1º sermão da série “O Desafio do Amor” — baseado em 1 Coríntios 13.1–3 para a Igreja Daehan em 07.08.22 e Comunidade Essência Cristã em 14.08.22 por Diego Gonçalves
Por favor, abra a sua Bíblia em 1 Coríntios 13 — que é chamado de o capítulo do amor na Bíblia. Hoje, vamos ficar apenas com os versículos 1, 2 e 3 em que Paulo fala sobre a medida do amor. Na próxima semana, veremos os versículos 4–7, onde Paulo descreve o caráter do amor. E na terceira semana veremos os versículos 8–13, onde Paulo proclama a supremacia ou superioridade do amor.
Leitura de 1 Coríntios 13.1–3
1. Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que ressoa ou um címbalo que retine. 2. Se eu tivesse o dom de profecias, se entendesse todos os mistérios de Deus e tivesse todo o conhecimento, e se tivesse uma fé que me permitisse mover montanhas, mas não tivesse amor, eu nada seria. 3. Se desse tudo que tenho aos pobres e até entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me adiantaria. — 1 Coríntios 13.1–3, NVT
Oração:
Senhor, que esta parte da Tua Palavra nos ajude a nos tornarmos um povo mais amoroso. Que as nossas vidas possam ser canais do amor de Deus — canais que fluem e que se espalham para outras pessoas todos os dias, durante toda a nossa vida. E assim como Deus é amor. Que nós, possamos amar uns aos outros como Cristo nos amou. Amém!
INTRODUÇÃO
Gostaria de começar fazendo uma pergunta: Como você mede sua vida? E como você mede o valor das coisas que fez, realizou ou conquistou?
Todos nós sabemos que o padrão de medida que o mundo gosta de usar é quanto dinheiro você ganha ou vai ganhar no futuro! Curiosamente, temos adotado expressões como “de milhões” para falar de algo muito bom e “de centavos” para o oposto disso. A impressão que passa é que o dinheiro está intrinsicamente relacionado aos valores essenciais de uma pessoa. De certo modo, nossa sociedade tem se utilizado esse parâmetro — de quanto mais dinheiro você ganha, mais importante você é.
Ocorre, porém, que esse meio de medida é semelhante a um vírus de um sistema distorcido. Veja bem, sob este sistema infectado tendemos a valorizar muito mais nossos heróis esportivos do que nossos professores; sob esse sistema distorcido de medidas tendemos a valorizar muito mais artistas e digital influencers do que assistentes sociais e até mesmo, os pais humildes que criam seus filhos.
Entretanto, durante a pandemia do coronavírus, vimos claramente como esse sistema estava errado. Vimos por algumas vezes, vários atletas e artistas aplaudindo e afirmando que os profissionais de transporte e os profissionais da saúde é que eram os verdadeiros heróis que nós deveríamos admirar.
Esse é um tipo de padrão que o mundo adota para medir a sua vida. Agora, uma outra maneira pela qual a sociedade tenta medir seu valor tem a ver com seu status.
Status é simplesmente como as pessoas classificam você em comparação com outras pessoas — Sua moradia, sua faculdade, sua formação, suas roupas, seu carro, seu número de seguidores. Tudo isso, somados a sua popularidade, fazem de você uma pessoa de status. O status geralmente está associado ao dinheiro, mas nem sempre… Conheço algumas pessoas que vivem de status mas não tem um real rasgado no bolso….
Mas além do dinheiro e do status, há também muitas outras maneiras pelas quais as pessoas tentam medir seu valor na vida. Alguns medem o seu valor de acordo com a sua nacionalidade, sua cor, sua raça, seu peso, sua produtividade, sua educação, seus talentos e a lista continua…
Mas aqui nos versículos 1 à 3 de 1 Coríntios 13, a Palavra de Deus introduz uma medida bem diferente: é a medida do amor. Para Paulo, o apóstolo que escreveu esse texto, a verdadeira medida para tudo o que somos, tudo o que dizemos, tudo o que temos e tudo o que fazemos deve ser o amor! Pois, sem amor, até mesmo as nossas melhores realizações não são nada aos olhos de Deus.
Para explicar esse novo padrão de medida, Paulo, pega o conceito e o aplica um postulado em três diferentes áreas da nossa vida. Primeiro, ele olha para o discurso de uma pessoa. Segundo, ele olha para os dons de uma pessoa e, terceiro, ele olha para o sacrifício de uma pessoa.
I. Você não pode medir o valor de suas palavras pela imponência de sua fala. (versículo 1)
Então, em primeiro lugar, Paulo olha para o discurso de uma pessoa. Vamos ler novamente o versículo 1:
1. Se eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um sino que ressoa ou um címbalo que retine. — 1 Coríntios 13.1, NVT
Quando estava preparando esse sermão, percebi que os comentários bíblicos que consultei ficam divididos sobre o que Paulo quer dizer quando se refere a “falar nas línguas dos homens e dos anjos”.
Alguns comentaristas apontaram que essa era uma maneira comum de se referir a discursos eloquentes, muito praticado pelos sofistas gregos. Sofistas eram professores que tinham uma retórica muito boa, que se apresentavam ao público e que pregavam que o homem, e não Deus, era o centro de tudo. Então, para esses grupo de comentaristas, uma pessoa que falava nas línguas dos homens e dos anjos falava com grande eloquência e estilo.
Agora, o outro grupo de comentaristas apontam que este versículo ocorre no contexto de uma discussão sobre dons espirituais e, especialmente, o dom de línguas. Portanto, eles sentem que esse primeiro versículo deve se referir ao dom espiritual de falar em línguas.
Se você olhar para o contexto mais amplo, vai perceber que tanto no capítulo 12 quanto no capítulo 14 de 1 Coríntios, Paulo está falando sobre dons espirituais.
A minha opinião aqui, é que qualquer interpretação é possível. Os coríntios realmente lutaram com ambas as questões, e particularmente, acho Paulo tão inteligente que, muito provavelmente, ele estava pretendendo que ambos os significados fossem captados pelos coríntios.
A. A fala mais eloquente não pode comunicar nada de valor.
De um jeito ou de outro, os coríntios nos dias de Paulo estavam muito envolvidos na fala. Eles eram falantes e debatedores. Também apreciavam e valorizavam um discurso forte, fervoroso, ousado e persuasivo. Eles louvavam e enalteciam as pessoas eloquentes. Ao passo que, aparentemente, muitos deles desprezavam Paulo porque sentiam que o apóstolo não tinha essas qualidades.
Vamos ler o que eles diziam em 2 Coríntios 10: 10.
“Pois alguns dizem: “As cartas de Paulo são exigentes e enérgicas, mas em pessoa ele é fraco e seus discursos de nada valem”. — 2 Coríntios 10.10, NVT
Agora, o próprio Paulo admitiu que não era o mais eloquente dos oradores. Vamos ler o que ele diz no capítulo dois de 1 Coríntios 2. 1, 3–4:
“1. Irmãos, na primeira vez que estive com vocês, não usei palavras eloquentes nem sabedoria humana para lhes apresentar o plano secreto de Deus. … 3. Fui até vocês em fraqueza, atemorizado e trêmulo. 4. Minha mensagem e minha pregação foram muito simples. Em vez de usar argumentos persuasivos e astutos, me firmei no poder do Espírito.” — 1 Coríntios 2.1, 3–4, NVT
O coração de Paulo estava calibrado! Mas Infelizmente, essa ênfase na eloquência contribuiu para divisões na igreja de Corinto sobre quem era o melhor pregador: Paulo, Pedro ou Apolo.
Apolo, era o tipo de pregador preferido dos coríntios. Lemos em Atos 18.24–28 que “Ele (Apolo) era um orador eloquente, que conhecia bem as Escrituras, que tinha sido instruído no caminho do Senhor e ensinava a respeito de Jesus com profundo entusiasmo e exatidão… falando corajosamente… e refutando, vigorosamente, os judeus no debate público. (Atos 18.24–28)
Esse era o tipo de discurso que os coríntios achavam impressionante. Ousado, persuasivo, eloquente — e isso, como tudo indica, era tudo o que Paulo não era.
B. O dom de línguas pode ser aplicado de forma egoísta.
Mas além de se impressionarem com a eloquência, Os coríntios também ficaram impressionados com o dom de línguas.
O que é dom de línguas? O dom espiritual de línguas é a capacidade dada pelo Espírito Santo para você falar em uma língua que você não estudou.
Atos 2 registra que o derramamento inicial do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi acompanhado pelo falar em línguas. Judeus de muitas nações se reuniram em Jerusalém para a celebração de Pentecostes. Os discípulos falavam em outras línguas — nesse caso, línguas estrangeiras que eles não haviam estudado, mas que eram compreendidas por essas pessoas de outras nações.
(obs: É como se eu começasse a falar em línguas estranhas pra mim, mas compreensíveis para os pais coreanos. Nesse caso, eles me ouviriam pregar na língua deles.)
Mas Paulo, também fala de um outro tipo de línguas que por sua vez, são totalmente estranhas — que os irmãos pentecostais chamam de línguas de fogo. O apóstolo, inclusive, fala desse dom de línguas como um dom válido do Espírito Santo que, quando usado corretamente, edifica o corpo de Cristo. Sobre esse assunto, Paulo escreve mais informações que encontramos em 1Co12 e 1Co14 com a finalidade de instruir os coríntios sobre como usar adequadamente essas línguas.
No entanto, a questão central é que os coríntios viam erroneamente o falar em línguas como um sinal de status especial. Aqueles que falavam em línguas se viam mais importantes do que aqueles que não falavam. Claro que todos os dons eram especiais, mas eles achavam que o dom de línguas era o mais importante de todos. E sabe o que eles fizeram aqui? Se dividiram em dois grupos: a elite — que falava em línguas e o grupo não especial — que não possuíam esse dom espiritual, e portanto, não falavam em línguas.
Assim, ao invés de edificar o corpo de Cristo, eles estavam ostentando de forma egoísta o dom de línguas para seu próprio benefício, para sua própria imponência, para o seu próprio status. Neste sentido, o que Paulo tá querendo dizer é que a imponência, a altivez e até o brilhantismo de uma fala, por si só, é um péssimo padrão para medir alguém! Pra falar a verdade, esse é um falso padrão de medida. Pois você não pode medir o valor das palavras, nem o valor do amor pela imponência de fala de alguém. Porque até mesmo a fala mais eloquente pode comunicar nada de valor. E até mesmo a fala mais brilhante pode comunicar nada de valor. Basta ler um pouco de história que veremos que Adolf Hitler fazia discursos muito eloquentes, convincentes e persuasivos. E qual foi o resultado disso? Todos nós sabemos!
Assim, tal como, o dom de línguas pode ser usado e aplicado de forma egoísta. Usado e aplicado para ferir os outros, em vez de edifica-los. Por isso, Paulo tá coberto de razão quando diz que a medida adequada das nossas palavras não tem a ver com o brilhantismo, mas tem tudo a ver com o amor. Obviamente que falar eloquente ou falar em línguas tem seu lugar e hora, e realmente, pode impressionar algumas pessoas, mas isso, em si mesmo, não impressiona Deus porque Deus mede suas palavras não pela imponência da sua fala mas pelo seu amor.
E assim, Paulo escreve: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”.
Como o bronze que soa… como o címbalo que retine… Essa é a medida da imponência sem amor! Esse é o resultado! Um gongo de bronze barulhento e um prato de bateria, do mais ensurdecedor, cujo fim é vazio, oco, conflitante e desprovidos de qualquer conteúdo significativo.
II. Você não pode medir sua maturidade espiritual pela extensão de seus dons. (versículo 2)
Em seguida, Paulo fala sobre os dons de uma pessoa. Se você não pode medir uma pessoa pela imponência de sua voz, então, que tal pela qualidade de seus dons? Vamos ler o versículo 2.
Paulo escreve:
“Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.” — 2 Coríntios 13.2, NVT
Vimos que a igreja dos coríntios estava apaixonada por dons espirituais. E de fato, Deus os abençoou com muitos dons. Encontramos uma lista completa no capítulo doze, a saber: sabedoria, conhecimento, fé, cura, milagres, profecia, discernimento de espíritos, falar em línguas, interpretação de línguas, ajudar os outros, administração. E isso é só no capítulo 12.
Agora, não há nada de errado com os dons espirituais. Os dons espirituais são um presente de Deus. Eles são essenciais para edificarmos uns aos outros e, principalmente, para nos ajudar a funcionar como a igreja de Jesus Cristo. Quando esses dons são usados corretamente, a sua utilidade faz exatamente isso: Nos ajuda a sermos Igreja.
De fato, os dons são bons! Deus não dá dons ruins a ninguém! Por isso, o problema não é com os dons espirituais, mas com o uso indevido deles. Com o mal-entendimento que temos acerca deles. Com o apelo exagerado em alguns dons e a exclusão de outros dons. É nisso que os coríntios erravam quando se tratava dos dons espirituais. E o erro que eles cometeram, é um erro que ainda hoje as pessoas cometem. Qual é o erro? Os coríntios cometeram o erro de confundir dons espirituais com maturidade espiritual. Mas, como devemos saber, essas duas coisas — dons espirituais e maturidade espiritual — nem sempre vem juntas.
O primeiro versículo nos ensinou que você não pode medir o valor de suas palavras pela imponência de sua fala. Já o versículo 2 nos ensina que você não pode medir sua maturidade espiritual pelo emprego dos seus dons.
A. O maior dom da profecia.
Aqui, neste versículo 2, Paulo menciona três dons espirituais. Quais são? São o dom da profecia, dom do conhecimento e dom da fé.
Então, em primeiro lugar, vemos o dom da profecia. No capítulo 14, Paulo diz que o dom da profecia é maior que o dom de línguas. Mas o que é o dom da profecia? O dom espiritual da profecia é a capacidade dada pelo Espírito Santo de falar as palavras específicas de Deus ao homem. E qual é o objetivo do dom da profecia? O objetivo da profecia é fortalecer, encorajar e confortar as pessoas da comunidade. Enquanto isso, a igreja tinha o dever de receber, examinar e testar cuidadosamente cada profecia segundo as Escrituras. Na igreja primitiva, enquanto não possuíam o cânone bíblico em mãos, muitos profetas deram revelações específicas de Deus.
Mas aqui, talvez você se pergunte: em nossos dias, Deus ainda trabalha dessa forma? Não vejo nenhuma razão pela qual ele não possa trabalhar assim. Mas tal como na igreja primitiva, temos que pesar cuidadosamente qualquer suposta revelação de Deus. E como a gente faz isso? Examinando a profecia diante da Palavra de Deus. Particularmente, eu acredito que, hoje em dia, o dom da profecia é melhor exercido no dom da pregação. Ou seja, Deus fala diretamente as pessoas à medida em que elas estão ouvindo a pregação da Palavra de Deus. Talvez por isso, Paulo aponta para o dom da profecia e diz: “Se eu tenho esse dom, mas não tenho amor, eu não sou nada”.
B. Um generoso dom de conhecimento.
Em seguida, Paulo menciona o dom do conhecimento. E o que é o dom do conhecimento? O dom espiritual do conhecimento é uma capacidade dada pelo Espírito Santo para que uma pessoa tenha compreensão, revelação ou insights sobre os mistérios de Deus. Isso pode envolver uma palavra de conhecimento. Ou seja, acontece quando Deus dá, de forma sobrenatural, um conhecimento direto a uma pessoa sobre algo que ela não teria conhecido por meios naturais. É de fato, uma compreensão especial ou insight sobre as Escrituras. Na minha caminhada, conheci algumas pessoas com esse dom. É impressionante! No entanto, para captarmos melhor o pensamento de Paulo, não se trata apenas sobre uma palavra específica aqui ou uma visão ali. O dom do conhecimento tem muito mais a ver com a capacidade de entender todos os mistérios e todo o conhecimento.
Me diga se você gostaria de entender todos os mistérios? Por exemplo: Você gostaria de ser capaz de explicar a trindade, a encarnação, a predestinação, o livre arbítrio, o fim dos tempos e conhecer e explicar todos os outros mistérios das Escrituras?
Mas vai além disso, o dom do conhecimento não se trata apenas de explicar os mistérios dogmáticos das Escrituras, mas também os mistérios do universo! Por exemplo: você gostaria de receber esse dom para entender o funcionamento interno dos átomos e das galáxias? E entender como a luz pode ser uma partícula e ao mesmo tempo, uma forma de onda? Você gostaria de encontrar a cura para o câncer? Ou explicar como as abelhas voam?
Pois bem… eu acredito que esse é o sentido do nosso texto! Você pode ter um dom especial para entender não apenas todos os mistérios, mas também todo o conhecimento! É como se Paulo exagerasse o dom do conhecimento quase ao ponto da onisciência! — Se você não sabe, a onisciência é a capacidade de saber tudo o que há para saber — Em outras palavras, é saber o que só Deus pode saber! E esse é o ponto do nosso texto! Mais uma vez, Paulo aperta a tecla que tensiona os sentidos. É como se ele dissesse: “Meu irmão! Minha irmã! Mesmo que você seja onisciente, mesmo que você saiba tudo o que Deus sabe, se você não tiver amor, então, você não é nada. E de nada vale saber tudo isso!”
C. Um poderoso dom de fé.
Paulo continua… além dos dons da profecia e conhecimento, o terceiro dom que ele menciona no segundo versículo é o dom da fé. O que é o dom da fé? O dom espiritual da fé é a capacidade dada pelo Espírito Santo para confiar em Deus nas coisas que nos são impossíveis.
Todos nós sabemos que a fé é um dos temas mais importantes na Bíblia. Hebreus 11 nos diz que a pessoa que se achega a Deus deve ter fé, porque sem fé é impossível agrada-Lo. Somente pela fé que todas as coisas são possíveis para aquele que crê em Deus!
Você e eu sabemos que o grito da reforma protestante do século 16 só foi possível porque alguém entendeu que somos salvos pela graça mediante a fé.
Veja quão importante é esse dom! E aqui, em nosso texto, no versículo 2, Paulo fala sobre uma fé tão grande e poderosa que pode mover montanhas. Entretanto, mesmo que você tenha esse tipo de fé que move montanhas (Puf… e se foi!), sem amor, você não é nada.
Então, a questão chave do segundo versículo é essa: você não pode medir sua maturidade espiritual pela qualidade de seus dons. Os dons espirituais não são um sinal de maturidade espiritual, mas um sinal da graça de Deus. Pois Deus dá seus dons gratuitamente a todos aqueles que Nele acreditam.
Repare no que Paulo diz: você pode profetizar, pode ter grande conhecimento e pode ter uma fé gigante, e mesmo assim, não ser nada.
Portanto, a sua maturidade espiritual não é medida pelos seus dons, mas é medida pelo seu amor. Os dons são importantes, na verdade, os dons são essenciais para o corpo de Cristo, mas o amor que é a verdadeira medida da sua maturidade em Cristo.
III. Você não pode medir o tamanho da sua recompensa pela profundidade do seu sacrifício. (versículo 3)
Então, em primeiro lugar, eu disse que você não pode medir o valor de suas palavras pela imponência de sua fala. E em segundo lugar, que você não pode medir sua maturidade espiritual pela qualidade dos seus dons. E agora, em terceiro e último lugar, quero dizer que você não pode medir o tamanho da sua recompensa pela profundidade do seu sacrifício.
Vamos ler o versículo 3:
“Se desse tudo que tenho aos pobres e até entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me adiantaria.” — 1 Coríntios 13.3, NVT
Assim como Paulo escreveu, nos seus termos mais elevados, sobre “o falar nas línguas dos homens e dos anjos” como uma boa eloquência; e também escreveu sobre os dons, no seu sentido mais amplo, como “profetizar, entender todos os mistérios e todo o conhecimento e ter uma fé que move montanhas”; assim, do mesmo modo, ele escreve sobre o sacrifício em seu sentindo mais nobre. Na verdade, ele nos dá dois exemplos de sacrifícios mais extremos que uma pessoa pode fazer.
A. Dando tudo o que você possui aos pobres.
O primeiro exemplo é sobre dar tudo o que você possui aos pobres. Algumas pessoas acham muito difícil viver longe da busca por mais dinheiro. Na verdade, algumas pessoas colocaram o dinheiro como o verdadeiro senhor das suas vidas. E agora, quanto mais elas ganham, mais avarentas ficam e sentem mais dificuldade em doar. E isso é triste, porque a Bíblia ensina que, na verdade, é muito mais feliz e abençoador dar do que receber; mas aqueles que se apegam firmemente ao seu dinheiro nunca aprendem a alegria de dar, de doar, de ofertar, de oferecer — mas isso não quer dizer que não devamos ser sábios com nosso dinheiro. A Bíblia nos ensina que devemos ser generosos, especialmente com aqueles que precisam. Por outro lado, algumas pessoas até dão, mas dão por motivos errados. Eles cedem por culpa ou compulsão ou pelo desejo de receber algo de volta. Mais uma vez, a Bíblia nos ensina que não devemos dar sob compulsão ou esperar receber de volta, mas devemos ofertar livremente, de bom grado e com alegria.
Interessante que Jesus falou sobre algumas recompensas que virão para aqueles que dão, que ofertam e que doam. No entanto, a motivação da pessoa tem que estar certa. Vocês devem se lembrar das palavras que Jesus disse aos seus discípulos, relacionado a este assunto:
Mateus 6.2–4 diz:
“2. Quando ajudarem alguém necessitado, não façam como os hipócritas que tocam trombetas nas sinagogas e nas ruas para serem elogiados pelos outros. Eu lhes digo a verdade: eles não receberão outra recompensa além dessa. 3. Mas, quando ajudarem alguém necessitado, não deixem que a mão esquerda saiba o que a direita está fazendo. 4. Deem sua ajuda em segredo, e seu Pai, que observa em segredo, os recompensará.” — Mateus 6.2–4, NVT
Então, sim, há uma recompensa em dar. Mas não é automático, entende? Devemos ajudar e ofertar com a motivação certa. Portanto, você não pode medir o tamanho da sua recompensa pelo quanto você oferta, dá ou sacrifica.
Uma vez li que o Jeff Bezos (dono da Amazon) é o cara mais rico do mundo e, consecutivamente, o maior filantropo do mundo. Ele tem ajudado muitas ONGs e doado mais dinheiro do que todos nós juntos um dia, poderemos ganhar nessa vida. Pense nisso. É muito dinheiro. Apenas 1% desse dinheiro doado resolveria todos os seus problemas! Entretanto, não podemos julgar seu coração, porque não o conhecemos pessoalmente, mas partindo do texto bíblico que estamos lendo, me permita fazer uma observação aqui. Se a doação deste homem, que é o homem mais rico do mundo, não foi motivada pelo amor a Deus e pelo amor ao próximo, então ele não receberá nada, no que diz respeito à recompensa.
Repare que Paulo não tá falando sobre quantia. Jeff Bezos tem dado muito dinheiro. Poderia um dia dar tudo? Não sabemos! Entretanto, especula-se ele e sua família, tem muito dinheiro investido por aí … E Paulo, lança a real. E a real é essa: mesmo que um dia, Bezos e sua família doem tudo o que tem, se eles fizerem isso sem amor, então de nada vai adiantar. Será inútil! Será em vão!
Caminhando para a conclusão, gostaria de contar duas histórias verídicas.
A primeira é a história de um jovem chamado Charles Thomas Studd. C. T. Studd foi um missionário inglês que nasceu em 1860 e viveu até 1931.
A sua história é um exemplo de uma pessoa que realmente entregou tudo a Cristo. Ele herdou muito dinheiro do seu pai! Estima-se que ele recebeu uma fortuna de várias centenas de milhares de dólares! Em um determinado momento da vida, na verdade, um pouco antes de se casar ele se sentiu compelido por Deus, a doar tudo o que tinha e deu! No entanto, de toda a sua herança, ele guardou apenas um pouquinho — um dote de alguns milhares de dólares para dar à sua esposa no dia do casamento. Sabe qual foi a reação dela quando soube? A jovem esposa do Charles Studd disse:
— “Charlie, o que Jesus disse para o jovem rico fazer?”
Ao que ele respondeu:
— “Vende tudo e dê aos pobres.”
Então ela disse:
— “Bom, então vamos começar só com o Senhor no dia do nosso casamento.” E eles doaram até aquela última reserva que tinham!
C.T. Studd e sua esposa foram para a África como missionários e serviram lá pelo resto de suas vidas.
E quanto ao dinheiro que eles deram? Bem, uma parte do dinheiro foi para os EUA, doado para o pr. e teólogo Dwight Moody para fundar o Instituto Bíblico Moody, que hoje é um dos maiores seminários dos EUA e tem formado milhares de pastores nesse tempo. Outra parte foi para a Inglaterra, para o orfanato de George Mueller, alimentando e vestindo milhares de crianças. Outra parte do dinheiro foi para a China para ajudar na missão do Hudson Taylor, que hoje é considerado o pai das missões modernas, tal como conhecemos atualmente. Estima-se que Hudson Taylor levou 18.000 chineses a Cristo. E a última parte, o dote do casamento, foi enviado para o Reino Unido para William Booth, o famoso pregador e capitão sem armas do Exército da Salvação! O Exército da Salvação hoje é uma das maiores frentes de ajuda humanitária! Juntas, essas quatro missões alcançaram e abençoaram mais gente do que se pode contar! É possível afirmar que elas foram as mais conhecidas e eficazes juntas de missão do século XX para o Senhor.
Essa é a primeira história que eu tinha que contar para vocês! Podemos dizer que o casal Studd colheram muitos frutos — tanto em vida como na morte — através de sua oferta de amor. Agora, deixe-me te contar a segunda história…mas antes, preciso terminar de explicar o versículo 3.
Então, no vs. 3, o primeiro exemplo que Paulo usa é dar todo o seu dinheiro aos pobres.
B. Entregando seu corpo às chamas.
E o segundo exemplo que ele fornece no mesmo versículo, tem a ver com um grande sacrifício. Ele ilustra algo sobre entregar seu corpo à fogueira. Ou seja, um ato de martírio que resulta em sofrimento pessoal e a perda de sua própria vida.
De bom grado, você daria a própria vida em benefício de outros? Minha gente, hoje em dia, pensar em dar todo o seu dinheiro já é uma coisa complicada. Imagina, então, dar a sua própria vida! É muito mais difícil, não é mesmo? Não há dúvidas de que entregar-se voluntariamente a uma morte dolorosa é o maior sacrifício de todos.
A história da Igreja nos conta que muitos dos primeiros cristãos entregaram seus corpos à cruz, às chamas, aos leões e à espada. E acredite ou não, até hoje, muitos cristãos em todo mundo continuam a sofrer por sua fé. Me recordo das palavras e da disposição de um querido pastor coreano que estava se preparando para sua aposentadoria, mas não para descansar, e sim para terminar os anos de sua vida pregando na Coréia do Norte. Sinto que ele realmente está disposto a enfrentar tudo por amor a Cristo!
Agora, é chocante ler em nosso texto o aviso que o Apóstolo Paulo dá ao dizer que mesmo que você entregue sua vida como sacrifício, se você fizer isso sem amor, então, não adiantou de nada! Não valeu pra nada! É chocante não é? Creio que esse é o desafio do amor!
Agora, deixa eu te contar a segunda história que prometi:
Houve um homem na história da cristandade chamado Policarpo. Ele é considerado um dos pais da Igreja. Viveu na segunda geração de cristãos, logo após a era dos Apóstolos. Ele se tornou o bispo da Igreja de Esmirna, uma das sete igrejas da Ásia. Também conheceu de perto o apóstolo João e foi discipulado por ele, sentando-se aos seus pés para ouvir seus ensinamentos. Policarpo foi um dos primeiros crentes em Jesus a entregar sua própria vida por causa de Cristo.
Quando o Bispo de Esmirna chegou aos oitenta e seis anos de idade, foi preso por causa da sua fé e instruído a renunciar o ensinamento dos Apóstolos. Caso contrário, seria queimado na fogueira. Entretanto, sabe o que Policarpo fez quando os guardas chegaram para prendê-lo? Cozinhar! Preparou um jantar bem gostoso pra eles e os alimentou. Enquanto jantavam, porém, Policarpo pediu-lhes que dessem uma hora para que pudesse orar ao Senhor Jesus! E seu último desejo, logo foi atendido.
Dizem-nos que aquela uma hora de oração foi dobrada! Quão graciosamente Policarpo orava, nos contam os historiadores. Nos dizem que ele orava com tanto fervor e graça que os guardas lamentavam por terem sido eles, os oficiais que o haviam capturado.
No caminho para o martírio, os guardas comovidos tentavam convence-lo:
— Policarpo, que mal há em dizer: “César é o Senhor e oferecer-lhe incenso e adoração?” Faça isso e você ficará livre!
Mas Policarpo se recusava renunciar a Cristo. Ele foi então levado para o julgamento! Um estádio cheio de gente sanguinária! Leões e fogueiras por toda parte e lá, o oficial lhe dizia:
— “Jure pela fortuna de César! Arrependa-se e diga: ‘Abaixo os ateus!’”.
Ateus eram todos aqueles que se recusavam a adorar o imperador. Policarpo acenou com a mão naquele estádio cheio de maldade e disse, indicando-lhes:
— “Abaixo os ateus”.
Mas ele falou isso porque considerava que os romanos eram os verdadeiros ateus! Então, o procônsul o pressionou mais uma vez:
— “negue a Cristo e eu o libertarei”.
Mas Policarpo respondeu:
— “Já fazem oitenta e seis anos que eu sirvo ao Senhor, e Ele nunca me faz mal. Como poderia, agora, blasfemar ao Rei que me salvou?”
E o procônsul gritava mais uma vez:
— Renuncie seu Cristo e Jure por César!
E Policarpo respondia:
— “Se você finge não saber quem e o que sou, ouça-me declarar com ousadia: eu sou cristão. E se você quiser saber mais sobre Jesus, ficarei feliz em marcar uma reunião com você!”.
Em seguida, o Procônsul ameaçou queimá-lo vivo. E Policarpo respondeu:
— “Você me ameaça com fogo que queima durante um momento e logo depois se apaga. Mas você ignora o fogo do julgamento futuro e do castigo eterno, que é reservado para os ímpios. Então, por que você se atrasa? Venha, e faça o que quiser.”
A história, então, nos diz que, segundo os observadores, à medida em que as chamas aumentavam, o fogo não consumia Policarpo como era esperado. O fogo formava um círculo ao redor dele, mas o seu corpo não queimava. Como o fogo não teve o efeito esperado sobre o corpo de Policarpo, um carrasco romano foi ordenado a esfaqueá-lo até a morte com uma espada. E o seu sangue extinguiu as chamas.
Essa era a segunda história que eu tinha a contar para vocês! Ambas representam bem o que Paulo quis dizer no versículo 3. C.T. Studd entregou todo o seu dinheiro e Policarpo de Esmirna entregou seu corpo às chamas.
Só de ouvir essas histórias nos sentimos ofegantes com o sacrifício deles. Pois, mal conseguimos imaginar dar a metade do nosso dinheiro — e alguns de nós lutam até mesmo para dar a décima parte! — Também estremecemos e nos apavoramos de medo ao pensar em uma morte dolorosa. Mas, saiba se uma coisa: até mesmo Charles T. Studd e Policarpo, por maiores que sejam seus sacrifícios, se eles não o fizessem por amor a Deus e por amor ao próximo, então, de nada valeria qualquer sacrifício! Pois não receberiam qualquer recompensa. Isso é o que Paulo está nos dizendo aqui:
“Se desse tudo que tenho aos pobres e até entregasse meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, de nada me adiantaria.” (1 Co 13.3, NVT)
CONCLUSÃO:
Você não pode medir o valor de suas palavras pela imponência e eloquência do seu discurso. Você também não pode medir a sua maturidade espiritual pela qualidade de seus dons. Você sequer pode medir o tamanho da sua recompensa pela profundidade do seu sacrifício.
As palavras que você fala, os dons que você tem, os sacrifícios que você faz — nenhum deles terá valor se não forem batizados no amor. Pois, o amor é imensamente maior que as palavras! E o amor é imensamente maior que os dons — é o fruto supremo! E o amor é imensamente maior que sacrifícios! Portanto, nada do que você diz, nada do que tem e nada do que você faz possui qualquer valor sem amor. Porque o amor é a verdadeira medida de todas as coisas.
Se eu ensino no depto. educacional ou prego sermões, ministro louvor ou visito os doentes, evangelizo os pobres e entrego cestas básicas e faço qualquer uma destas coisas sem amor, então, eu não sou nada.
Se eu trabalhar na minha empresa, criar os meus filhos, sustentar minha família e fizer tudo isso sem amor, então, eu não sou nada.
Se eu realizar tudo o que me propuser a fazer, realizar todos os meus sonhos, cumprir todas as minhas metas e objetivos na vida e não tiver amor, então, de que me vale tudo isso?
Então, meu caro, essa é pergunta que você deve responder: Como você tem medido a sua vida? Através do dinheiro? Através de status? Através de realizações?
Bem, o que acabamos de ver aqui é que a maneira correta, bíblica e evangélica de medir a sua vida é pelo amor. A maneira correta de medir tudo o que você diz, tudo o que você tem, tudo o que você faz é pelo amor.
Como está o seu amor hoje? Não espere chegar avançar os seus anos para perceber, de repente, que você está usando a medida errada.
Que Deus nos ajude a medir nossas vidas de acordo com o que realmente é importante e durará: a medida do amor.
Deus te abençoe!
Diego Jondo
© Diego Gonçalves
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