos discípulos não mais podiam vê-lo”. Daí em diante, Jesus não mais será visto em seu ir e vir, e suas palavras só serão acessadas pela Bíblia ou, como diz Paulo, através da loucura da pregação. Isto é, através de outras pessoas, incluindo você e eu.

Mas isso não significa, de modo algum, que Jesus se ausentou desse mundo.

Pelo contrário, daquele dia em diante, Jesus está presente entre nós através do Seu Espírito,
Cuja missão é ser memória permanente e dinâmica para que não nos esqueçamos do que Jesus disse e do que ele fez.

Quando em nossa mente, após lermos o nosso primeiro texto, contemplamos a imagem de Jesus, que vai se elevando acima das nuvens, e que sobe até o mais alto céu,

logo lembramos das palavras de Paulo que diz que aquele que subiu é o mesmo que desceu às mais baixas profundezas da terra!

E Este que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, a fim de encher consigo mesmo (plenificar) todas as coisas” (Efésios 4,9-10).

Essa citação de Paulo vem desfazer uma certa tendência a considerar Jesus na Ascensão como alguém que partiu,

que nos deixou, e que agora mora “no céu”, enquanto que nós ficamos aqui na terra, “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”.

Não é assim! Isso não é Ascensão.

Na verdade, é um grande equívoco considerar a Ascensão como a ausência de Jesus, como se ele estivesse agora vivendo longe em “período sabático” até a segunda vinda.

Na Ascensão, Jesus nem partiu nem se ausentou; Ele não nos deixou órfãos nem solitários.

Jesus permanece para sempre entre nós pelo seu Espírito Santo: no céu, na terra e em todo lugar.
E principalmente conosco e em cada um de nós;

Ele não só está ao nosso lado, mas também dentro de nós, “fazendo morada em nós”.

Sussurrando suas palavras de afirmação: eu estarei com vocês todos os dias, pelo século dos séculos!

Saber que esta nova presença, está conosco todos os dias, é algo tão misterioso que não é possível defini-la,

Transcende tudo o que se pode ver e tocar.

Ao mesmo tempo que ela “sobe” até Deus, passa também pelo “descer” até às profundezas da humanidade.

E Esse é o verdadeiro significado da Ascensão.

Aquele que desceu ao mais profundo da nossa existência, para dentro da nossa história e que habita dentro de nós é o mesmo que subiu ao mais alto lugar, e hoje está assentado à direita de Deus,
E ele detém o domínio sobre todas as coisas.

Por sua Ascensão à direita do Pai, Jesus torna-se o chefe do seu Corpo, a Igreja.

A sua Ascensão torna possível o Pentecostes.

Mais do que isso, o dom do Espírito não é algo que ocorre uma única vez, seja no Pentecostes, seja no Batismo ou na Confirmação de alguém.

O Senhor ascendido é a fonte permanente dos dons espirituais que animam e edificam o seu Corpo.

O capítulo quarto da Carta aos Efésios ensina: “subiu às alturas (…) distribuiu dons aos homens”. A Ascensão anuncia a atuação contínua de Jesus, que “está sempre vivo para interceder em favor [de nós]”.

Por causa Dele, e agora Nele e por meio Dele,
A Igreja experimenta o seu poder em seu sentido mais nobre.
O poder do Jesus ascendido,
Através da sua real presença transformadora, libertadora,
E atuante nesse mundo, e em nosso meio.

Efésios 4,8, citando o Salmo 68, diz: «Tendo subido às alturas, levou os cativos, concedeu dádivas aos homens.»

A antiga tradução da Almeida diz: «Tendo subido às alturas, levou cativo o nosso cativeiro.» É Menos literal, mas muito mais significativa!

Para compreender melhor o sentido disso, lembre-se que os Hebreus enxergavam o nosso universo povoado por potestades, principados e dominações.

Em Efésios 6,12 Paulo chama de «dominadores deste mundo de trevas» e «espíritos do mal que povoam os ares».

Em uma linguagem mais atual, estas «dominações que povoam os ares» são chamadas de vontade de poder, sede de dominar, idolatria do dinheiro, busca por ser admirado pelos outros, etc.

Tudo isso, é aquilo que de alguma forma, encontramos nas tentações de Cristo, que nos são apresentadas por Mateus e Lucas no início de seus evangelhos.

Diante da obsessão satânica em ocupar o primeiro lugar,

Deus, em Cristo, veio e se colocou na última posição.

E ao fazer isso, matou em Si mesmo toda a vontade de poder;
e não se deixou manipular pelos nossos demônios do poder.

Ele se recusa a se defender de qualquer acusação
E se recusa a pôr de joelhos aqueles que querem a sua morte,

Cristo mata em Si mesmo o ódio, a violência e até a própria exigência de justiça.

Por isso,
Não é toa que o nosso Senhor hoje está elevado eternamente ao lugar mais alto porque Deus o exaltou e o colocou «acima de todas as coisas» e lhe Deu um nome que é sobre todo nome no céu, na terra e debaixo da terra.

Esse é o poder de Jesus transcende a qualquer outro poder que conhecemos nesta terra.

Seu poder redefine, muda nossas vidas.

Seu poder é mais forte que a morte – dá a vida eterna.
Seu poder perdoa até mesmo nossos piores pecados.
Seu poder nos dá novas direções – Todos os dias,

Seu poder nos dá fé através da Palavra de Deus.

Ele está pronto para usar seu poder em nossas vidas, nossas famílias e nossos locais de trabalho; ele está pronto para usar seu poder quando somos tomados pelo medo, preocupação, tristeza e dor.

Mateus nos lembra que, um Pouco antes de Jesus subir ao céu, ele disse: “Eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos ” (Mt 28:20).

Isso significa que Jesus não só tem o poder de estar presente em nossas vidas à medida que chegamos a um acordo com o que está acontecendo, mas como Senhor dos senhores e Rei dos reis, ele tem o poder de fazer algo a respeito.

Quando aprendemos que temos um problema sério de saúde;
quando ouvimos a notícia de que alguém próximo a nós morreu;
Quando nos preocupamos com dinheiro, com nossos filhos, com nosso emprego ou com a falta dele;
quando estamos chateados, feridos, culpados, com raiva ou deprimidos;
quando temos que tomar decisões difíceis sobre o futuro;
somos lembrados de que Jesus ascendido está por perto e pronto para usar seu poder.
Quando oramos, estamos orando àquele que é o “Senhor supremo sobre todas as coisas”. Sabemos que ele tem o poder e o conhecimento para responder às nossas orações das maneiras que são as melhores para nós. Ele está esperando para usar seu poder em nossos problemas. Ele está esperando que chamemos seu nome. O escritor dos Hebreus nos encoraja: “Aproximemo-nos então do trono da graça com confiança, para que possamos receber misericórdia e encontrar graça para nos ajudar no nosso tempo de necessidade” (Hb 4.16). Porque Cristo governa com graça e amor, sabemos que Ele não nos trata da maneira que merecemos ser tratados por causa do nosso pecado, mas sim entende nossa situação e nos dá ajuda e força divinas.
Posso dizer com confiança que não levamos a sério o fato de que Jesus é o Senhor.
Se levamos a sério o poder de Deus em nossas vidas e temos certeza de que Deus usa seu poder todos os dias em nossas vidas, honraríamos, amaríamos e confiaríamos nele mais do que nós.
Se as pessoas têm certeza sobre o senhorio de Jesus, então esta igreja estaria repleta de adoradores todos os domingos.
Se as pessoas têm certeza de que Jesus governa com amor nos assuntos muito comuns de suas vidas, perdoando seus pecados, fortalecendo sua fé em momentos de angústia, então elas responderiam com louvor e adoração.
Se acreditarmos seriamente que Jesus não é uma divindade distante, mas caminha nesta terra conosco, então nossas vidas seriam testemunhos reais do senhorio de Jesus, como as pessoas veem em nós amor, paciência, tolerância e compreensão e uma firme crença de que Jesus pode lidar com qualquer coisa em nossas vidas.
Se acreditarmos seriamente que somos filhos de nosso amoroso Senhor, que impacto isso teria na igreja. Nada ficaria em nosso caminho de servir a nosso Senhor com qualquer tempo, talentos e dinheiro que Deus nos disponibilizou.
Agradecemos a Deus que Jesus é mais do que apenas um rei poderoso – esse tipo de poder absoluto pode ser muito assustador. Mas Jesus é nosso amoroso Senhor. Ele conhece nossas fraquezas e falta de compromisso em fazer o que Deus quer que façamos. É por isso que ele morreu por nós. Ele é o nosso Senhor amoroso que nos capacita a ser seu povo e a fazer a diferença na igreja do mundo

O apóstolo Pedro proclama essa notícia maravilhosa, esse kerygma, em seu famoso discurso de Pentecostes à multidão reunida em Jerusalém.

Com estas palavras ele conclui: “Deus ressuscitou a este Jesus. E nós todos somos testemunhas disso. Ele foi exaltado à direta de Deus, recebeu do Pai o Espírito prometido e o derramou: e isso é o que vocês estão vendo e ouvindo”.

Quando perguntado por alguns que o ouviam: “Irmãos, o que devemos fazer?”,

Pedro responde: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois vocês receberão do Pai o dom do Espírito Santo”.

A magnífica Carta aos Colossenses exorta os primeiros cristãos: “procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus”. Ela assim postula uma visão e uma prática de Ascensão.

Conforme deixa claro o restante do capítulo três desta carta,

as “coisas do alto” acolhem as virtudes do amor, da compaixão, do perdão e da ação de graças ao modo de Jesus Cristo.

Uma tal visão não se retira deste mundo, mas promove a transformação contínua das pessoas em Cristo.

A Ascensão de Cristo não distancia o Senhor do mundo que ele criou e das pessoas que redimiu. Pelo contrário, ela garante a sua promessa: “Eis que estou com vocês todos os dias, pelo século dos séculos ”.


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