quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O Prólogo de Marcos

O Prólogo de Marcos

2º SERMÃO DA SÉRIE DE ESTUDOS NO EVANGELHO DE MARCOS

Escrito em 20 de janeiro de 2022.

Vamos começar comentando este texto que se encontra no primeiro versículo do primeiro capítulo do Evangelho segundo Marcos, que diz assim:

Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. (Marcos 1. 1)

A nível de introdução, permita-me fazer uma breve reflexão. Alguns dias atrás, fiz uma pergunta bem difícil de se responder. Me perguntei onde vou estar quando dobrar a minha idade? No meu caso, quem eu serei quando completar 76 anos? Como você deve imaginar, eu não soube dizer muita coisa. Passei a considerar que dentro de um intervalo de 38 anos dezenas de milhares de possibilidades poderão surgir, afinal, tudo no mundo está em constante movimento. O mundo não pára. O mundo vai girando continuamente e a cada volta que ele dá, nasce um novo dia. Novas situações são colocadas diante de nós, e com elas, oportunidades surgem, novas chances aparecem, novos anseios e desejos também.

Mas mesmo que o mundo esteja em constante mudança e movimento, se você é cristão, assim como eu, então uma coisa não pode mudar: a realidade de desfrutar continuamente da presença de Jesus.

Dentre todas as possibilidades, considerei que o desejo de chegar lá na frente e poder abrir o Evangelho e saborear a mensagem de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Porque lá no futuro, assim como é no presente, tudo é sobre Jesus. Nada é sobre mim; nada é sobre você; é tudo sobre Ele. Nunca deve ser do nosso jeito. Sempre deve ser do jeito dele ou então não deve ser de jeito nenhum. É por causa do nome poderoso de Jesus, que é pregado por meio do Evangelho e aplicado a nós pelo Espírito Santo que Deus salva seu povo. Assim sempre foi e assim sempre será até o fim do mundo. E aqui, não precisamos entrar no mérito escatológico. Podemos simplificar dizendo que o fim do nosso mundo é a morte do nosso corpo. E por mais que você fuja ou se esconda, um dia todos nós haveremos de encarar este fim, porque a vida é passageira e passa muito depressa! Em algumas situações ela é cruel e não espera nem despedida. O sábio autor de Eclesiastes está coberto de razão quando escreveu: “visto que ninguém conhece o futuro quem lhe poderá dizer o que vai acontecer?” (Ec 8.7)

Baseado nisso, pensa comigo. Se nada sabemos sobre o futuro, o que nos resta a fazer?

Acredito que a nós compete apenas idealizar o futuro a partir de um fundamento: aprender com as lições do passado e viver o presente olhando para Jesus porque tudo é sobre Ele. Pois, como diz o sábio de provérbios: “Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.” (Pv 19. 21)

Assim, acredito que se vivermos o presente com os olhos em Jesus, saberemos tomar boas decisões e colheremos bons frutos, pois o nosso futuro está continuamente sob os cuidados de Deus. Agora que introduzimos o tema, vamos aprofundar o assunto em cinco pontos:

PRIMEIRO PONTO: O CORAÇÃO DO EVANGELHO É CRISTO.

Essa é a principal caracteristica do cristianismo.

O coração do hinduísmo é sobre aquilo que o homem pode fazer. O coração do budismo é sobre aquilo que o homem pode fazer. O coração do Islã é sobre aquilo que o homem pode fazer. Mas o coração do Evangelho é sobre aquilo que Jesus Cristo é.

O Evangelho se concentra no que Jesus Cristo fez e não em quais regras devemos obedecer, pois o Evangelho não é um conjunto de regras, embora tenha regras muito importantes. O Evangelho também não é um conjunto de cerimônias como a do batismo e Ceia do Senhor, embora as realizamos porque o Salvador nos ordenou que fizéssemos essas coisas. No entanto, as cerimônias não podem ser a essência do Evangelho porque aquele ladrão que foi crucificado ao lado do Salvador não foi batizado e nem tomou a Santa Ceia e mesmo assim foi para o paraíso por causa da sua afeição pelo Senhor Jesus. A única coisa que ele fez foi dizer: “embora eu mereça a condenação, lembre-se de mim Senhor quando tiveres no paraíso. No mesmo dia ele foi morar com Jesus (Lc 23.41–42, paráfrase). Portanto, não é batismo ou a ceia que salva. Pessoas podem ser batizadas por todo e qualquer modo de batismo e podem comer um pedaço de pão e beber do cálice de vinho e ainda assim podem estar tão perdidas quanto um canibal.

Viver o Evangelho também não é sobre estar congregando na igreja certa, sentado com o grupo certo, fazendo tudo o que o grupo faz, mesmo que esse grupo seja o grupo mais bonito do mundo. Do mesmo modo, viver o evangelho não é se juntar a uma causa para corrigir erros. Os apóstolos não andaram pelas nações da bacia do Mediterrâneo indo de cidade em cidade para pedir as pessoas viessem e se juntassem ao grupo ou à sua causa. Em vez disso, eles foram a todos os lugares falando sobre o Messias que veio ao mundo, contando quem ele era e o que ele, sozinho, tinha realizado.

Sempre houve o consenso da cristandade de que o coração do cristianismo é Cristo. Até mesmo aqueles que abandonaram grande parte do ensino do Novo Testamento poderão dizer que o cristianismo é Jesus! Embora a afirmação esteja correta, a compreensão de quem Jesus é pode estar totalmente equivocada.

Hoje em dia, facilmente encontramos grupos de pessoas que compreendem e pregam sobre um jesus político de extrema direita enquanto que outros grupos compreendem e pregam sobre um jesus marxista revolucionário. Há também aqueles que compreendem e pregam sobre um jesus guru das riquezas e da prosperidade. No ano de 2020, amostras de um Jesus carnavalesco foram apresentadas pela Mangueira no desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Em 2015, uma encenação de um jesus transexual crucificado em plena Avenida Paulista, durante a Parada Gay em São Paulo, deu o que falar. Mas além dessas manifestações populares, há também aqueles que deturpam a imagem de Jesus na academia intelectual, como é o caso daquela escritora australiana chamada Barbara Thiering que, em 1992, apareceu em muitos jornais por causa de um livro que ela escreveu chamado “Jesus o Homem: Uma Nova Interpretação dos Manuscritos do Mar Morto”. O principal conteúdo deste livro, que repercutiu no mundo todo, foi sua sugestão de que Jesus se casou com Maria Madalena e que eles tiveram três filhos: uma menina e dois meninos. Tendo divorciado alguns anos depois, por causa de uma incompatibilidade de personalidades, o casamento deles não deu certo e Jesus se casou novamente.

Terrivelmente, neste mundo pós-moderno que vivemos, muitos jesuses nos são apresentados. Quais deles você conhece? E quais desses jesuses você tem escutado falar? Saiba que todos esses jesuses não passam de distorções humanas que nem de longe se assemelha ao Jesus original que é descrito aqui no Evangelho. O Jesus histórico descrito nos Evangelhos é o Jesus cuja vida transformou milhares de homens e milhares de mulheres no seu tempo e no decorrer de dois mil anos que se passaram desde a sua vinda. Esse é o verdadeiro Jesus que nos é apresentado pelo Marcos e por todos os demais autores dos 27 livros que conhecemos e chamamos de Novo Testamento.

Então a questão que levantamos agora é esta: em qual Jesus Cristo acreditamos e qual Jesus estamos seguindo? Há apenas um que pode ser chamado verdadeiro Jesus e esse é o Jesus do Novo Testamento.

SEGUNDO PONTO: MARCOS É UM DOS QUATRO EVANGELHOS.

Como sabemos existem quatro evangelhos escritos no Novo Testamento, mas Paulo disse aos Gálatas que há apenas um. Inclusive ele expressa um sonoro anátema sobre qualquer um que pregue outro evangelho. Ele está certo e nós devemos levar seu aviso a sério. Há apenas um evangelho e este é uma mensagem de boas novas relevante para o mundo atual e para cada pessoa em todas as épocas. Portanto, talvez seja melhor a gente não falar que é o Evangelho de Marcos — ou de Mateus, de Lucas ou de João. Em vez disso, devemos falar que é o Evangelho de Jesus Cristo segundo o relato de Marcos. É claro que não tem problemas se, porventura, falarmos Evangelho de Marcos, porque foi escrito por ele, mas é sempre melhor a gente enfatizar que o Evangelho é o de Jesus Cristo segundo o relatório de Marcos, ou de um ou de outro discípulo.

Feita a devida distinção, Marcos relata o mais curto dentre os quatro evangelhos no Novo Testamento. Ele escreve apenas 660 versículos. Cerca de 600 deles reaparecem em Mateus e 380 em Lucas.

Imprescíndivel se torna dizer que foi vontade de Deus que as palavras e ações de Jesus chegasse até nós por meio de fontes variadas, e isso tem vantagens maravilhosas, pois nos dão uma visão multi-perspectiva do Filho de Deus. É como se a gente pudesse olhar para o Evangelho por quatro ângulos diferentes.

No capítulo anterior, vimos que cada um dos quatro evangelistas traz consigo sua própria individualidade. Por essa razão cada um dos quatro livros segue seu próprio plano e tem seu próprio propósito. Isso enriquece e aprofunda nosso conhecimento do Evangelho. Agora é bom salientar que a palavra ‘evangelho’ não foi uma palavra inventada pelos cristãos. Eles, simplesmente, pegaram essa palavra emprestada com os romanos e deram um novo significado para ela. Para os romanos, a palavra ‘evangelho’ deveria ser empregada nos eventos relacionados ao imperador, pois ele era considerado como um deus. Em vista disso, empregava-se o termo “evangelho” sempre que houvesse um culto ao imperador, assim como em outras ocasiões, como a celebração do seu aniversário; ou da sua maioridade; ou da sua posse ao trono. Por essa razão, estas celebrações imperiais romanas eram chamadas de evangelho porque anunciavam as boas notícias do seu imperador.

Ainda, cabe dizer que antes dos cristãos fazerem esse empréstimo linguístico estrangeiro, os judeus já haviam feito algo parecido. Na tradução da Septuaginta, que é a tradução do Antigo Testamento para o grego, a palavra evangelho é especialmente encontrada no profeta Isaías que diz: “Formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas” (Is 52.7). Assim, quando os judeus liam esse texto eles contavam aos seus outros companheiros: Olhem que boa notícia! Aqui tá dizendo que no dia que o Senhor voltar a Sião, todos nós seremos salvos! (cf. Is 52.7–9, paráfráse)

Então, no primeiro século da era cristã, surgem os cristãos proclamando tanto a judeus como a gregos, romanos e gentios que o evangelho — isto é, a verdadeira boa-nova — é Jesus, o Filho de Deus. Como resultado disso, muitos judeus e muitos gentios receberam o verdadeiro Evangelho e creram em Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas. Interessante, porém, é notar que aqueles judeus, gregos, gentios e romanos que não creram na boa nova de Jesus passaram a ficar incomodados porque conforme as pessoas se convertiam a Jesus Cristo elas rejeitavam todos aqueles outros evangelhos que lhes eram oferecidos pelas outras religiões. O verdadeiro motivo por trás disso está no fato de que os novos convertidos descobriram que há apenas um evangelho puro simples e verdadeiro: e ele está em Cristo. É deste único evangelho que Marcos, Mateus, Lucas e João deram testemunho.

TERCEIRO PONTO: MARCOS E PEDRO DÃO TESTEMUNHO DE JESUS.

Há dois mil anos atrás, se espalhou os rumores de um judeu extraordinário que disse e fez as coisas mais incríveis possíveis. Ele realizava milagres impressionantes. Sua autoridade e habilidade para ensinar, também era uma coisa fascinante de ver. Ele poderia manter a atenção de milhares de pessoas por horas e horas enquanto falava com eles. Muitas pessoas foram transformadas pelos seus ensinamentos.

Agora imagine que se tivéssemos vivido na mesma época que Jesus, mas que por algum motivo nunca tivéssemos tido a oportunidade de ter conhecido ele pessoalmente, o que poderíamos fazer? Uma boa coisa a se fazer seria consultar aqueles que foram testemunhas oculares de tudo isso!

Lucas ao escrever o livro de Atos no capítulo 10, versículo 22 nos conta sobre um certo gentio, um chefe dos soldados romanos chamado Cornélio. Cornélio morava em Cesaréia, na costa mediterrânea ao norte de Jerusalém. Ele era muito gente boa, um homem do bem, muito íntegro, muito generoso e muito religioso. Ele ouviu algumas histórias sobre Jesus e ficou fascinado por elas. Então Cornélio teve uma ideia:

Ele enviou dois funcionários e um de seus soldados para trazer para Cesaréia um dos amigos mais próximos de Jesus, um ex-pescador chamado Simão Pedro. Eles partiram, o encontraram e lhe disseram: “Pedro… nosso chefe pediu pra gente vir até aqui porque ele “gostaria que você fosse à casa dele para contar mais histórias sobre Jesus.” (Atos 10. 22, paráfrase).

A mensagem sobre Jesus estava se espalhando em todo o mundo. Não havia nenhuma necessidade da igreja fazer qualquer programação para capturar o interesse dos homens. Qualquer coisa que nós, pecadores, tentássemos fazer não seria nada em comparação com aquilo que Jesus estava fazendo.

Depois de conversarem, Pedro aceitou o convite e, no dia seguinte, seguiu viagem de Jope a Cesaréia, para a casa de Cornélio e lá foi recebido com enorme respeito. Quando chegaram, Cornélio o recebeu com a seguinte mensagem de boas-vindas:

Pedro, “estamos todos aqui, esperando diante de Deus para ouvir a mensagem que o Senhor mandou que você nos trouxesse” (Atos 10.33b). Acredito que esse é um ótimo versículo para a igreja dizer a todos os pregadores que subirem em seu púlpito!

Agora, fala sério se você não iria gostar de estar ali na casa do Cornélio ouvindo aquele Pedro que andou lado a lado com Jesus? O testemunho de Pedro é uma das melhores coisas que você pode ouvir hoje.

Vamos ler a passagem escrita em Atos dos Apóstolos 10.34–43:

“34. Então Pedro começou a falar. Ele disse: — Reconheço por verdade que Deus não trata as pessoas com parcialidade; 35. pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. 36. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. 37. Vocês sabem o que aconteceu em toda a Judeia, tendo começado na Galileia depois do batismo que João pregou, 38. como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Jesus andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo, porque Deus estava com ele. 39. E nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Depois eles o mataram, pendurando-o num madeiro. 40. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, 41. não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos. 42. Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que ele foi constituído por Deus como Juiz de vivos e de mortos. 43. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio do seu nome, todo o que nele crê recebe remissão dos pecados”. (Atos 10. 34–43, NAA)

Levamos menos de dois minutos para ler essa passagem-sermão para você. Acredito que, em sã consciência, nenhum de nós ficaria feliz com um sermão de 2 minutos. Por isso, é óbvio que Pedro pode ter falado muito mais do que isso, dando muito mais detalhes da vida, do ensino, dos milagres, da morte e ressurreição de seu amigo e Salvador Jesus Cristo. Eu acredito, ainda, que após a sua exposição, ele respondeu e explicou tudo sobre o que ouviu e viu de Jesus Cristo àquelas pessoas presentes e reunidas na casa de Cornélio.

Agora, no entanto, eu gostaria de chamar a sua atenção para uma coisa. Observe que a exposição de Pedro à Cornélio é um esboço — ou, uma mesma abordagem básica — que Marcos nos dá em seu evangelho, em breves dezesseis capítulos, cobrindo os dois ou três anos do ministério público de Jesus Cristo.

Tal como o discurso de Pedro, Marcos começa com o batismo de Jesus por João, a vinda do Espírito Santo sobre ele e o ministério de nosso Senhor na Galiléia e terminando em Jerusalém. Então, depois disso, nos é dado um relato de sua provação, crucificação e ressurreição. É nítido que Marcos está seguindo esse esboço do sermão de Pedro ao escrever o evangelho. Ambos nos dizem que um homem chamado João levou Jesus para as águas do rio Jordão e ali o batizou. Naquela mesma ocasião, Deus ungiu Jesus com o Espírito Santo e poder. Por cerca de três anos e meio, esse mesmo Jesus caminhou por toda a terra de Israel e visitou Samaria também. Ele abriu a boca e ensinou em diversos púlpitos. Esses púlpitos ficavam nas casas de pessoas reais, nos barcos, nas montanhas, nas ruas, nas sinagogas e no Templo em Jerusalém. Esse mesmo Jesus foi realmente crucificado, ele realmente morreu e foi literalmente enterrado em um túmulo na rocha. E três dias depois, esse mesmo Jesus ressuscitou do túmulo. Ressurreto, Ele falou, comeu e bebeu com seus discípulos. Por quarenta dias, ele passou um tempo com eles, exortando-os a irem por todo o mundo com as Boas Novas daquilo que tinham visto e ouvido dele. Então, após isso, Ele subiu ao céu.

Deixe-me fazer uma aplicação aqui: Observe que a história de Jesus de Nazaré não é como a história do Harry Potter — ou do Senhor dos Anéis ou as crônicas de Nárnia, ou a história de São Jorge matando o dragão, pois todas essas histórias são contos de fada. Mas a história de Jesus é uma história real. É verídica. Foi fixada na história. É a história que dividiu o calendário no meio em A.C. e D.C. Mas em pleno século 21, ainda existem homens e mulheres que se declaram professores mestres e doutores que dizem não fazer diferença se Cristo ressuscitou literal e corporalmente dos mortos. Eles alegam que a narrativa da ressurreição de Jesus pode ser um mito porque os mitos podem ser usados para ensinar grandes verdades. Então para eles, se Jesus ressuscitou ou não é irrelevante. Mas a morte não é um mito. Por mais que você fuja e tente se esconder, um dia a morte aparece e nos encontra. Na verdade, a cada nova hora que vivemos a morte se aproxima mais e mais de nós. Quanto mais as horas passam, mais perto nos aproximamos dela. Não tem como fugir… Morrer é a terrível realidade para a qual todos nós estamos caminhando.

Entretanto, no intervalo desse dilema angustiante, eis que surge uma boa notícia, Marcos e Pedro nos dizem que alguém voltou do túmulo! Jesus ressuscitou e não é vã a nossa fé! Agora, a nossa realidade suprema repousa nEle, e não mais na morte. Jesus é Real! É sobre este Jesus que Pedro, Marcos e toda a Escritura dão testemunho!

QUARTO PONTO: ALGUMAS EVIDÊNCIAS SOBRE A AUTORIA DE MARCOS.

Como sabemos, Paulo ao escrever suas cartas sempre assina seu nome nos primeiros versículos. Mas o Marcos não assina o seu nome em nenhum lugar deste evangelho. Mesmo assim, desde o início, os pais da igreja cristã nos disseram que este livro foi escrito por João Marcos.

Por volta do ano 140 d.C., Papias, que era bispo da igreja em Hierápolis, ao escrever um trabalho de cinco volumes intitulado “Interpretação dos Oráculos do Senhor”, citou alguém que ele identificou como “o presbítero” (provavelmente João, o presbítero), que disse: “Marcos tendo se tornado o intérprete de Pedro escreveu com precisão tudo o que se lembrava […] das coisas ditas e feitas pelo Senhor”.

Outro testemunho semelhante é encontrado entre os livros de um dos principais escritores cristãos primitivos, Ireneu de Lyon (130–200 d.C.) que disse: “Após a morte de Pedro e Paulo, Marcos que era discípulo de Pedro, nos transmitiu por escrito as coisas que o apóstolo pregou” (Contra as Heresias, Livro 3, Capítulo 1).

O primeiro apologista cristão, Justino Mártir, escreveu “Diálogo com Trifão” (aproximadamente 150 d.C.) e incluiu esta interessante passagem: “Dizem que ele [Jesus] mudou o nome de um dos apóstolos para Pedro; e está escrito em suas memórias que ele mudou os nomes dos outros, dois irmãos, os filhos de Zebedeu, para Boanerges, que significa ‘filhos do trovão’ …”

Justino, portanto, identificou um Evangelho em particular como o “livro de memórias” de Pedro e disse que essas memórias descreviam os filhos de Zebedeu como os “filhos do trovão”. Somente o Evangelho de Marcos descreve João e Tiago dessa maneira, por isso é razoável supor que o Evangelho de Marcos é o livro de memórias de Pedro.

Entrementes, como apresentamos no primeiro capítulo, Papias, Irineu, Justino e muitos outros pais da igreja apontam e validam as evidências externas da autoria marcana. Mas também há indícios internos, isto é, na própria escritura que indicam a autoria de Marcos ao escrever o evangelho de Jesus Cristo segundo as memórias de Pedro.

Assim, tido como ajudante de Pedro, a tradição também sustenta que Marcos nasceu em Jerusalém, onde sua mãe Maria possuía uma casa grande o suficiente para receber muitos cristãos.

Considera-se que Jesus escolheu esta casa para celebrar a última Páscoa com seus discípulos. Neste relato, a escritura menciona um jovem que carrega um jarro de água. Acredita-se que este jovem é Marcos (Mc 14. 13). Nesta mesma casa de João Marcos, conforme Atos 12, Pedro bateu na porta e encontrou a igreja reunida, intercedendo para que ele pudesse ser liberto da prisão.

No entanto, algumas circunstâncias complicadas também são contabilizadas na biografia de Marcos. Ele abandonou uma viagem missionária ao lado de Paulo e Barnabé para voltar pra casa (At 12.25–13.13. Tempo depois, mesmo com os apelos de Barnabé, que era primo de primeiro grau de Marcos, Paulo rejeitou uma segunda chance ao jovem missionário (pelo menos naquele momento). Foi por esse motivo que Barnabé e Paulo assumiram missões diferentes (At 15.38). Durante os últimos anos da vida de Paulo, Marcos, aquele que foi rejeitado pelo apóstolo, lhe fez companhia, permanecendo ao seu lado nas horas mais difíceis. Lemos o testemunho dessa amizade restaurada nas cartas aos Colossenses 4.10, Filemom 24 e 2 Timóteo 4.11.

Do mesmo modo, consideramos a grande amizade entre Marcos e Pedro, ao ponto do apóstolo se referir a ele como seu filho na fé. (1 Pedro 5.13).

Em conclusão, cremos que o evangelista tinha conhecimento pessoal e vital daquilo que estava escrevendo pois ele passou horas com o Senhor Jesus e desfrutou da amizade dos apóstolos. Mesmo conhecendo seu fracasso, vergonha e culpa ao fugir pelado do Getsêmani e de ter abandonado uma viagem missionária, Marcos recebeu perdão e graça de Deus e dos amigos e foi capacitado pelo Espírito Santo para escrever este evangelho.

QUINTO PONTO: COMO O EVANGELHO DE MARCOS NOS DESAFIA?

Acredito que Marcos não está interessado em nos apresentar qualquer desafio emocional em seu relato do evangelho. Pelo contrário, ele está nos confrontando com um desafio intelectual. O Marcos tem por objetivo nos apresentar um registro histórico de que Jesus é o Cristo que foi enviado a este mundo por Deus.

Em outras palavras, Marcos quer que o leitor chegue a conclusão que, se o que Jesus diz é a verdade, então suas palavras tem consequências muito importantes em sua vida. Por exemplo, se o que Jesus diz é verdade e nós o rejeitamos então vamos para o inferno. E se o que ele diz é verdade e nós o recebemos então ele se torna nosso Salvador.

Neste sentido, o desafio que surge nas entrelinhas do Evangelho segundo Marcos é que, primeiro: você precisa ponderar sobre as reivindicações de Jesus! Segundo: você precisa refletir na possibilidade de que o que Jesus disse seja verdade! Terceiro: você deve considerar a possibilidade de que Cristo seja o Deus-Filho.

Ao refletir sobre isso, acredito que nunca haverá um livro mais importante para você ler do que o evangelho de Marcos. E nunca haverá uma pergunta mais importante para você responder. Em última instância, se o que Jesus diz no Evangelho é verdade, então você deve se ajoelhar e submeter o seu intelecto aos pés de Cristo. E ao fazer isso, você precisa orar para que ele tenha misericórdia de você e perdoe seus pecados e se torne o seu Senhor e Salvador. Na medida que você ora, você deve dizer algo desse tipo: “Senhor, se tudo isso é verdade, então, transforma o meu destino! Me leve até o ponto em que eu reconheça que agora eu também serei uma testemunha alegre e grata de que a mensagem do Calvário é verdadeira, e que eu devo espalhar essa mensagem de que Cristo morreu por nós”.

Essa é a boa notícia de Jesus Cristo o Filho de Deus, que Marcos tem pra nos contar.

No próximo post, vamos falar do batismo e tentação de Jesus. Nos encontramos lá!

Deus te abençoe!

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Texto: Diego Gonçalves // Escrito para Igreja Dae Han | MEP 
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